Chapter XVIII

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Contém: Cemitério, menções de morte, sintomas de depressão.
Palavras: 1k

O dia frio e chuvoso de Londres, expressava bem o sentimento de quem estava presente naquele cemitério. Dor, tristeza, revolta, luto, pela perda de uma pessoa querida.
Mas ninguém, ninguém mesmo, estava sofrendo mais do que Elleanor, que no momento abraçava a amiga Tanya, enquanto o padre dizia suas últimas palavras, antes do corpo ser enterrado.
Elle foi convidada a jogar o primeiro punhado de terra, sobre o caixão do pai e assim ela fez, com o rosto enxarcado de lágrimas e o coração quebrado, ela jogou o punhado de terra, se despedindo para sempre.
-Vai com Deus, pai! Eu te amo! - disse ela entre soluços.
Tanya jogou a rosa que tinha em mãos, seguida por todos que lá estavam, encerrando assim a cerimônia.

•••

Mesmo depois da cerimônia ter acabado e, praticamente todo mundo ter ido embora, Elle continuava ajoelhada em frente ao túmulo, com
o rosto e olhos inchados, cansados de tanto chorar.
Quando um trovão foi ouvido no céu, seguido por finos pingos de chuva, Tanya sabia que era hora de tirar a amiga de lá.
-Elle? Você está pronta pra ir? - disse ela, se aproximando da amiga.
-Hum? Ah, sim... - disse a loira, enxugando o rosto com as mãos.
Ela então passou as mãos uma última vez pela lápide do pai, antes de levantar e seguir a amiga.
Quando elas se aproximaram do carro de Tanya, que estava estacionado ali perto e iam entrar para finalmente ir embora, Elle ouviu seu nome ser chamado de longe. Ao se virar, viu Tom, acompanhado de seus irmãos e Harrison, todos vestindo ternos pretos.
-Elle, podemos conversar? - disse ele ao se aproximar delas.
-O que você está fazendo aqui? Já não causou estrago o suficiente? - disse Tanya, se colocando na frente dela.
-Eu não falei com você, quero falar com a Elle. - repetiu Tom.
-Uma pena, já que eu estou a levando pra casa. - disse Tanya, com o tom de voz firme.
-O que? Não, você não pode fazer isso, ela tem que vir comigo. - dizia Tom, mas novamente Tanya o cortou.
-Eu não dou a mínima pro que você pensa, olha o estado que ela está. Eu vou levar ela pra minha casa. - disse Tanya o encarando.
-Não, se eu não deixar. - disse Tom cerrando os dentes.
-Já chega! - gritou Elle, ficando no meio dos dois.
-Elle, precisamos conversar. - disse Tom, mas a loira balançou a cabeça.
-Não temos nada pra conversar, Tom. Meu pai está morto, qualquer que fosse o acordo entre vocês, ele acaba aqui. Eu vou embora com Tanya e eu peço, por favor, que me deixe ir. Não venha e nem mande ninguém atrás de mim, ou não vou exitar em chamar a polícia. Eu não quero mais nenhuma parte na sua vida. Acabou. Eu estou indo pra casa. - disse Elle com um nó na garganta.
Ela então deu as costas para o garoto, que contunuou a chamá-la e entrou no carro, seguida por Tanya, que as levou para sua casa.

•••

Depois de um longo banho e muitas, muitas lágrimas derramadas, Elle agora se encontrava sentada no sofá da sala de Tanya, enrrolada em um cobertor e com uma xícara de chá quentinho em mãos. A amiga e dona da casa, que havia saído, chegou algum tempo depois, com uma mala de roupas em mãos.
-Oi, como você tá? - disse ela ao fechar a porta.
-Melhor... obrigada! - respondeu Elle, mesmo sabendo que mentia. Seu coração parecia estar em mil pedaços e ela sentia que a qualquer momento, sua cabeça iria explodir, de tantas lágrimas que já havia derramado.
-Eu dei comida pro Jinx, limpei a caixa de areia dele e aproveitei pra pegar umas roupas pra você. - disse Tanya, sentando ao lado da amiga.
-Obrigada Tan, eu só preciso de alguns dias, antes de voltar pra casa. - falou Elle, deixando a xícara de chá de lado.
-Tudo bem, você sabe que pode ficar aqui o tempo que precisar. - disse Tanya, com um sorriso acolhedor.
-Eu sei... obrigada! - respondeu Elle, com o que parecia ser uma tentativa de um sorriso.
-Não precisa agradecer! Okay, eu vou levar essas coisas pro quarto e fazer alguma coisa pra gente comer, eu já volto. - disse Tanya levantando e arrastando a mala.
Assim que ficou sozinha, pela primeira vez, Elle pensou em Tom. Com tudo o que havia acontecido no dia anterior e a morte de seu pai, a garota mal teve tempo para pensar nele. Pensar que tudo havia acabado, que ela não o veria mais, não sentiria seu toque, seu amor, seus beijos. O que ela viveu com Tom havia sido
um sonho, do qual ela com certeza, não estava pronta pra acordar.
Elle só percebeu que estava chorando quando Tanya voltou e encontrou a amiga soluçando.
-O que você acha de... Elle? Oh amiga, vem cá. - disse Tanya a abraçando.
Depois de alguns segundos de silêncio, Elle olhou para a amiga, com os olhos vermelhos e inchados, e um olhar que já dizia tudo. -Não é pelo seu pai que está chorando, né? - disse Tanya, vendo a amiga negar com a cabeça.
-Eu sei o quão errado isso é e que eu deveria odiá-lo mas... eu o amo, eu amo o Tom. - disse a loira em prantos.
-Ai amiga, eu sinto muito, vai ficar tudo bem. - disse Tanya a abraçando.
-Deus, eu sou tão egoísta Tan, ele praticamente matou meu pai. - disse Elle, tentando secar o rosto.
-Não fala assim, Elle! Não é assim que funciona, não controlamos nossos sentimentos. - disse Tanya.
-Eu queria que sim! - respondeu Elle.
-Eu também, Elle! Eu também! - disse Tanya, voltando a abraçar a amiga.

Elle gostaria muito de dizer que, a cada dia que passava, a dor ficava mais fraca, mas ela estaria mentindo. Na verdade, a dor até foi embora, deixando espaço para a saudade. Saudade dos pequenos atos, como um abraço apertado, depois de um dia cheio. Saudade do chá quentinho, que pai e filha tomavam toda noite. E saudade do aconchego que só as palavras de um pai tem.
Mas, mesmo assim, ela continuou. Todo dia ela levantava da cama e passava o dia tentando ser o mais forte possível e fazendo de tudo para deixar o pai, não importando onde quer que ele esteja, orgulhoso da filha que ele criou.


FIM
Fase I

suspicious | tom hollandOnde histórias criam vida. Descubra agora