10 - Ar

3 0 0
                                    

Apesar do pouco progresso que os cientistas terrestres estavam fazendo, os dartarianos estavam tendo vários, entretanto nenhum satisfatório ou animador para a causa deles. Desde que Raeb, Julwry e Hambrt haviam ido para Kubter nada havia melhorado para os que ficaram. Segundo Jheat Ap Kjre o planeta morreria em quinhentos anos dartarianos, mas os habitantes pereceriam em menos tempo. "Os problemas respiratórios já são visíveis. " Disse ele para Bjyr na esperança de que o líder do maior conglomerado do planeta tivesse alguma solução milagrosa para o dilema. Mas infelizmente ele não tinha e não conseguia pensar em nada que fosse suficientemente bom para eles. Vteay Ap Dmjyte líder do condado de Urey e Mgwya Ap Ayulje líder de Jqatc também estraram nas ideias de Raeb e pensavam seriamente que a guerra seria a melhor solução para o planeta. As duas eram veteranas no conselho e Vteay era a mais velha das mulheres, portanto a que tinha mais influência entre elas. O líder de Mutpyrc estava abismado com a velocidade com que as ideias guerreiras de Raeb ap Bjeu se espalhava pelo conselho dos grandes. Ele se sentia cada vez mais num beco sem saída, mas lutaria até o fim para conseguir uma solução pacifica, mesmo sabendo que não tinham muito tempo para isso.

- Para evitar alarma-los ainda mais, vamos deixar essas novas informações reclusas somente ao conselho. Os cidadãos já estão muito preocupados e não devemos contribuir para a histeria geral. – Anunciou Bjyr na última reunião feita e antes de todos saírem acrescentou. – Os nossos companheiros que estão em Kubter também não deverão ser informados disso. Deixe que eles continuem ajudando os estudiosos de lá, sem sentirem a pressão de tempo se acabando.

Alguns perceberam a estratégia que o líder do maior condado do planeta havia adotado, mas pela autoridade que o mesmo exercia, seu pedido seria aclamado. O sol estava se pondo e a chuva recomeçara a cair com força quando ele voltou para casa. Quando chegou, esperou na porta até que Ajhyk viesse, e percebeu que o garoto estava tossindo bastante. Era algo seco e forçado, que atrapalhava a respiração do jovem e o deixava ofegante. A mãe dele acreditou se tratar de alguma virose simples, por conta do bastante volume de chuva que estava caindo nos últimos dias, mas o chefe da casa sabia que não era verdade e pela primeira vez em muitos anos sentiu medo. O medo real que o contaminava lentamente como um câncer crescente e incontrolável que ia consumindo todas suas forças e corrompendo seu julgamento.

Os dias passaram e a tosse do jovem herdeiro de Mutpyrc aumentou gradualmente, agora com pequenos casos de sangramento junto. O tempo estava acabando, as notícias diziam que muitas crianças e idosos também estavam com esse problema e que as casas de saúde estavam lotadas. Sem se importar com a chuva, Bjyr se viu obrigado a fazer a única coisa que lutou durante todo o tempo contra. Ordenou uma reunião de emergência.

Enquanto isso, Johan e Julwry estavam passeando pelo Central Park aproveitando a manhã calma e fresca que fazia no lugar. Era o terceiro ano que os extraterrestres estavam no planeta e ao que tudo indicava, eles continuariam ali até encontrar uma solução para a casa deles.

- Estou decidida, tenente. – A jovem gostava de chama-lo pela patente, que na sua terra natal era um sinal de respeito e admiração e era exatamente isso que ela sentia pelo pequeno ser baseado em carbono que sempre a acompanhava quando podia. A líder de Uoy nunca foi do tipo que se apegasse as coisas ou as pessoas, entretanto sentia um sentimento estranho e diferente por ele. Gostava da companhia dele e até pegou-se uma ou duas vezes pensando nele enquanto treinava nas instalações ou antes de dormir. Era obvio para ela que esse tipo de sensação seria ridicularizado por seus companheiros, principalmente por Raeb que nos últimos meses sentia sua raiva pelos pequenos terrestres aumentar a cada dia. – Não tenho muitos motivos para voltar para lá.

- Mas você é a líder de uma cidade inteira. Não pode simplesmente abandonar o cargo, pode?

- Ser Air é um trabalho chato e eu nunca gostei. O conselho pode eleger outro sem o menor problema.

- Mas e quanto a sua casa, amigos e família?

- Nunca fui apegada a isso, minha mãe morreu no parto e meu pai anos depois o que significa que não tenho família. Amigos. – Ela hesitou por um segundo, tentando lembrar se tinha alguém lá que ela poderia chamar de amigo. –Não tenho ninguém lá. Não vejo motivos para voltar. Quero ficar aqui.

Em outro lugar, Susana preparava o café da manhã. Carl já estava de pé e tomava um banho enquanto ela estava na cozinha fazendo torradas. Sentia-se nervosa e seu corpo tremia um pouco, sua mente divagava e suas ações eram automáticas. Estava com medo de dar a nova notícia para o seu marido e não tinha a menor ideia de como ele iria reagir. Quando o mesmo chegou, o nervosismo aumentou, mesmo ele estando sorrindo e animado enquanto comia alegremente seu café da manhã.

- Você tem mesmo que ir? – Indagou ela.

- Infelizmente sim. Eles vão testar um novo navio e precisam de alguém experiente para auxiliar os novos recrutas.

- E que... – Ela hesitou e olhou para as mãos inquietas, sem coragem de encarar o marido.

- O que?

- O que você acha de...termos um bebê?

- Você por um acaso não está...- a pergunta ficou no ar, mas não precisa ser feita. O semblante do rapaz era sério e preocupado e o coração da moça parecia que ia explodir. O medo fazia suas mãos suarem. Ela não sabia o que fazer, havia se colocado num beco sem saída e agora a única opção era contar a verdade.

- Estou.

Desde que era jovem, Carl sempre quis ser um soldado da marinha. Seguir os passos do pai era o maior desejo, mas também queria ter uma família, esposa, filhos e tudo mais. Quando sua mulher lhe disse a novidade, era como se sua mente explodisse e outro cérebro fosse colocado no lugar. Várias emoções ao mesmo tempo, junto com pensamentos e ideias. Seu corpo estava tremendo, e sua mente entorpecida. Ela olhou fundo nos olhos de Suzzy e viu o medo da garota. Imediatamente a abraçou e a ergueu no ar, beijando-a tanto que pensou que sufocaria a pobre coitada. Ele não parava de dizer o quanto estava feliz e de tudo o que teriam que fazer, falava sobre comprar enxoval, sobre o nome sobre a decoração do quarto, tudo ao mesmo tempo que a esposa só conseguia sorrir e chorar de felicidade. O próprio rapaz nem percebeu que também chorava e quando a excitação passou que sentiu seu rosto molhado. Finalmente seus objetivos de vida estavam concluídos. Pegou o telefone e ligou para a mãe a fim de contar a novidade, mas ela não estava em casa e quem atendeu foi sua irmã, que ficou imensamente feliz ao saber que seria tia. Susana contava para sua mãe também, que quase desmaiou ao saber. O que o capitão-tenente mais queria era ficar em casa, com sua esposa planejando o quarto do bebê, mas infelizmente tinha um dever a cumprir, e iria cumpriria com felicidade, ao saber que logo seria pai. 

Acima do CéuOnde histórias criam vida. Descubra agora