Capítulo XXV

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Música clássica e perfume caro eram o que rodeavam Flor naquele momento. Vestida num vestido de gala ao lado de sua mãe que sorria e conversava simpaticamente com um homem bem trajado com um terno que parecia mais caro do que os lustres do salão, Flor forçava um leve sorriso simpático e se mantinha calada, como sua mãe havia ordenado assim que chegaram ao baile.

Era uma festa que ocorria todo ano qual a empresa de Aline dava aos maiores empreendedores e ela nunca tinha feito questão de levar Flor com ela, mas graças ao questionamentos dos seus chefes sobre onde a garota se encontrava e porque ela não estudava mais na mesma escola que seus filhos, a mulher se viu obrigada a levar a garota para dar "verdade" as desculpas esfarrapadas e as mentiras que vinha contando nos últimos meses para se safar.

Quando a cacheada escutou o convite, que mais parecia uma convocação obrigatória, ela nem mesmo pensou em negar, queria evitar qualquer estresse ou discussão com sua mãe e agora lá estava ela, num salão grande chique cercada de gente que ela nem mesmo conhecia, o pior era pensar que ela preferia passar por aquela experiência todos os dias do que ter que lidar com os alunos das sua escola.

— É muito bom saber que você está de volta da casa do seu pai Maria Flor, sou testemunha do quanto sua mãe sentiu saudades. — O homem diz se despedindo.

" — Ou do quão boa atriz ela pode ser. " — Flor pensa enquanto abre um sorriso maior para o cara à sua frente concordando com a cabeça.

Assim que ele se virou, sua mãe se sentou na mesa voltando com sua cotidiana cara de mau humor e Flor se sentou ao lado dela pegando sua taça de água e bebendo dela. Sua mãe assistiu seus movimentos como se esperasse que a garota fosse fazer alguma coisa a qualquer momento.

— Sabe Maria Flor, eu acho que foi até melhor você ter passado esse tempo na casa do seu pai. Voltou bem mais domesticada. — Ela diz com seu clássico tom ácido.

A cacheada sentiu raiva e mágoa subir pelo seu corpo e chegar a sua cabeça fazendo-a latejar. Seus dedos seguraram firme a taça de vidro até suas pontas ficarem brancas e ela respirou fundo para não responder sua mãe ali mesmo, mas ela sabia que já estava chegando ao seu limite e uma discussão não iria ajudá-la.

— Aline, Maria! Há quanto tempo eu não vejo vocês! — Uma voz feminina conhecida disse atrás das duas.

Rapidamente a mãe de Flor colocou um sorriso em seu rosto e se levantou junto da Filha que encarou Alice, ao lado de seus pais, Lucas e Giselle.

— Há muito tempo mesmo, desde que vocês se mudaram. Não estava esperando vocês por aqui.

Os três se aproximaram e cumprimentaram Flor e sua mãe. Por alguns segundos a garota esqueceu de sorrir, seu rosto ficou pálido e sua expressão tinha surpresa deixando todos à sua volta preocupados, menos a sua mãe que a cutucou levemente.

— Você está bem, querida? — Giselle pergunta preocupada trazendo a garota de volta à realidade.

Nem ela, nem seu marido pareciam ter escutado as fofocas sobre o caso de Flor com Alice e se escutaram, não deram ouvidos ou não quiseram acreditar. De qualquer forma o casal sempre foi muito atencioso com a garota e sempre a trataram com muito carinho, uma vez que eles a conheciam desde criança.

— Sim, só estou um pouco cansada. — Responde voltando a colocar sua máscara, com um sorriso leve e sempre concordando.

— Eu imagino, com tantas mudanças você deve estar exausta. Sentimos sua falta em casa, confesso que estávamos esperando uma visita sua enquanto você estava passando uma temporada na casa do pai.

— Ah sabe como esses adolescentes são, né Giselle? Se soltam no mundo e esquecem da gente. — Aline diz com um sorriso de orelha a orelha, este que Flor nunca havia visto mais falso.

Doce Néctar - Romance Lésbico | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora