Chapter I

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Contém: Consumo de cigarro, palavrões.
Palavras: 1.6k

Três anos depois

Elle já estava sentada na bancada da cozinha, com café e ovos mexidos prontos, quando Tanya saiu do seu quarto, esfregando os olhos.
-Bom dia! - disse Elle sorrindo.
-Eu não sei como consegue. - disse Tanya sentando ao lado da amiga.
-O que? - perguntou Elle confusa.
-Acordar de bom humor. - respondeu Tan, arrancando um sorriso de Elle.
-Ah, por favor. Você que é muito mal humorada. - disse Elle vendo Tanya lhe mostrar a língua. -Eu tenho que ir. Te vejo mais tarde? - perguntou Elle levando seu prato e xícara até a pia.
-Acho que sim, Danry vai sair com os amigos hoje, então provavelmente vou ficar em casa. - respondeu a loira.
-Tá bom, te amo, até mais! - disse Elle pegando sua bolsa e indo até a porta.
-Tchau, te amo, se cuida! - gritou Tan com a boca cheia.
Elle então desceu as escadas do prédio onde ela e Tanya viviam e, como todas as manhãs, colocou seus fones de ouvido e caminhou até a cafeteria onde trabalhava, que ficava há apenas duas quadras dali.
Ao chegar, cumprimentou Leyla, a dona do local, assim como Jen e Luke, seus colegas de trabalho. Depois de guardar sua mochila no armário, tirou o casaco, vestiu o avental e foi até o balcão, com um sorriso no rosto, atender as primeiras pessoas que chegavam no estabelecimento.

•••

-Um croissant de chocolate e um capuccino grande para a Sra. Danvers, aqui está! - disse Elle entregando as guloseimas para uma das clientes que mais frequentava a loja.
-Muito obrigada, Elle! Ah, antes que eu esqueça, preciso te contar que meu neto deu os primeiros passos. - disse a mulher com os olhos brilhando.
Esse era um dos motivos pelos quais Elle adorava trabalhar no pequeno café, todos se conheciam e se sentiam íntimos a ponto de compartilhar suas histórias.
-Que bom, fico muito feliz Sra. Danvers. Diga a Anne que mandei um beijo. - respondeu Elle sorrindo.
-Pode deixar. Apareça lá em casa um dia desses, até mais! - disse a senhora antes de pagar.
-Pode deixar, obrigada, até! - falou Elle. -Próximo! - chamou ela sem olhar, enquanto guardava o dinheiro no caixa.
-Elle? - disse uma voz masculina.
-Sim? - respondeu ela, quase derrubando o dinheiro ao perceber quem era ali na sua frente. -O que... o que tá fazendo aqui? - disse surpresa.
-É... a gente... pode conversar? - disse Tom, que estava completamente diferente. Os cachos, agora muito mais longos, assim como sua barba, que pegava grande parte de seu rosto. As olheiras entregavam as noites não dormidas, além de um leve cheiro de álcool.
-Não! - Elle respondeu firme, saindo do caixa e indo até a máquina de café, para continuar o seu serviço.
-Elle, por favor... - insistiu o garoto, a seguindo.
-Não, nós não temos o que conversar. Eu nem sei o que você está fazendo aqui, Tom! - disse Elle aumentando o tom de voz, chamando a atenção de Leyla. -Desculpa! - disse ela para a mulher, antes de virar furiosa.
-Me dá cinco minutos e eu te explico, só... por favor, fala comigo! - disse Tom, praticamente suplicando.
Elle suspirou e, depois de uma luta interna consigo mesma, respondeu.
-Meu turno acaba daqui dez minutos, se quiser mesmo conversar, me espera lá fora e vamos até a minha casa, eu não quero discutir aqui dentro. - disse Elle, limpando uma das bancadas.
-Obrigada, te espero lá fora. - disse o moreno com um pequeno sorriso.
Enquanto ele virava as costas e saía da loja, tudo que Elle pensava era o que Tom poderia querer com ela depois de todos esses anos?

•••

Quando o horário de Elle terminou, ela foi até o seu armário, tirou o avental, pegou sua mochila, se despediu dos colegas e finalmente saiu do café, encontrando Tom escorrado em uma parede, com um cigarro entre os lábios.
-Voltou a fumar? - disse Elle o assustando.
-Oh, desculpa! - disse ele o jogando no chão e pisando em cima.
-Vamos, eu morro á duas quadras daqui. Não que eu deveria estar te falando isso. - falou Elle pensando melhor.
Depois de caminharem, em silêncio, até o prédio onde as garotas moravam, Elle subiu as escadas, antes de colocar a chave na porta e abrí-la.
-Entra! - disse Elle para Tom, que ainda esperava na porta.
A loira largou sua mochila no sofá e tirou o par de tênis que usava, então foi até a cozinha, onde colocou uma chaleira de água esquentar.
-Então, você mora... sozinha? - disse Tom, não contendo a curiosidade.
-Não, eu e Tanya dividimos esse apê, é pequeno, mas dá muito bem pra nós duas. - respondeu a loira.
-Legal! E sua antiga casa? - insistiu o garoto, querendo saber mais sobre a vida de Elle.
-Eu vendi. Depois que... depois de tudo que aconteceu, não consegui mais ficar sozinha lá dentro. - disse Elle sentindo um nó na garganta, ao lembrar do pai.
-Elle, eu sinto muito... - Tom começou, mas foi interrompido.
-Quer beber alguma coisa? Já aviso que não temos álcool. - disse a garota o cortando.
-Oh, é... só um chá, obrigada! - falou Tom vendo Elle assentir.
Enquanto pegava mais uma xícara no armário em cima da pia, Elle viu que Tom ainda estava no meio da sala, se contorcendo, tentando evitar ao máximo o contato com Jinx, seu gato, que ronronava em seus pés.
-Você pode entrar, Tom! É só um gato, ele não vai te matar. - disse Elle rolando os olhos.
-Eu sei... - disse o garoto desviando do animal e indo até a cozinha.
Depois de colocar os sachês e a água quente nas xícaras, Elle se juntou á Tom, que já havia sentado.
-Sobre o que queria falar? - disse ela indo direto ao ponto.
-Você não mudou nada! - falou Tom dando um leve sorriso, enquanto a loira rolava os olhos.
-Tom, por favor, só... Você não me procurou por três anos, nem mandou ninguém atrás de mim e eu sou muito grata por isso, pois eu mesma pedi. Então não, eu não acredito que tenha vindo até aqui pra ver como eu estou ou fazer perguntas sobre a minha vida. Agora fala ou pode ir embora. - disse Elle sentindo o sangue ferver.
-Elle, eu sinto muito, eu... - disse Tom com as mãos na cabeça. -Olha, eu sei que você pediu pra não me meter mais na sua vida e... eu fiz isso, eu realmente fiz, é só que... Jason saiu da cadeia há menos de uma semana e nesse mesmo período, eu comecei a receber ameaças. Eu não sei se é mesmo ele ou se foi coincidência, eu só... eu só queria ter certeza de que está tudo bem. - disse Tom vendo a expressão de Elle mudar totalmente.
-Merda! - disse Elle ligando os pontos.
-O que foi? Aconteceu alguma coisa? - perguntou Tom.
Ainda sem responder, Elle foi até o armário, de onde tirou uma pequena lata metálica.
-Eu tenho encontrado isso embaixo da porta, fazem algumas semanas. - disse ela abrindo a lata e espalhando os papéis na bancada.
-O que é isso? - disse Tom ainda as analisando.
-Bom, claramente são ameaças. - disse a loira.
-O que? Elle, porque não me contou que estava recebendo isso? - disse Tom sentindo o sangue ferver.
-Primeiro, porque eu achei que não fosse nada sério, que fossem as crianças aqui no prédio, apenas fazendo algum tipo de brincadeira. Segundo, eu não tenho, ou tinha, mais nenhum contato com você. - explicou a garota enquanto Tom não tirava os olhos dos papéis, que tinham todo tipo de ameaça escritos neles.
-Eu tenho certeza que é aquele filho da puta que tá fazendo isso. - disse Tom, olhando para Elle, que continuava sem reação.
-O que você vai fazer? - disse ela depois de alguns minutos de silêncio.
-Nós vamos fugir, arruma uma mala, temos que sair daqui. - disse Tom.
-O que? Tá falando sério? Não! Eu... Tom, eu não posso. - respondeu Elle.
-Elle, me escuta, seja quem for que esteja fazendo isso, já sabe onde você mora. Não pode continuar aqui, é muito perigoso. - disse Tom.
-Mas eu não posso sair assim, Tom... e o meu trabalho? - disse Elle.
-Eu dou um jeito! - exclamou Tom.
-E Tanya? Você mesmo disse que não é seguro aqui. - falou Elle.
-Eu vou mandar meus homens ficarem 24h na frente desse prédio. Nada vai acontecer com Tanya, não se preocupe. Eu odeio dizer isso mas, quem quer que seja, eles querem a gente. - disse Tom.
-Deus, isso é loucura! - disse Elle com as mãos na cabeça.
-Eu sei, Elle! Eu sei, mas você precisa confiar em mim, por favor. - implorou Tom pegando as mãos da loira. -Não procurar você esses últimos anos foi uma da coisas mais difíceis que já fiz, mas eu mantive a promessa, porque você pediu, Elle. Eu me afastei e não te procurei, mas agora você precisa confiar em mim, eu não estaria aqui se não fosse algo sério. - disse Tom se aproximando cada vez mais da loira, que depois de alguns segundos olhando nos olhos castanhos do garoto, assentiu.
-Ok! - disse Elle saindo do transe.
-Ótimo, agora vai fazer uma mala enquanto eu falo com Harrison, tudo bem? - disse Tom e Elle assentiu, soltando as mãos do garoto e indo até seu quarto.
Enquanto Elle colocava algumas roupas na sua mala de mão, Tom ligou para Harrison e o deixou a par de tudo que aconteceu e iria acontecer.
Quando Elle saiu do quarto, Tom já havia encerrado a ligação e olhava na janela.
-Estou pronta! - disse Elle, chamando sua atenção.
-Ótimo, já tem um carro esperando a gente lá embaixo. - disse Tom se aproximando e pegando sua mala.
-Espera... o que vou falar pra Tanya? Eu preciso ligar pra ela! - disse Elle.
Elle então discou o número da amiga, esperando tocar três vezes, antes dela atender.
-Elle? Desculpa, eu fiquei presa aqui no trabalho, mas daqui a pouco eu tô saindo. - disse a garota do outro lado da linha.
-Oi Tan, tá tudo bem. Na verdade, eu preciso te falar uma coisa...

suspicious | tom hollandOnde histórias criam vida. Descubra agora