Capítulo XIX

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Uma semana desde que Alice e Flor tiveram a conversa e depois disso a loira sumiu. A garota tinha tentado machucar Flor com palavras sujas e falsas e depois disso ela desapareceu de sua vida como um passe de mágica. Não houve mais ligações, mensagens, cartas ou qualquer tentativa de aproximação.

Apesar da menor estar aliviada, no fundo ela sentia que algo estava errado. Ela tinha sensação de que Alice estava tramando alguma coisa já que ela nunca tinha sido o tipo de pessoa que deixava as coisas passarem. A prova era o dia na quadra quando as duas estavam jogando vôlei e a garota descontou sua raiva em Flor com a bola. A cacheada ainda podia sentir o choque da bola em seus braços quando lembrava da cena.

Tudo isso podia ser somente a ansiedade da menor falando mais alto e a fazendo se preocupar com que não devia, ainda assim a menina estava atenta e se preparando para tudo que pudesse estar chegando. Por enquanto Flor teria que lidar somente com sua cólica que tinha resolvido lhe visitar no pior dia possível.

Era sábado, o dia da semana que todos tiram para se divertir, sair de casa, fazer um passeio, no entanto a cacheada não conseguia se ver colocando um pé para fora da cama. O dia era de sol e estava quente, ótimo para uma piscina ou passeio no parque, mas nenhum desses apeteciam Flor suficientemente para a garota querer sair debaixo de suas cobertas no seu quarto gelado com ar-condicionado.

A menina estava sozinha em casa já que o resto de sua família tinha saído para aproveitar o dia ensolarado. Eles tinham resolvido ficar depois de ver o estado da mais nova, mas Flor insistiu muito para que fossem e não perdessem o passeio. Já fazia duas horas desde que eles tinham saído de casa e deixado Flor em seu quarto com uma bolsa quente de água, remédio caso a cólica piorasse e vários bilhetinhos para que ela melhorasse logo.

De vez em quando a menor se pegava estranhando a sensação de ser tão bem acolhida, de todo cuidado que sua família lhe dava, para ela era fora do comum. Ter crescido em uma casa onde ela sempre teve que se virar sozinha se precisasse de qualquer coisa, até mesmo quando estava doente e agora ter ao seu lado pessoas que se preocupam até mesmo com uma simples cólica era no mínimo novo para menor.

Rolando na cama ela geme de dor e xinga com todos os nomes possíveis seu útero que a castigava sem motivo algum. De todas as cólicas que a menor já teve em sua vida, aquela era de longe uma das piores. Se senta na cama e encara a região de sua barriga onde sentia dor.

― Não importa a quantidade de cólicas que você me der, eu NÃO vou botar um bebê aí dentro. ― Briga com seu útero como se fosse uma pessoa.

Flor escuta a risada de alguém dentro do quarto e se assusta pulando na cama para então perceber que Izabel estava parada na porta com uma sacola em mãos, rindo de sua conversa com seu colega. A morena se aproxima com um sorriso divertido e senta a frente de Flor que estava corada de vergonha.

― Pensei que gostasse de crianças, anjo. ― Provoca recebendo um sorriso tímido da cacheada.

Achando graça na situação, sem conseguir resistir a beleza da menor, Izabel deixa um beijo tênue sob seus lábios acariciando levemente seu rosto. Olha em volta visando os remédios e os bilhetes na sua cabeceira dando certeza ao que Gustavo, irmão de Flor, tinha lhe dito mais cedo antes de sair. Flor não estava nada bem.

― O que faz aqui? ― Pergunta curiosa.
― Não posso mais te visitar? ― Brinca ― Além do mais o seu irmão me contou que você estava mal.

Flor revira o olho e bufa.

― Aquele fofoqueiro, não era para te preocupar. Deixa só ele chegar para ver o que vai acontecer, eu...
― Não, senhora. Ele fez muito bem em me contar, imagina se eu ia deixar minha namorada sozinha nesse estado.

Doce Néctar - Romance Lésbico | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora