Doce Néctar - Romance Lésbico | COMPLETO

Capítulo XXI

Dedos finos e macios deslizavam sob a face de Izabel num toque tênue e delicado, sua cabeça estava repousada nas pernas de Flor que se encontrava sentada com as costas encostadas em uma árvore antiga que ficava no pátio de trás da escola. Izabel permanecia encarando a cacheada que mantinha seu olhar distante, como se estivesse muito longe dali.

Durante toda manhã a garota tinha permanecido daquele jeito, não tinha prestado atenção nos professores, nem mesmo havia tirado o material da mochila ou sequer saído da sala quando o sinal tocou anunciando o recreio. E do mesmo jeito estava Guto, ou até mesmo pior, estava completamente desnorteado e a cada cinco segundos olhava para trás para checar sua irmã. No início Izabel chegou a pensar que os irmãos tinham brigado, mas ao perguntar a menor somente respondeu que ambos estavam bem.

Na tentativa de aliviar qualquer que fosse a tensão ou mal estar que estava ali presente, ela conseguiu convencer Flor a bolar as últimas aulas para fazer absolutamente nada, somente aproveitar a companhia uma da outra. Ainda assim a mente Flor continuou perdida em algum lugar dentro de si.

A brisa quente balançava os poucos cachos rebeldes que insistiam em ficar sob a face de Flor que tinha prendido o cabelo num coque alto. Os raios de sol caíamiam sob ela fazendo sua pele brilhar e seus olhos castanhos escuros atingirem um tom quase caramelo. Izabel sente seu estômago encher de borboletas admirando a beleza da mais nova enquanto ela nem mesmo percebia que era observada.

Izabel retira a mão de Flor de sua face e entrelaça seus dedos chamando sua atenção. A menor a encara como se tivesse acabado de voltar de um transe e de fato estava.

― Eu acho que você está muito longe daqui. ― Izabel diz tentando arrancar um sorriso da menor.
― Mais perto do que parece. ― Responde se recordando do seu tormento mais uma vez.

Flor percebeu que a maior já tinha notado seu estranho comportamento e que não demoraria muito para começar a enchê-la de perguntas para saber o que estava acontecendo tentando a ajudar. Mas não importaria o que Flor dissesse ou o que Izabel tentasse fazer para aliviar a tensão da garota, nada conseguiria tirar o frio de sua espinha e o medo de seu corpo.

Há muito tempo a menor não se sentia daquele jeito, completamente aterrorizada com o rumo que em que sua vida estava tomando e com que estava prestes a acontecer. Apesar da garota evitar e tentar acreditar nas palavras de seu pai, ela sabia que mais cedo ou mais teria que enfrentar a alvoroço que sua mãe lhe causaria.

Ela encara os olhos de Izabel por alguns segundos na tentativa falha de tentar passar alguma tranquilidade pra ela, mas desvia assim que percebeu que não daria certo.

― Se estivesse acontecendo alguma coisa me contaria? ― Izabel pergunta se sentando a sua frente.

Maria Flor acena positivamente evitando contato com a maior, sua mão começou a arranhar a lateral de sua perna a machucando sem que ela percebesse. Izabel segura o queixo da menor e a faz encará-la.

― Contaria?

Respirando fundo ela crava as unhas em sua perna se castigando por ter que mentir para Izabel.

― Contaria. ― Responde engolindo o nó formado em sua garganta.

Antes que Izabel pudesse prosseguir o sinal tocou e Flor levantou rapidamente ajeitando sua mochila em suas costas esperando somente por Izabel fazer o mesmo antes de caminhar em direção ao portão da escola. Ao chegar encontrou com seu irmão e o resto do grupo e sem mais delongas passaram pelo portão.

Na frente caminhavam Flor e Guto que pareciam ter pressa para chegar em casa enquanto atrás Izabel, Amanda e Angelo tentavam descobrir o que se passava com os dois.