Doce Néctar - Romance Lésbico | COMPLETO

Capítulo XI

O vento era gelado e castigava na manhã fria. Grudada ao braço de seu irmão, Flor sentia seus lábios racharem mesmo protegidos pelo brilho labial. Apesar de ter se agasalhado devidamente, ainda parecia que estava desfilando de biquíni pelo pátio da escola. Na primeira oportunidade que teve se sentou em um dos bancos ainda grudada ao seu irmão descansando a cabeça sob seu ombro, para a litorânea acordar no frio impiedoso da capital havia sido difícil. 

Recebendo o carinho do maior que se divertia com sua irmã friorenta, ele observa Izabel se aproximar e sorrir bobo ao ver a situação da cacheada. De longe era a cena mais fofa que a garota podia ter visto naquela manhã, Flor tremia os lábios de tanto frio enquanto Guto tentava, sem sucesso, esquentar a garota. Izabel se aproxima de Flor, deposita um beijo macio sob seus lábios e observa a garota abrir os olhos e sorri levemente enquanto seus lábios insistiam em bater. 

Largando o braço de Guto, ela abraça a morena escondendo o rosto no seu pescoço recebendo os braços dela em seu corpo. A maior beija sua testa, apoia cabeça sob a da cacheada e ali ficam por alguns segundos no seu mundo de aconchego. Só aquele pequeno gesto podia fazer as duas perderem o fôlego e sentir todas aquelas sensações que só quem já foi apaixonado sabe. Um sentimento que sobe pelo estomago, invade o coração e toma conta da garganta lhe tirando o ar.

Guto encara as duas enciumado e balança a cabeça negativamente. 

 — É só arrumar uma namorada que abandona o irmão. — Reclama com todo seu drama e então para infelicidade de Bel a garota sai do abraço e cruza os braços sob o peito mordendo os lábios com força e volta a repousar a cabeça no ombro dos mais velho.
 — Deixa de ser ciumento, não estamos namorando. 
 — Ainda. —Bel completa esperando alguma reação de Flor que não veio já que estava concentrada demais tentando se aquecer.
— Me digam uma coisa, como não estão sentindo esse frio? Estou ficando maluca? 
— Fomos nascidos e criados aqui, Flor. Você que sempre morou à beira-mar não está acostumada. 
 — Pois quando crescer, Guto, vou voltar ao litoral e vocês vão ter que me acompanhar. Não tenho condição de morar nesse frio!
 — Isso porque acabamos de entrar no outono. — Izabel indaga. 
 — Imagina no inverno! — Guto debocha. 

Os dois riem da menor enquanto a mesma mostra a língua malcriada para ambos. Ela sabia que sua situação era cômica, mas não iria admitir. Por um momento sentiu saudade da areia quente da praia e do sol que sempre a acompanhava nos dias que tirava para tomar banho de mar. Falando em mar, que saudade ela sentia das ondas quebrando em seu corpo e levando com elas tudo de pesado e ruim. Afasta os pensamentos para não sentir mais frio e respira fundo desejando um grande edredom para aquecê-la. 

Depois que Amanda e Ângelo chegaram e se juntaram ao grupo, todos decidiram que era melhor irem logo para sala antes que Flor congelasse, ainda que o sinal fosse demora para tocar. Andando ao lado de Guto e de mãos dadas com Bel, ela caminha em direção a sua sala e observa de longe Camélia, a diretora da escola, caminhar em sua direção com um sorriso estridente. Deseja profundamente que ela só deseje um bom dia e que deixe Flor continuar seu caminho, pois tudo que ela queria era se sentar em seu lugar e abraçar Izabel para enfim expulsar os calafrios de seu corpo, mas parece que desejar isso só atraiu o oposto. A diretora se posiciona em frente ao grupo.

— Bom dia, meus queridos alunos. — Cumprimenta. 
— Bom dia, diretora Camélia. — Guto responde com seu estranho bom humor matinal.
— Será que poderia roubar Maria Flor por alguns minutinhos? — Me roubar? — Pergunta desanimada. 
— Prometo que não vou demorar.
— Ok. — Diz arrumando a postura com um sorriso amarelo assistindo o grupo continuar seu caminho, em especial Bel que não esqueceu de depositar um beijo na bochecha da cacheada antes de sair. 
— Me acompanha?