Katherine e Clara observavam da porta do quarto aquelas duas figuras ali ao chão, enquanto a chuva batia contra a janela. O lugar era pouco iluminado e de longe parecia apenas um ser, unidos de forma estranha.
- Eles parecem um casalzinho. – Comentou a garota de cabelos curtos. – Não sei o que ela fez, mas eu nunca vi o Dean tão calmo como agora.
- Esse é um dos superpoderes da Suzzy.
- Pode crer. – E ali ficaram as duas, alguns minutos observando os dois adormecidos no quarto, até que Jacob as chamaram a fim de ajudá-lo com os suprimentos para a viagem.
O Objetivo de grupo era levar tudo o que pudessem carregar, o que não era difícil já que eles não tinham muitas coisas. O velho cuidava dos suprimentos médicos, enquanto as garotas se preocupavam com a comida. Sebastian lutava bravamente contra uma mesa, com o intuito de tirar-lhe o pé para usar como arma, caso alguma coisa acontecesse.
- Armas servem mais para amedrontar. – Explicou Vasin e por isso o jovem usaria o pedaço de madeira para se defender. Nenhum deles esperava encontrar com soldados de qualquer um dos lados, mas todos votaram por se precaver e evitar qualquer surpresa desagradável. Havia se passado uma hora de arrumação e o sol já havia decido além do horizonte.
- Está na hora de irmos. – Disse Sebastian. – Vou lá em cima acordar os dorminhocos e já volto.
- Nós estávamos esperando por vocês. – Disse Susana, ao pé da escada, abraçado com o jovem gorducho. Ambos carregavam as mochilas de roupa.
- Estão prontos para ir?
- Não sei. Você está Dean?
- Acho que sim. Vamos antes que eu mude de ideia. – Todos estavam olhando abismados para o garoto e sua súbita mudança de humor, mostrando-se muito mais prestativo e esperançoso e quem sabe até mais animado do que jamais esteve desde que tudo começou. Por alguns segundos, ninguém sabia o que fazer em seguida. – Vocês vão ficar me olhando com essa cara de otários ou vamos nos mover. – E então desceu a escada e tomou a frente do grupo, que teve um tempo de resposta até perceber o que estava acontecendo.
Quando saíram da casa onde estava, eles seguiram em fila indiana e na seguinte organização: Sebastian na frente, segurando o pé de mesa, seguido por Dean, Clara, Katharine, Susana e por último com o rifle nas costas seguida Jacob, que cobria a retaguarda do grupo. Seguindo junto as construções, algumas intactas e outras com grandes buracos feitos por bombas, aqueles sobreviventes andavam em silencio quase absoluto, com apenas a chuva seguindo de trilha sonora da longa e cansativa viagem que eles tinham pela frente. Resolveram que seria melhor seguir por dentro das casas, evitando assim a rua e consequentemente patrulhas inimigas. As construções daquele lugar eram em sua maioria residenciais, e seguiam o mesmo padrão de cerca baixa, algumas gramadas outras não. O ambiente parecia desolador e a escuridão total já tomava conta, com apenas algumas entre as muitas lâmpadas dos postes acendendo. Os fios de energia pendiam em direção ao chão e soltavam faíscas quando encostavam em outras superfícies molhadas pela chuva. Seguindo em direção norte, eles entraram num quintal que era protegido por um grande cachorro preto que estava preso as suas correntes e latia ferozmente para os invasores que acabara de adentrar em sua casa.
Sebastian, com seu espirito altruísta, queria libertar o pobre animal, mas Jacob achou por melhor mantê-lo preso, já que solto poderia atacar e caso não o fizesse, também não encontraria lugar seguro e morreria de sede, fome ou pelos aliens. Com pesar no coração, o rapaz deixou o animal quieto, cujo o latido ecoava pelas casas vazias e seguiram em direção a próxima residência.
Havia passado talvez uma hora desde que eles saíram em procissão e a chuva finalmente se acalmara, ajudando o grupo a se esquentar um pouco. Katharine foi a primeira a apresentar sintomas de resfriado, causado pelo mal tempo dos outros dias. Seguiram caminho por mais alguns longos quilômetros até encontrarem um pequeno mercado onde imediatamente pararam a fim de encontrar suplementos. Infelizmente os moradores do lugar já haviam passado antes o já quase não havia produtos nas prateleiras para ser levados. Jacob recolheu algumas garrafas da vodca barata que restara lá enquanto Dean verificou o açougue e encontrou algumas linguiças de aparência duvidosa e um caderno de anotações, que imediatamente recolheu e guardou na mochila, a salvo da chuva fraca que agora caia.
Desolados, os andarilhos seguiram caminho por mais algum tempo, até encontrarem um pequeno barracão, composto de quarto, banheiro e cozinha, que seria o suficiente para eles passarem a noite. Não havia colchões no lugar, mas as toalhas e roupas de cama deixados para traz serviriam como abrigo do chão frio. Usando o caderno e a bebida destilada, fez-se uma fogueira e Katty foi a primeira a se acomodar ao lado dela, a fim de se esquentar. Seu nariz estava vermelho e a coriza já começava a se escorrer.
Quando o sol estava prestes a nascer, Sebastian levantou. Ele teve um pesado que fez seu sono desvanecer por completo. Ficou ali, quieto no escuro, enquanto a fumaça do agora extinto fogo, subia lentamente para o teto. A chuva já não mais caia e o silencio sepulcral recaia sobre o recinto. Nesse ambiente de paz e calmaria, o jovem percebeu um distinto som, ao longe que lentamente se tornava mais audível. Dormindo ao seu lado estava Katharine e Clara, enquanto Susana dormia abraçada com Dean.
- Você ouviu também? – Sussurrou Jacob, fazendo o rapaz com a tatuagem de águia gelar por alguns segundos, até perceber que o velho madeireiro falava de um canto do cômodo, totalmente oculto à primeira vista. – Parece uma patrulha ou algo assim.
- É melhor sair daqui, então.
- Concordo. Vamos pelos fundos, acorde o pessoal e eu vou na frente. Me espere aqui.
E assim aconteceu. Jacob pulou uma janela no fundo da casa e saiu abaixado taticamente até desaparecer entre carros, ônibus e caminhões que estavam na pista, enquanto Sebastian acordava os remanescentes e fazendo sinal para que todos se mantivessem abaixados. Os minutos em que o Vasin esteve fora pareceram uma eternidade, mas eles nada podiam fazer a não ser esperar pacientemente, entretanto o som que antes parecia tão distante estava bem próximo, e era bem distinguível. Se assemelhava à um veículo, talvez um carro pesado ou até mesmo um tanque de guerra. De onde o grupo estava, não dava para ver se eram humanos ou não.
- São Alienígenas. – Disse Clara, quase para si mesma. – Eles estão conversando algo sobre um novo ataque.
- Você fala a língua deles? – Questionou Katty e teve como resposta apenas um balançar de mãos.
De repente os passos ritmados pararam abruptamente e todos ficaram gelados. O veículo pareceu começar a manobrar o farol iluminou a casa. Com a luz, o grupo conseguiu visualizar o último integrante, que finalmente conseguira retornar, e que agora indicava com as mãos para segui-lo rapidamente. O grupo ainda abaixado começou a se pôr em movimento, até que um soldado inimigo que havia se prontificado a vasculhar a casa percebeu a movimentação e abriu fogo, botando todos em pânico. Eles correram o mais rápido possível, por entre os carros enquanto os tiros alvejavam bem próximos de suas cabeças ou eram parados por carros e motos que serviam de abrigos. Quando o grupo entrou em uma construção parcialmente destruída o veículo atirou, disparou um tiro que acertou os veículos na rua destruindo-os quase em cadeia e logo em seguida disparou novamente, dessa vez acertando o prédio por onde o grupo tentava escapar pelos fundos. A explosão foi tanta que arremessou todos para frente e logo em seguida fazendo a pequena e já bastante destruída construção ruir por completo, com seus escombros caindo na mesma direção em que os sobreviventes foram arremessados.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Acima do Céu
Science FictionO mundo está em perigeu. O ar e água estão poluídos, necessita-se mais de energia do que o próprio sol produz. O planeta nunca teve tanta gente viva ao mesmo tempo. Os governantes estão reunidos mas não sabem o que fazer. Um grupo de estudantes da u...