Capítulo 20

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   Eu acordei com dor de cabeça, olhei para meu corpo e estava no original de antes, suspirei aliviado. Ficar um dia inteiro no corpo de uma estranha garota estava ficando estranho e cansativo. Senti um corpo colado ao meu e reparei que era Henry, esqueci que ele dormiria aqui, o que a Star fez para ele dormir na minha cama comigo? Não sei, mas gostei da idéia, ele se mexe e seus olhos começam a se mexer, fecho os olhos fingindo dormir.

Senti sua respiração perto de mim e senti um estalo na cama, Henry se levantou cambaleando ainda derrotado pelo sono, e foi ao banheiro do meu quarto. Abro os olhos e solto um pequeno sorriso pela cena. Me levanto da cama e sinto os dedos congelarem nesse chão frio.

Aproveitei que ele usava o banheiro e troquei de roupa, tirando meu pijama e coloquei uma calça jeans, all star preto e uma camisa rosa até que estilosa. Peguei minha jaqueta pelo frio que fazia e vestir, Henry demora no banheiro demais então só chego entrando, ele cantarolava no chuveiro e por sorte tinha uma cortina poupando minha visão e minha pressão sanguínea. Fiquei escovando os dentes enquanto meus ouvidos quase sangravam pela voz horrível dele cantando no chuveiro.

Ele abriu a cortina e gritou de susto e só coloquei a mão no peito tremendo pelo susto.

- Não me mata assim! - Ele respirou fundo, estava enrolado na toalha e foi até a pia onde eu estava, terminei e lavei a boca.

Tinha uma tábua branca deitada em horizontal onde eu guardava algumas coisas, guardei a escova em um potinho e tampei, e me estiquei para pegar um remédio lá em cima, porém Henry se esticou também e pegou uma escova extra que minha mãe sempre guardava, Henry se encostou demais em mim demais e senti tudo, minha pele ardeu e peguei logo a caixinha saindo da frente dele todo vermelho, ele ficou escovando os dentes enquanto eu fui para a cozinha.

Passei pela sala e Julian estava assistindo televisão e rindo de um seriado antigo de comédia, cheguei na cozinha e vi comida em cima da mesa, me sentei e comi uma panqueca que minha mãe fez e tinha uma bolinha marrom em cima com umas barrinhas marrons por cima como cobertura.

- O que é isso? - Pergunto alto para o Julian.

- Brigadeiro, no Brasil tem muito disso - Eu já comi brigadeiro mas não me lembrava muito, eu tinha uns dez anos.

Peguei ele e comi e uma explosão doce preencheu minha boca, meu corpo se arrepiou todo e até fechei os olhos saboreando.

- Eu que fiz gostou? - Julian entrou na cozinha e ainda estava me acostumando com a presença dele.

- Vou chorar de tão bom... como sabe fazer?

- Passei dez anos no Brasil - Essa eu não sabia.

Terminei de comer e saio de casa indo para a lanchonete Hills, a viagem será em duas horas e tinha que me apressar. Quando entrei vi Ruby no caixa, logo estampei um sorriso e fui até ela.

- Oi neném! - Ela me olhou de cima a baixo e me abraçou mesmo com o balcão atrapalhando, beijou minha bochecha e se afastou.

- Oi princesa! Cadê a Sam? - Perguntei tentando olhar para os fundos da loja, aquela porta que leva a um lugar estranho, escuro e que me dá medo.

- Folga hoje... por quê?

- Preciso me despedir, mas mando mensagem.

- Vai para a viagem né?

- Sim - Ela me olha como cachorro sem dono e me abraça mais.

- Vou sentir saudades.

- É só uma semana! - Ela me aperta e tira meu ar mas depois solta.

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