Capítulo 7

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Passaram-se semanas desde o meu aparecimento milagroso. Era dia de Páscoa , e Cal só queria ficar no seu quarto. Sua mãe estava acabada, ela não dormia direito por causa dos pesadelos frequentes, alguns de seus vizinhos também não aguentavam mais. E a cada dia eu ia me apaixonando pela Sam. Ela era magnífica, sabia cozinhar, lidar com crianças, um sonho no meio dos meus pesadelos. Estava andando de bicicleta com fones de ouvido tocando uma música eletrônica qualquer. Quando vejo Henry apanhando de uns garotos mais velhos no velho campo. A briga estava ficando feia. Tirei os fones e corri até ele, ele estava no chão se levantando quando um garoto de cabelos ruivos desferiu um soco, por sorte parei com uma mão. O menino soltou sua mão de mim.
- Pedindo ajuda para o namorado? – Eles eram os garotos da rua de baixo, além de serem os amigos o Julian. Chloe apareceu no canto da quadra com um pouco de medo e chamando a polícia. Um deles me pegou pelo braço pra tentar me puxar. Algo o queima na mão, ele olha e vê sua mão vermelha e uns grãos negros saindo da mesma – Que merda é essa? – O policial chega.
- Ei vocês! Parem com essa baderneira! – O policial puxa os meninos até o carro deles, iam enfrentar um grande sermão. Olho para Henry que estava machucado, ele se levanta dolorido e sai andando, nem ao menos olha para mim.
- O que aconteceu? – Chloe pergunta e me viro a olhando.
- Ele deve estar de cabeça quente – Suspiro, ela estava com a cara meio caída – Parece cansada.
- Estou bem, é que nesses últimos dias não dormir direito por causa de pesadelos.
- Se for por causa do Connor pode pedir ajuda, sei que nunca vai superar aquilo...
- Que coisa? Como sabe disso? – Abri a boca demais.
- Olha, só achei...
- Você não acha nada, se alguém contou ou não, não me importa, só mantenha bico calado, ou arranco sua língua... – Ela parou de falar mas seus lábios se moviam, ela ficou muda. Logo ela percebeu e começou a tentar falar.
- Você disse “Arrancar sua língua”? – Ela ficou muda por minha culpa! Ela respirou fundo e saiu com raiva de mim para sua casa e fiquei parado – Droga! – Soquei a parede que quebrou um pedaço – Como fui burro, além de que ainda a deixei muda, que bom que isso não dura, meus poderes são mais mentais do que físicos. Me joguei na parede e deixei minhas pernas cederem, fiquei me arrastando até o chão, sentei e fiquei com raiva de mim mesmo.

Voltei para casa cansado e entrei, minha mãe estava se preparando para ir a igreja celebrar a Páscoa, mas eu sempre ficava em casa e comemorava com meus amigos, mas hoje Henry está sozinho e com raiva, Chloe está estranha comigo, eu e minha boca. Fui direto para meu quarto e fiquei vendo minhas redes sociais no computador. Relaxei e tirei quase toda a roupa, o calor era grande agora. Estava já anoitecendo e olhar a lua no céu era magnífico. O sol já sumia no céu alaranjado. Uma pedra acertou minha janela, me levantei devagar e fui até a janela, e mais uma pedra a acerta. Destravo a tranca e empurro a janela pra cima e a abro, uma pedra voa é em mim.
- Ei! – Gritou e era Simon.
- Oi! Posso subir?
- Não seria melhor entrar pela porta?
- Assim é mais romântico – Ele da uma piscada com o olho direito e começa a subir os galhos, escorregando por alguns.
- Se divirta, parece filme da Disney – Ele aparece na janela e me beija rápido – Como foi?
- Difícil mas cheguei – Entra pela janela e me vê de cueca – Cadê suas roupas?
- O que tem?
- Deixa – Ele ignorou e se sentou na minha cama – O que fazia?
- Vendo as redes sociais, só tem bosta como sempre.
- Concordo mas é legal – Passo por ele que me segura na cintura e me puxa pra cima do seu colo, sento de costas pra ele. Me abraça por completo e fica cheirando meu pescoço.
- O que está fazendo? – Ele beija minha nuca e deita o queixo no meu ombro. Logo ele se afasta para trás na cama e deito em cima de suas pernas, no meio, e ele fica mexendo no meu cabelo – Você é carinhoso? Não sabia.
- Sou coisas que você nem acredita. Agora tente dormir – Sinto meus olhos pesados e acabo pegando no sono.
Acordo em uma cama, branca, olho para todo lado e tudo era branco. Só tinha a cama naquele lugar, me desesperei. Vi uma porta branca que tinha uma janela. Corri até ela e bati com força e ela balançou. Olhei para mim e vi que eu usava uma roupa toda branca. Bati no vidro mas ninguém apareceu, gritei por alguém e nada. Voltei e me sentei na cama, tinha uma câmera me vigiando. Um barulho e logo um rangido. A porta abre e Simon entra por ela. Vestindo um terno todo formal.
- Onde estou?
- Em um laboratório de pesquisa, você é um ser sobrenatural e esse laboratório quer saber o que você é.
- Me tire daqui por favor, você foi carinhoso esse tempo todo? – Me levantei rápido e recebi um empurrão invisível, minhas costas se chocaram contra a parede e uma onda de dor me invade.
- Eu sou um feiticeiro então qualquer coisa que tente tenho permissões para te matar – Comecei a chorar.
- Então tudo aquilo de me levar para cama era farsa?
- Sim, não queria que fosse assim mas precisava. O mundo não é o mesmo e você já deve ter uma noção. Quero saber o por quê de todos próximos de você ter pesadelos todo dia. E para isso, nada melhor que testes. Pode entrar ele está contido – Uma mulher vestindo branco entra com um carrinho e põe luvas, mais dois caras entram como seguranças, os únicos vestindo azul da polícia. A mulher pega uma seringa e vem até mim calma – Não faça nada, sua mãe supera que você sumiu de novo, ou faremos com que ela esqueça.
- Vai para o inferno! – Minha pupila cresce e cobri minha íris. Veias negras percorre meu corpo como raízes procurando meu coração.
- O que é isso?! Emergência! – A mulher que vinha até mim fica paralisada e segura firme a seringa, mas algo a traumatiza e ela enfia a seringa nela mesma, logo cai em concussão no chão. Areia negra sai do meu corpo, os seguranças correm até mim mas a areia sufoca eles, e uma tempestade de areia invade o quarto, negra e cinza, Simon para de usar seu feitiço e se afasta. Desgrudo da parede e avanço flutuando pelo quarto até ele. Ele tenta lançar feitiços de fogo em mim mas só se misturam na tempestade. Mais lágrimas saem e grito alto, o jogando para fortalecer daquele quarto acertando o chão. Sons de cavalos aparecem para todo lado, ele olha para mim, mas sua mente se desliga, estava em um pesadelo só que ainda acordado, seu corpo não respondia. Alguns guardas apareceram mas assim que entraram em contato com a areia caiam no chão tremendo e gemendo em grande agonia. Eles viam seus piores medos passando na suas mentes agora, eu estava os devorando. Fui andando até uma sala de controles e todos que estavam lá entraram em pânico, se matando. O medo se torna violência no final, e eu controlo o medo. Foi bom, eu me sentia invencível como se nada no mundo fosse me segurar.
Tinha uma alavanca preta nos painéis, puxei e apertei vários botões, as portas das celas se abriram e várias pessoas de lá saíram correndo. Acelerei o passo e corri para a saída, eram duas portas que estavam derrubadas no chão e de lá se via o verde da floresta. Todas aquelas pessoas saiam correndo de lá e outras que não podiam andando. Sai o mais rápido possível,  corri para a floresta, nem deram tempo de acionar o alarme e por fim uma explosão, olhei para trás e vi o laboratório em chamas. Não parei de correr, asas negras se formaram nas minhas costas e as usei, peguei impulso e sai voando dali. Desci perto de casa, e nem me importava se alguém me viu. Apenas entrei em casa, minha mãe ainda não tinha percebido minha saída. Quando entrei pela janela ela abriu a porta.
- Você está aí, vem já preparei o jantar, por que está vestindo branco? – Tirei a camisa rápido e a abracei, chorando no seu ombro – Okay, espero no seu tempo.

(Simon na mídia)

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