Capítulo I

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Um som insistente e irritante soa por todo quarto obrigando Maria Flor a desperta do sono que tanto custou a conseguir. A ansiedade tinha virado companhia na noite passada e trouxe a paranoia junto dela.

Os fantasmas do passado e a insegurança do futuro fizeram a garota perder grande parte da noite imaginando como seria seu primeiro dia de aula na nova escola. Apesar de seu pai e seu irmão terem tentado passar confiança para ela dizendo que mudanças de certo ponto sempre vinham para o bem, a garota não tinha se dado por convencida. Pensava que com o mar de azar que a acompanhava as coisas só poderiam ir de mal a pior.

Toda vez que ela pensava em ter que lidar com toda aquela gente nova e em ter que fazer novas amizades, o seu estomago embrulhava de tanta ansiedade.

Flor se dirigiu ao banheiro, onde escovou os dentes e banhou-se rapidamente. Saindo do box, a garota encarou o seu reflexo no espelho e pensou "Se sobrevivi até aqui, posso sobreviver a mais essa."

Depois de vestir o uniforme, ela arrumou o cabelo, deixando seus cachos soltos. Ela era uma garota bonita, apesar de não se dar conta disso. Com 1,70m de altura, a garota tinha um corpo bem desenhado, era negra, de cabelo preto cacheado, olhos castanhos escuros e um sorriso estonteante.

Dá uma última checada no espelho, pega sua mochila e caminha em direção a cozinha, onde todos estão sentados aguardando-a para tomar café.

— Bom dia! — Diz Miguel, pai de Flor
parecendo animado.
— Bom dia! — A garota responde sentando-se à mesa, tentando parecer tão animada quanto.
— Como se sente para o primeiro dia de aula na escola? — Mônica, sua madrasta perguntava entusiasmada.
— Ansiosa. — Suspira.
— Você não precisa se preocupar, eu e você vamos ficar na mesma sala, papai fez questão de nos botar juntos. — Gustavo, irmão de Flor diz tentando acalmá-la.

Flor em volta da mesa e ri sozinha. Se alguém lhe dissesse há um mês que ela iria estar sentada com uma nova família tomando café, ela riria e chamaria a pessoa de louca. Era difícil se acostumar com tudo aquilo até porque só tinha chegado naquela casa há duas semanas, só havia conhecido seu pai, seu irmão e sua madrasta há duas semanas, e apesar disso, Flor, Miguel, Guto e Mônica estavam fazendo o máximo para se aproximar e tentar manter uma boa relação.

— Vai nos levar hoje? — O menino perguntava se direcionando ao pai.
— Sim, mas precisamos ser rápidos, preciso estar no trabalho às oito horas.
— Ok. — Gustavo diz com a boca cheia de bolo enquanto bebia suco para conseguir digerir.

O resto do café foi agradável, Mônica e Miguel conversaram sobre alguma coisa em relação ao trabalho, os dois eram donos de uma clínica pediátrica, enquanto Gustavo explicava de forma cômica, enquanto se empanturrava com o banquete de café da manhã, tudo sobre a escola e sobre seus amigos para fazer com que Flor se acalmasse, já que a mesma mal conseguia disfarçar a tensão.

Chegando na escola, o coração da garota passou a bater mais rápido e suas mãos suavam frio. Gustavo continuava a fazer brincadeiras com a menor, mas já não estavam funcionando. Eles estavam na entrada e Flor encarava os portões enquanto outros alunos entravam tranquilamente.

Ela entrelaçou os dedos com força aparentando o nervosismo. Olhou para trás e viu que Miguel ainda não tinha saído com o carro esperando que ela entrasse. O seu estômago embrulhou e por segundo ela achou que fosse vomitar.

— Preciso mesmo começar hoje? — A garota solta com um tom desesperado.
— Ei! — Gustavo diz a empurrando levemente com o ombro. — Fica tranquila, ninguém vai te comer viva aqui. Eu juro!
— Bem que podiam, daí não teria que lidar com tudo isso, seria fabuloso!
— Maria Flor! — Gustavo chama a atenção de sua irmã rindo.

Doce Néctar - Romance Lésbico | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora