Capítulo IX

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O sinal estava prestes a tocar quando Flor avista sua morena atravessar o pátio em direção ao grupo. Vestindo um moletom, uma calça jeans escura e com olheiras no rosto, a maior não parecia ter tido uma boa noite de sono ou acordado de bom humor e por isso as expectativas da cacheada de receber um abraço caloroso foram destruídas com o cumprimento geral que Izabel deu a todos, ignorando a existência dela e seguindo para sala sem esperar os demais.

Todos no grupo pareciam ter conhecimento do que estava acontecendo e apenas seguiram atrás de Bel, diferente de Flor, cuja caminhou atrás dos outros sem entender nada. Com a testa franzida e batendo a mão constantemente na perna enquanto caminhava, ela se perguntava o que estava se passando com Bel e porque ela estava daquele jeito. Seu irmão vendo a agonia dela desacelera o passo e passa a acompanhá-la.

- Tudo bem? - Pergunta passando o braço pelos ombros da mais nova.
- Comigo sim, mas pelo visto não com a Izabel.
- Às vezes ela acorda assim, não precisa se preocupar, ela já volta ao normal.
- Como você sabe?

Guto suspira e dá de ombros.

- Não é a primeira vez.

O grupo entra na sala ainda sem professor e se sentam em seus lugares, Guto ao lado de Amanda, Flor ao lado de Izabel, e Ângelo ao lado do boy da vez.

Observando Bel, Flor não podia conter a ansiedade e a preocupação com a maior. Era visível no olhar dela que algo tinha acontecido e Flor sabia que aquilo não era normal. Mesmo a conhecendo a pouco tempo, a cacheada sabia que Izabel não estava assim só porque acordou do lado errado da cama, o seu sexto sentindo lhe alertava que algo estava errado.

A aula começou e o professou que entrou avisou a todos que a matéria que ele iria dar cairia na prova, pedindo a todos atenção, mas Bel não pareceu dar muita importância uma vez que vestiu o capuz e abaixou a cabeça deitando-a sob os braços. O professor começa a dar o conteúdo, porém Flor também não dá atenção ao que ele fala, a única coisa que ela faz é observar a maior com seu desanimo matinal incomum enquanto algo dentro de si lhe mandava fazer algo a respeito. Morde o lábio inferior e deita sua cabeça na mesa incerta se deveria fazer o que achava que devia, afinal, não queria incomodar. Talvez fosse só mau humor mesmo, mas ela não se daria por vencida até descobrir por que Izabel estava assim e poder ajudá-la.

- Bel. - Chama.

A maior abre os olhos lentamente e se depara com o rosto de Flor próximo ao seu.

- Tá tudo bem? - Prossegue.
- Sim. - Responde rude.
- Mesmo?

Bel encara os olhos de Flor e sente neles o mesmo olhar penetrante do sonho da noite passada. Desvia rapidamente.

- Não tem que se preocupar comigo.

Flor balança a cabeça negativamente.

- Não é verdade, eu só quero...
- Flor, me faz um favor e não enche meu saco. - Pede irritada virando a cabeça para evitar a menor.

Flor levanta sua cabeça e morde o interior do seu lábio. Izabel nunca tinha agido daquela forma com ela e qualquer que fosse o problema Flor sabia que era mais grave do que ela pensava. Ela não queria ter irritado a maior e definitivamente se culpava pela piora de seu humor e consequentemente pela piora da situação.

A aula acaba e o próximo professor entra na sala exigindo o trabalho pedido na aula passada. Era um trabalho extenso e trabalhoso, Flor tinha passado algumas horas o fazendo e estava orgulhosa do resultado. Pega as folhas na pasta dentro da mochila e entrega ao aluno encarregado de recolher os trabalhos. Nota que Izabel não entrega nada e assume que a meninas entregará mais tarde.

Uma vez na mesa do professor ele confere todos que entregaram e pergunta um por um dos que não fizeram o motivo, uma vez que o trabalho valia três décimos da nota do bimestre, recebendo por sua vez uma resposta pior que outra. Até a velha tática do "o cachorro comeu" alguns tentaram usar.

Doce Néctar - Romance Lésbico | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora