8 - Encruzilhada

3 1 0
                                    

O sol tentava bravamente espalhar seus raios luminosos entre as nuvens carregadas quando Bjyr chegou em casa. Sua rotina agora se consistia em ir para reuniões, resolver os problemas políticos internos, chegar em casa, jantar e dormir. Desde que os três Air tinham ido para o planeta Kubter ele não dormira direito, não pensava direito e suas esperanças estavam ficando cada vez mais escassas. Fazia um ano que eles estavam lá e até agora as notícias não eram animadoras. "Se Dartarien for salva, Kubter morrerá. " A frase estava fixada em sua mente e por mais que tentasse se livrar dela, não conseguia. A notícia havia se espalhado rapidamente e logo todos, exceto obviamente Raeb, Julwry e Hambrt. Dwart Ap Dwart, líder de Selvic Civlser e simpatizante das ideias de Raeb estava incontrolável. "Guerra" era a palavra que ele mais dizia e infelizmente Bjyr percebia que ele lentamente estava angariando seguidores para seu pensamento ideológico. Selvic Civlser era um distrito pequeno, mas forte ponto turístico e econômico no planeta sendo um dos mais ricos, ficando atrás de Mutpyrc e de Corkps que era comandada por Pkyte Ap Kretyr. O líder do maior distrito estava sentido que logo perderia suas forças se não encontrasse uma saída para esse problema.


- Olha Papai! – Exclamou o pequeno Ajhyk, mostrando-o um desenho da família que havia feito na escola. Era, apesar de amador, muito bem feito e indicava que o jovem tem fortes ligações com artes visuais. Quando pequeno, Bjyr também gostava de desenhar, preferindo pintar paisagens e natureza. Infelizmente, por conta de sua posição, não pode seguir com seu desejo e sabia que o filho também não, entretanto não significava que ele não poderia ser encorajado a continuar, como um passatempo.
- Muito bom, filho. – Ele o desenho e colou na parede, junto com outros que o mesmo já tinha feito. – Eu também desenhava quando era mais novo.
- Serio Papai?
- Sim. Venha, vou lhe mostrar alguns
Guiando-o para o seu quarto, tirou da parede uma pequena maleta, velha e desgastada, e dentro continha inúmeros desenhos. Era notável a evolução de um para outro, o primeiro e o ultimo nem pareciam feitos pela mesma pessoa. O jovem sucessor ficou admirado com as habilidades artísticas do pai e estava inspirado a melhor, assim como ele melhorou.
- Um dia serei um famoso pintor! – E por mais que isso não poderia acontecer, Bjyr preferiu não o desmotivar e apenas fez um afago em seu rosto, enquanto dirigia-se para a mesa de jantar.

Julwry já estava de pé a algumas horas quando seus dois companheiros a encontraram na academia das instalações onde eles estavam hospedados. Desde muito cedo, a garota gostava de exercitar seu corpo e mantê-lo em bom estado. A jovem era solteira e alguns diziam que nunca iria se casar, já que não demonstrava interesse com homens ou com mulheres. Ela dizia ser perca de tempo. Raeb e Hambrt estavam comendo as frutas que ficavam dispostas para eles. Os dois adoravam uma em especificava chamada 'uva" e por isso sempre tinham a disposição deles. Depois de comer os três foram para o centro de pesquisa, ver como andava a situação e para dar apoio aos estudiosos da terra.
- Dois anos terrestres que estamos presos aqui. – Reclamou Raeb. – E até agora nada!
- Paciência Raeb. – Disse Hambrt, pacifista como sempre. – Logo eles apresentaram resultados.
- Além do mais, aqui é um belo lugar para se ficar. – Comentou Julwry.
- Você diz isso porque pode sair quando quiser. – Raeb retrucou furiosamente. Graças ao jovem tenente Johan Burrowes, com quem fizera amizade quase imediatamente, ela tinha mais liberdade para sair, mas raramente sozinha.

Burrowes havia mostrado muito do planeta para ela, e a mesma o agraciava com informações do seu. Era como uma troca de favores em que ambos saiam ganhando e por isso eles mantinham contato quase que regular.
- Você tem laços matrimoniais com alguém de sua espécie, Johan? – Perguntou ela, enquanto passeavam por um museu de arte incrivelmente tediosos.
- Quer dizer casar? Não.
- Você parece se encaixar nos padrões de beleza desse lugar.
- Sim. – Respondeu ele num misto de timidez e diversão pelo modo que a extraterrestre falava. – Mas não achei ninguém especial ainda.
- 'Tolo é aquele que procura o que já encontrou', era o que meu pai sempre dizia para meus irmãos. Talvez você já tenha encontrado.
- Talvez. – Sua mente divagou por alguns instantes enquanto ambos olhavam a obra de um famoso pintor cujo o nome a Dartariana não conseguia pronunciar, mas o achava bastante interessante, apesar de rustico. – E quanto a você? Já encontrou seu alguém especial?

- Relacionamentos são complicados. Prefiro não me envolver com eles. Para ser sincera, Tenente, você é a primeira pessoa com quem eu me sinto à vontade de conversar abertamente em conversar sobre os mais variados assuntos.
- Mas e quanto a Raeb e Hambrt?
- O primeiro só quer saber de força bruta e batalhas. Parece que não esqueceu o tempo de guerra e anseia por mais. Já o seguindo é um tolo fraco e ingênuo que acredita na bondade de todos.

A conversa durou até o lugar fechar e para encerrar a noite, eles deliciaram-se com uma das inúmeras gostosuras vendidas nas ruas. Essa era cremosa e fria e fazia a cabeça de Johan doer, caso comesse muito rápido. O nome ela ainda não conseguia dizer, mas era algo parecido com orbete, ou tormete. De qualquer forma a garota adorava. Quando chegou as suas instalações, lavou seu corpo na agua morna do banheiro e dirigiu-se para a cama, mas não conseguia dormir direito. Estava pensando em si mesma e em tudo o que havia acontecido nestes dois anos que estivera no planeta Terra. Apesar de seus dois companheiros claramente nem cogitarem a ideia, por seus próprios motivos, já que Raeb tinha esposa e filhos e Hambrt havia casado com um rapaz não fazia muito tempo, ela sentia uma leve vontade de ficar ali. "Não tenho laços com ninguém e nada me prende em Dartarien " Pensou ela, naquela noite estrelada.

Enquanto isso, Susana estava eufórica com seu casamento, que se aproximava cada dia mais. Mal conseguia dormir direito e parecia que ia explodir de tamanha felicidade. Katty, irmã de Carl estava a ajudando com os preparativos enquanto o irmão ainda estava de plantão a bordo do Valquíria. Ele estava voltando para casa, finalmente, e assim os dois poderia fazer os últimos arranjos. Quando finalmente sentiu que o sono estava chegando, a campainha toca, despertando-a imediatamente. Ela estava sozinha em casa e por alguns minutos pensou em não anteder, mas novamente o barulho irritante tocou novamente e com seu humor totalmente alterado ela levantou-se, calçou suas pantufas de urso panda e desceu as escadas, seguindo em direção a porta. Com a delicadeza de um ogro medieval, ela abriu a porta e estava pronta para soltar toda a sua frustração no pobre visitante quando reparou quem era.
- Oi. – Disse ele, timidamente, segurando duas malas cheias.

Parado, como um poste na porta da jovem, Carl estava exausto. Treinara a fia durante meses no Valquíria e finalmente estava dispensado. Foram três anos no navio, mas agora ele não iria voltar para o mar tão cedo. Seus braços estavam mais grossos, e seu rosto mais duro, mas o sorriso de Susana fazia toda e qualquer tristeza sumir imediatamente de seu coração. Como uma bala de canhão ela se jogou em seus braços, quase fazendo- o cair no chão. As lagrimas em seu rosto eram iluminadas pela sua cheia que jazia soberana no seu noturno.
- Minha mãe vai me matar ao souber que passei aqui primeiro antes de ir para casa, mas eu estava morrendo de saudades.
- Eu também, meu amor. – Em seguida o beijou quente e calorosamente, com seus lábios rosados suaves e gentis. Seguiram para o quarto e ficaram algumas horas conversando, até que para a decepção da garota, seu noivo não resistiu e entregou-se aos braços de Morpheus e dormiu durante a noite toda. 

Acima do CéuOnde histórias criam vida. Descubra agora