Destruído e perdido

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Josh P O.V

"Eu me sentia destruído. Ainda me sinto assim, mas é menos intenso do que antes. Sendo honesto, a ficha ainda não caiu. Hoje eu reencontrei Noah (e ironicamente, estou escrevendo no diário que me foi dado por ele), reencontrar ele foi um grande passo. Hoje eu olhei nos olhos do passado e pude sentir que eu não era o único a estar perdido. Isso talvez seja um pouco reconfortante. Mas, eu não esperava encontrar Noah assim, tão perdido. Ele parecia como eu, destruído e perdido.  Na verdade, atualmente não estou tão destruído e perdido como antes, eu superei grande parte do que aconteceu, e eu estou orgulhoso por isso. Mas, reencontrar ele trouxe muitos demônios do meu passado de volta. Mas mesmo assim, estou orgulhoso por eu não ter sucumbido perante o meu passado. Acho que orgulho é a palavra do dia. Mesmo que eu esteja destruído, cansado e prestes a desmoronar, eu estou orgulhoso (e eu espero me agarrar a esse sentimento bom).
-Com amor, o seu Josh.

(OBS: Eu esqueci do 'Meu querido diário', minha mente está muito cheia, e eu esqueci de colocar. Então, considere que o meu querido diário está no início da página)."

Eu preciso beber água. Escrever me esgota, e escrever sobre algo tão pessoal me consome. Eu preciso beber água.

Eu abri a porta do quarto dando de cara com um corredor branco, mas que carregava um ar frio. Esse corredor sempre me deu arrepios. Uma onda de nostalgia tomou conta do meu corpo ao lembrar das vezes em que eu dormia na casa de Noah, e desde a primeira vez que eu dormi nessa casa, eu sempre me senti estranho nesse corredor. Com passos delicados e leves, fui me distanciando do meu quarto, cada vez mais próximo da luxuosa escada da casa. Em poucos segundos eu já estava na cozinha. A cozinha mesmo que não seja um cômodo muito frequentado (além dos funcionários), tem um ar luxuoso e moderno ao mesmo tempo. A cozinha sempre foi um dos meus cômodos favoritos dessa casa, ela me traz um tipo de paz.

Lentamente, me aproximei da geladeira e logo enchi o meu copo com a água presente em uma das jarras de vidro que possuía na geladeira. Enquanto bebia a água, senti que não estava mais sozinho. Eu arrepiei pensando em quem poderia ser. E como o destino ama me pregar peças, realmente era ele, Noah.

Ele vestia uma calça de moletom cinza, uma blusa de frio preta e uma pantufa de zebra. Seus cabelos estavam bagunçados e sua cara amassada entregava que havia acabado de acordar. Ele estava incrivelmente fofo. Ele se aproximava lentamente, até notar a minha presença. Ele parou e começou a me encarar, seus olhos transmitiam medo. Por um ato impulsivo, eu comecei a falar:

-Olá. Uau. Você está muito diferente desde a última vez que eu te vi, num sentido bom, eu acho.  - um sorrisinho simpático e amigável escapara de meus lábios.

Ele suspirou. Um suspiro de alívio.

-É, você também está diferente. Não um diferente brusco, mas ainda diferente. Você não está...

Ele não precisava terminar aquela frase para eu saber do que aquilo se tratava, então, o interrompi:

-Não. Por muito tempo eu senti ódio por você, mas hoje não. Não mais. Eu realmente não sei porque você fez aquilo, mas você me destruiu de todos os jeitos possíveis - parecia como se um soco no estômago tivesse o acertado - quebrou minha confiança, o nosso laço, destruiu tudo. Mas eu não te odeio mais. Agora eu estou aqui, e eu só quero voltar ao normal, mesmo que não exista mais um normal. A-acho que eu não estou preparado pra isso ainda. 

Eu saí o mais rápido que pude da cozinha.

Eu já estava deitado em minha cama, e eu ainda não consegui dormir. Tudo voltava pra minha mente e tudo me tirava o sono. Eu estava distraído pensando nas mudanças bruscas da minha vida quando ouvi o som da porta abrir. Junto com o som da porta, o som de um choro angustiante tomava conta do quarto e era impossível não reconhecer que era Noah. Ele estava tremendo e parecia que estava a ponto de explodir.

-Me-Me desculpa Josh, e-eu te p-eço desculpas, por favor me p-perdoe, eu não a-aguento mais sentir i-isso dentro do meu peito, eu pre-preciso do seu perdão - a cada palavra, ele se aproximava da cama.

Eu não sabia o que fazer. Então, como se eu lembrasse do velhos tempos, o puxei e o deitei ao meu lado, o abracei e o deixei ali, chorando compulsivamente. Eu repetia palavras de conforto em seu ouvido, em uma tentativa de o fazer parar de chorar.

"Tá tudo bem Noah, tá tudo bem. Tudo vai ficar bem."

O amor da porta ao ladoOnde histórias criam vida. Descubra agora