O segundo tenente Johan Burrowes comemorou o seu aniversário no avião, em direção a Rússia. Ele, junto com Julwry Ap Paehk estavam indo para o país a pedido do presidente russo para uma reunião privada. A princípio, o segundo tenente não havia sido convidado a participar, mas por insistência forte da líder de Uoy, ele foi liberado para ir como intérprete da visitante. Eles estavam na metade do caminho, a pequena e singela não teve bolo ou balões, apenas um parabéns e abraços junto com desejos de felicidade e prosperidade. Burrowes nunca foi muito ligado a aniversários, e desde seus doze anos havia parado de fazer festas e muitas vezes esquecia o dia, só lembrando quando sua mãe ligava desejando felicitações.
Julwry bebia aquele liquido claro e espumante com baixo teor alcoólico enquanto os humanos conversavam a alguns centímetros de distância, dentro da pequena aeronave. Ela olhava para janela, com um olhar distante e rosto sério. Johan, apesar de muito próximo dela, não sabia muito bem ler suas expressões e apenas tinha certeza da felicidade e surpresa, pois já havia visto algumas vezes suficientes para identifica-las. Mas ali, seu rosto era duro e concentrado, parecendo meio triste como se algo a incomodasse. Também não havia conversado muito durante a viagem, preferindo observar a paisagem. O tenente respeito esse silencioso pedido de espaço e a deixou inerte em seus pensamentos.
A festa havia acabado a pouco quando a primeira nave alienígena entrou no espaço aero da Terra, pousando no solo abaixo. Eles sobrevoavam a área do oriente médio e a torre reportava que segundo a estação espacial, vários desses objetos estavam entrando no planeta, como uma chuva de meteoros. A princípio todos imaginaram que se trataria de mais dartarianos para ajudar no projeto 'estação espacial' que única todos os países terrestres, ou a sua maioria, para tentar resolver o problema ambiental, em Dartarien. Entretanto, eram muitos objetos para serem apenas alguns visitantes, parecia mais uma invasão que de início não assustou muito os tripulantes até que cada vez mais, as bolas de fogo caiam sem sessar. Johan estava disposto a questionar Julwry sobre o que estava acontecendo quando o avião foi atingido por um dos ovini's e começou a cair. Luzes e alertas sonoros dispararam e as máscaras de gás caíram e todos, exceto Julwry a colocaram imediatamente.
O piloto lutava bravamente para manter aquela peça de metal, agora parcialmente em chamas, no ar, mas ela caia com velocidade extrema. O copiloto o ajudava da maneira que podia, mas os resultados não eram nem um pouco satisfatórios. Existia poucos tripulantes na aeronave, não mais do que vinte, contando com a líder de Uoy e o segundo tenente Burrowes e a maioria deles rezava para que Deus os salvasse daquela peleja, mas nenhum deles realmente acreditava que poderia se salvar. Johan, sentando ao lado de Julwry estava de olhos fechados e ombros enrijecidos, assim como todo o corpo. As mãos apertavam firmemente os joelhos e ele já não ouvia mais nada, exceto as orações. De repente, sentiu um calor em sua mão esquerda, algo tênue e gentil, mas não teve coragem de abrir os olhos. Imaginou se seria Deus o levando para o reino dos céus.
De alguma maneira, os pilotos conseguiram apesar de tudo contra, pousar a aeronave suficientemente em segurança de modo que a maioria que se encontrava lá dentro sobrevivesse. As pessoas no prédio em que eles bateram e as que estavam na rua não tiveram a mesma chance. Dos vinte integrantes da tripulação, apenas cinco morreram, entre eles o copiloto Bob Brian e os agentes de bordo Daniel Slater, Jennifer Waren, Jaqueline Stone e Dante Alieri.
Quando tudo se estabilizou, Johan finalmente tomou coragem de abrir seus olhos e ver o tamanho da destruição. O avião havia se partido em dois e algumas partes deles pegavam fogo. Assim que eles saíram, perceberam que estavam numa zona de guerra onde militares humanos lutavam contra as forças dartarianas numa batalha acirrada, mas nem um pouco justa. O lugar parecia Marrocos, mas a destruição dificultava o reconhecimento do local. Quando perceberam o que se passava, os primeiros a sair correram em direção a um abrigo e a maioria foi abatida por balas perdidas. O segundo tenente tentou ajudar, entretanto Julwry segurou sua mão e o impediu de sair, o levando para um lugar seguro junto com mais um ou dois que ainda não haviam caído em batalha. Poucos minutos se passaram até que a primeira leva de soldados marroquinos fosse dizimada, e só então a dartariana saiu de seu abrigo e foi encontrar com o seu povo. Assim que aparece, apontaram as armas para ela, mas uma ordem foi dada e todos relaxaram. Ao seu lado, ela trazia Johan que não entendia nada, pensou que a garota estivesse com medo de mais para solta-lo, mas isso não fazia parte do estilo dela.
- Air Julwry Ap Paehk! – Anunciou um deles, que pareceu ser o líder. Ele abaixou a cabeça em sinal de submissão e em seguida bateu três vezes no peito em sinal de respeito.
- Quem está no comando? – Perguntou ela em seu idioma natal, fria como um bloco de gelo. Sua voz era imponente e mostrava a todos os soldados o motivo dela ser a líder.
- Eu, Air. – Respondeu. O ser era mais alto do que a líder de Uoy e seu corpo também era mais musculoso. Dirigiu-se até ela como um robô, já que havia algo mais em seu corpo, pequenas tiras de metal, como barras de reforçamento. Só depois de um tempo que o tenente percebeu se tratar de um exoesqueleto.
- O que Ouy faz aqui?
- Estamos sob o comando de Vteay Ap Dmjyte, Air.
- Vteay? – Ela perguntou incrédula com o que ouviu. – E desde quando Vteay lidera Uoy?
- Quando vocês saíram do planeta, os grandes elegeram lideres substitutos para os conglomerados. Vteay se elegeu líder de Uoy e o conselho aprovou.
- É claro que ela lidera. – Disse com escarnio na voz. Uoy era um dos conglomerados mais forte em quesito militar e para alguém como Vteay, tê-lo em suas mãos significava muito. – Leve-me ao Catian.
Escoltada pelos soldados, Julwry e Johan seguiram caminhando lentamente. Ao fundo alguns disparos foram feitos e quando o humano pensou em virar-se para ver o que aconteceu, a garota o puxou para mais próximo de si, o forçando a andar. Ele estava desconfortável com a situação e não entendeu o que estava acontecendo. A mão da dartariana e seu corpo tremia levemente. Era a primeira vez em todo esse tempo que o rapaz a via assim. Ela sempre foi imponente e durona, mas naquele momento de proximidade física entre eles, Burrowes percebeu que ela tinha muito mais de humana do que sabia. Talvez pelo tempo que estavam juntos ou por características biológicas, o tenente não saberia dizer, apenas aceitou-se ficar ali, colado ao corpo dela para tentar fazer com que a mesma se sentisse mais segura diante do inesperado.
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Acima do Céu
Science FictionO mundo está em perigeu. O ar e água estão poluídos, necessita-se mais de energia do que o próprio sol produz. O planeta nunca teve tanta gente viva ao mesmo tempo. Os governantes estão reunidos mas não sabem o que fazer. Um grupo de estudantes da u...