Chapter II

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Contém: Palavrões
Palavras: 1.7k

Quando o fim de semana finalmente chegou, Rose corria pela casa com uma pequena mochila, arrumando suas coisas. Desde o dia em que Elle havia lhe contado que eles iriam passear, a pequena não conseguia mais conter a animação.
-Vocês estão prontas? - gritou Daniel ao entrar.
-Oi, quase! Rose, a mamãe precisa arrumar seu cabelo, amor! - disse Elle saindo do banheiro com uma escova de cabelo.
Essa era a parte da rotina que Rose mais detestava, arrumar o cabelo. Seus fios loiros se embaraçavam em grandes cachos, que faziam Elle lembrar os de Tom toda vez que os penteava. Balançando a cabeça, Elle afastou os pensamentos e se concentrou em terminar de arrumar o cabelo da filha. Quando ficou tudo pronto, eles entraram no carro de Daniel e pegaram a estrada.
O caminho foi recheado de conversa entre Daniel e Elle e de música para Rose, que escolheu a trilha sonora de Enrolados, é claro. Quando eles estavam saindo da cidade, Daniel estacionou o carro perto de um restaurante, deixando Elle confusa.
-O que está fazendo? - perguntou a loira.
-Olha só, eu tenho que dar uma parada rápida aqui mas não se preocupe, eu já volto. - respondeu ele.
-O que? Porque? O que vai fazer? - insistiu Elle.
-É uma reunião de trabalho, Elle! Eu já disse que volto logo. - disse Daniel fazendo Elle rolar os olhos.
-Sério Daniel? Esse é o motivo de ter nos trazido aqui? - disse a loira incrédula.
-O que? Elle, não! Eu... eu só aproveitei que já estávamos no caminho. - respondeu ele.
-Ah, tá bom! É claro que esse é o motivo, você nunca nos levou a lugar algum. Quer saber? Eu é que deveria ter desconfiado dessa sua boa vontade repentina. - disse Elle cruzando os braços.
-Olha só Elleanor, eu não tenho tempo pra discutir agora, falamos sobre isso depois. - disse Daniel abrindo a porta do carro e saindo.
-Burra, burra! - sussurrou Elle batendo a palma da mão na própria testa.
-Mamãe, tá tudo bem? - perguntou Rose.
-O que? Oh, sim! Está tudo bem filha, não se preocupe! - respondeu Elle se virando para o banco de trás, onde a filha sentava.
-Nós vamos continuar? - questionou a pequena.
-Sim, nós vamos! Dan só foi resolver um problema e, assim que ele voltar, a gente continua nosso passeio, tudo bem? - disse Elle para a filha que assentiu, voltando sua atenção às músicas.
Mais de vinte minutos haviam se passado e Elle já não sabia mais como entreter Rose. Afinal, deixar uma criança de quatro anos trancada dentro de um carro sem distrações, não é o que podemos chamar de uma boa ideia.
-Mamãe, quanto tempo vai levar? Eu estou com fome! - disse a pequena.
-Eu não sei, Rose! Mas temos que esperar. A mamãe tem um iogurte na bolsa, o que acha? - pediu Elle tentando acalmar a filha.
-Não! Eu quero sorvete! - resmungou Rose, batendo os pés.
-Ro, por favor! Onde vou conseguir sorvete pra você agora? - disse a loira perdendo a paciência.
-Lá! Eu quero aquele sorvete! - respondeu Rose, apontando com seu pequeno dedinho, para um caminhão de sorvete estacionado ali perto.
Como Rose já havia avistado o caminhão, Elle não sabia, mas decidiu aceitar a proposta da filha, já sabendo que ela não desistiria assim tão fácil.
-Tudo bem, mas apenas uma bola, fechado? - pediu Elle vendo a filha assentir.
Depois de tirar Rose do carro, as duas foram até o caminhão de sorvete, onde Elle fez o pedido e esperava o atendente prepara-lo. Ela só percebeu a ausência da filha ao se abaixar para entregar o sorvete á ela.

•••

Daniel e Tom discutiam os últimos detalhes da reunião, já do lado de fora do restaurante, quando Daniel ouviu seu nome ser chamado. Olhando pra baixo, viu a imagem de Rose lhe chamando com as mãos para o alto.
-Rose? O que... o que você tá fazendo aqui? Cadê sua mãe? - pediu Daniel a pegando no colo.
-Comprando sorvete! - respondeu a pequena.
-Eu... não sabia que tinha uma filha. - disse Tom coçando a garganta.
-Oh, Rose? Não, ela não é minha! É da minha namorada, que deve estar em algum lugar... ah, aí vem ela! - explicou Daniel vendo Elle do outro lado da rua.
Tom ficou sem palavras, ele não conseguia acreditar no que estava vendo. Será mesmo que era real? Ou era apenas um truque da sua mente?
-Ela... ela é sua namorada? - pediu ele confuso.
-Sim! Elleanor, aqui! - gritou ele chamando a atenção da loira.
Tudo que passava na cabeça de Tom no momento era: Não, não, não! Não pode ser!
-Ai meu Deus, Rose! Você assustou a mamãe, nunca mais faça isso, ok? - disse Elle pegando Rose no colo.
-Babe, o que estavam fazendo? Achei que tivesse mandado me esperarem no carro. - disse Daniel dando um selinho na loira.
-E nós esperamos, mas Rose ficou com fome e quando viu o caminhão de sorvete, quis um. - falou Elle, ainda sem notar a presença de outra pessoa na conversa.
-Bom, já que está aqui, quero te apresentar uma pessoa. Tom, essa é Elleanor, o amor da minha vida. Elle, esse é Tom, meu famoso chefe. - Daniel os apresentou, sem saber que na verdade, eles já se conheciam muito bem.
Assim que Elle desviou a atenção da filha, ela foi recebida com o par de olhos castanhos dos quais, mesmo depois de todos esses anos, ela nunca havia esquecido. Seu olhar, assim como o dela, era de completo choque e demorou alguns segundos para um deles falarem alguma coisa.
-É... é un prazer conhecê-la! - disse Tom coçando a garganta.
Já Elle, tentava de todo jeito fazer seu cérebro funcionar e falar alguma coisa, mas seus pensamentos estavam tão confusos que ela, praticamente, esqueceu como fazer isso. Então Tom era o chefe de Daniel todo esse tempo? Que tipo de trabalho Daniel fazia, exatamente? Isso quer dizer que, mesmo sem saber, ela e Rose estavam em perigo?
-Bom, eu... tenho que voltar! Foi mesmo um prazer conhecê-las! Daniel, te espero amanhã. - disse Tom antes de entrar no restaurante.
-Elle, tá tudo bem, você não disse uma palavra, parece que viu um fantasma. - disse Daniel assim que eles ficaram a sós.
-Eu... não estou me sentindo muito bem. Vamos voltar pra casa! - disse a loira indo em direção ao carro.
-O que? E o passeio? Aposto que Rose... - Daniel tentou falar, mas foi interrompido.
-Daniel, por favor, leva a gente pra casa! - insistiu Elle depois de colocar Rose no carro.
Daniel então entrou no carro bufando e, depois de bater a porta, deu a volta na estrada e dirigiu até a casa de Elle, o que não demorou muito, afinal eles não tinham ido muito longe.
Assim que chegaram, Elle tirou Rose, que havia pegado no sono, do carro e a carregou até seu quarto. Fechando a porta, ela deu de cara com Daniel sentado no sofá da sala.
-Levanta! - exclamou ela.
-O que? - pediu ele com a expressão confusa.
-Eu disse, levanta! - repetiu a loira perdendo a paciência.
-O que tá acontecendo, Elleanor? Você tá agindo estranho! - disse Daniel levantando do sofá e se aproximando de Elle, que recuou.
-Eu quero você fora dessa casa, agora! - exclamou ela.
-O que? O que você...? - Daniel novamente tentou se aproximar de Elle, mas ela foi rápida em afastar as mãos do garoto.
-Eu não quero nem saber que tipo de "trabalho" você tá fazendo, tudo que eu quero é você fora dessa casa, Daniel! - disse Elleanor.
-Você... você ficou maluca, né? O que é isso agora, um julgamento? - disse ele debochado.
-Não se faça de idiota agora, Daniel! Eu sei muito bem os tipos de "serviços" do seu chefe. - disse a loira fazendo aspas com os dedos.
-O que? Como você...? Olha Elle, eu prometo que não é nada sério, eu só faço algumas entregas e é isso babe! - disse Daniel tentando se explicar.
-Eu já disse que não me importou com o que faz ou não faz, Daniel! Eu não quero nenhum tipo de ligação com essas pessoas. - exclamou Elle.
-Você tem certeza que quer fazer isso? Parece que esqueceu de quem coloca dinheiro nessa casa. Se eu for embora, como pretende pagar a escola da Rose? Ou fazer as compras do mês, huh? - disse Daniel com um sorriso cínico no rosto.
-Eu não sei se lembra, mas eu não nasci grudada á você, Daniel! Eu dou um jeito, como fiz toda a minha vida, o que eu não quero é esse seu dinheiro sujo dentro da minha casa. Por favor, pegue suas coisas e vai embora! - revidou Elle sentindo o sangue ferver.
-Você vai se arrepender disso! Quando não tiver como pagar a escola de riquinhos da Rose ou a porcaria da sua terapia, não venha chorando atrás de mim, querendo voltar. - exclamou Daniel apontando o dedo no rosto de Elle.
-Vai embora, agora! - disse a loira aumentando o tom de voz.
Depois de um riso debochado, Daniel foi até o quarto, guardou as roupas que havia trazido em uma mochila e voltou a sala de estar.
-Posso, pelo menos, me despedir da Rose? - pediu ao passar pela porta do quarto da pequena.
-Não! Pode ir, agora! - disse a loira o vendo balançar a cabeça. Quando ele estava prestes a sair, Elle lembrou de um pequeno detalhe. -Espera, preciso da chave de volta. - pediu ela ao lembrar que Daniel tinha uma cópia da chave da casa.
-Sério? Elle... - Daniel tentou falar, mas novamente foi interrompido.
-As chaves! - insistiu a loira com a mão estendida em sua direção.
Ele então tirou as chaves de dentro de sua carteira e as devolveu para Elle, que às guardou no bolso antes de ir até a porta e segurar-la aberta. Daniel entendeu o recado e, depois de tentar dar um beijo na loira, que desviou o rosto, saiu do apartamento.
Assim que Elle fechou e trancou a porta, o peso dos últimos acontecimentos caiu em cima de suas costas. Ela não queria acreditar que, mesmo sem saber, tinha se envolvido com Tom novamente. Tom, só de pensar nele, Elle já sentia um calafrio percorrer a extensão de seu corpo. Será que ele havia percebido alguma semelhança sua em Rose? Ou será que, como ela estava com Daniel, ele imaginou que ela fosse dele? Elle realmente esperava que a segunda alternativa estivesse correta, pois se Tom houvesse desconfiado de alguma coisa, ela não fazia ideia do que poderia acontecer.

suspicious | tom hollandOnde histórias criam vida. Descubra agora