Capítulo 10

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Mais um dia insuportável de treino e minhas pernas estavam mortas. Depois que acabou fui para casa, e estava só eu, sozinho naquela casa sem nada pra fazer. Fiquei lendo livro até que escuto barulhos na cozinha, já estava tarde da noite. Eu não quero ir, pois em filme de terror a pessoa sempre morre nessas cenas, mas eu precisava, pelo menos eu teria que imaginar o melhor no momento. Andei devagar pelo quarto e depois eu atravessei a sala, algo caiu e logo meu coração apertou, eu morria de medo. Cheguei na cozinha e logo acendi a lâmpada, por sorte só tinha um gato que entrou sem querer e fez a maior bagunça. Ele veio todo fofo para as minhas pernas e ficou grudado em mim, senti uma respiração atrás de mim e quando me virei um pano cobriu meu nariz e minha boca, só deu para ver um pouco da pessoas, Connor. 

Acordei em uma cama amarrado, eu estava na casa dele e tinha uma fita na minha boca. Olhei em volta e visualizei todo seu quarto. Ele entrou pela porta com um copo de suco para ele, quando me viu deixou o copo na penteadeira e veio até mim, senti minhas mãos amarradas e não consegui me mover, espera… cadê minhas roupas?

- Olá primo, quanto tempo! - Tentei xingá-lo mas lembrei que minha boca estava vedada - Me desculpe, mas precisava, farei uma bela vingança com você, graças a seu soco nada legal, tive um corte na boca e nem consigo comer direito. Tirei sua roupa aliás, mas deixei a cueca só para não se sentir tão confuso e desconfortável assim - Ele começou a tirar o cinto, logo eu me toquei e me agitei na cama, tentava falar e pedir alguma ajuda mas a fita não deixava. Ele tirou toda sua roupa e subiu na cama - Shiu, será rápido e não dói, bom, para mim - Aquela risada chata de sempre, que tanto odeio. Meu corpo tremeu de repente de medo e ele foi passando aquela maldita mão por mim, até chegar na minha cueca, que tirou num puxão. Veias ficaram negras de tanto ódio por ele, ele me olhou estranho enquanto passava a mão lá embaixo - Que merda é essa em você? - Olhei para trás dele onde tinha cavalos negros de areia o olhando. Ele seguiu meu olhar e quando os viu gritou alto pela casa toda, os cavalos de alguma forma entraram pelo sua boca e ele caiu no chão gemendo e com veias negras por todo o corpo. As cordas que me prendiam se rasgaram e sai procurando as minhas roupas que estavam jogadas no canto do quarto dele. Me vesti e olhei para ele que tremia e gritava de agonia e dor, ignorei aquilo e sai correndo do seu quarto, nem lágrimas brotam dos meus olhos, apenas uma raiva que me queimava. Chloe me viu quando eu estava quase na porta de casa.

- Cal! - Ela veio correndo.

- Agora não! - respondi grosseiramente e toquei na maçaneta e abri a porta.

- Eu vi ele com você, chamei a polícia, está tudo bem? - Olhei novamente para ela.

- Acha que está tudo bem?! - Lágrimas finalmente caíram e entrei em casa, batendo forte a porta na cara dela. Corri para o banheiro e chorei no chuveiro ouvindo umas músicas tristes qualquer. Ele foi um monstro, mas agora ele vai se arrepender, ficará trancado pelo resto da sua vida, tanto na mente quanto na prisão, assim espero, porque acabei de destruir sua cabeça toda, nunca mais aquele garoto vai sonhar na vida, nunca mais vai me atormentar, nunca mais tocará em alguém. Só sinto nojo agora e solidão, alguém bateu na porta e me arrepio - Quem é?

- Chloe me falou do problema, posso entrar? - Era Sam.

- Jura?

- Tenho uma venda aqui relaxa, só quero conversar! - Suspiro e permito ela entrar. A porta abre e ela realmente estava de venda. Ela acha a privada e se senta - Me fala o que aconteceu?

- O pior, ele tentou comigo… e acabou sendo mais uma vítima minha - Ela suspirou.

- Olha eu entendo que isso tudo esteja horrível para você…

- Não, você não entende! - Gritei alto com ela, que apenas se encolheu, durou um tempo de silêncio preenchido pelo som da água, então ela retomou.

- Estou tentando ajudar, olha, você precisa de um tempo, sei que é difícil. Poxa você já vai completar seus dezesseis! - Fico escutando - Vamos aproveitar esse feriado e ir acampar topa? - Ela estava certo, preciso dar um tempo nessas coisas horríveis, preciso dar um tempo sem poderes. 

- Está bem! Eu aceito, obrigado - Saiu do chuveiro e vou até ela que se levanta. 

- Ótimo! Se quiser eu chamo nossos amigos, tenho um amigo gay, se quiser pode ficar - Riu disso e a abraço.

- Você é incrível - Ela retribui.

- Está tocando em mim demais.

- O que? 

- Cof cof - Ela aponta para baixo e logo fico morrendo de vergonha, me afasto.

- Desculpa - Olho para ela e tiro sua venda devagar. Ela permanece o olhar nos meus olhos e logo a beijo, seus lábios são macios e quentes que só me deixa mais… quente. Ela se afasta e sem querer olha para baixo, rapidamente olha para mim, eu estava mais vermelho que pimenta.

- Foi mal, eu não deveria! - Ela sai do banheiro - Te vejo depois - Ela riu nervosa e esbarra em uns jornais de uma mesinha - Desculpa! - Abre a porta e sai, fiquei paralisado. Depois me visto e vou para meu quarto. Fico vendo minhas redes sociais e pensando na vida. Meu celular toca e atendo.

- Oi? - Não tinha visto quem era.

- É o Henry, pode me ajudar na floresta?

- Claro - Ele me passa sua localização mais precisamente e vou para a floresta a noite levando uma lanterna. Fiquei alguns minutos o procurando mas o achei, encostado na parede com a perna sangrando.

- O que diabos aconteceu?

- Julian e seus amigos babacas - O ajudo a levantar e o ajudo a andar até a sua casa - Bem que você poderia dar uma lição neles.

- Não é assim - Digo.

- Como odeio aquele garoto. Sam me falou do acampamento agora a pouco, posso ir?

- Claro, você é meu melhor amigo - Chegamos e entro com ele, o ponho no sofá e procuro o quite de primeiro socorros. Acho no quarto da mãe dele e volto para a sala, ele mostra o joelho com um corte e o pé estava meio roxo.

- Você está horrível. Acho que só torceu mas vai ao hospital por via das dúvidas - Ponho um curativo no seu corte, pego um copo com água para ele e o ponho na cama.

- Fica comigo hoje? - Vejo as horas no meu celular e olho para ele que estava com uma cara de cachorro abandonado.

- Okay! Só preciso avisar minha mãe - Ele se anima. Vou para fora do quarto e mando mensagem para a minha mãe, por sorte ela deixa. Volto para o quarto e Henry mexia no celular, vim perceber agora que ele tinha um pequeno corte no queixo. Ignorei e deitei ao seu lado na cama, apenas deitei de costas para ele e caí no sono.

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