Helena
Por mais que eu tentasse digerir tudo aquilo que tinha acontecido comigo nos últimos dias, minha cabeça só pensava em girar e girar. Quase desmaiei em certo momento, mas aguentei firme, já passei por coisas muito piores do que uma traição e corpos falsos. Já vi corpos de verdade sendo carregados bem na minha frente, aquilo não deveria ser nada, mas estava me atingindo como um golpe dos fortes no meio do peito.
- Corpos falsos. – Falei, mais perguntando do que afirmando. Estava congelada.
- Sim, corpos falsos. Todos os que foram "mortos" no Festival de Primavera estão aqui, protegidos dos monstros do governo. – Disse ele, com um tom irritado, algo na palavra "governo" o incomodava muito e receio saber o porquê. – Pode não parecer, mas isso também envolve você, mais do que você pensa.
- Tudo bem. – Falo, ainda meio enjoada. – Pegue leve um pouco, acho que não aguento mais muita emoção por hoje.
Ele sorri de um jeito desajeitado e tenta se aproximar para me acolher em seus braços, mas ponho minha mão em seu peito e o mantenho à distância, até essa raiva passar, e se passar, eu penso em como vou dar um jeito de perdoar ele – ou não.
- Eu entendo. Posso te levar a um passeio então? – Pergunta ele, e eu penso: por que não?
- Vamos logo. – Resmungo, deixando que ele vá na frente já que não sei aonde ele quer me levar.
Seguimos por um corredor escuro onde se encontravam as salas principais e inclusive o meu quarto, imaginando que aqui seja o andar subterrâneo, então provavelmente deve haver mais lá em cima, só não sei o quanto mais poderia ter.
Ao longo de boa parte do caminho ficamos em silêncio, só é interrompido quando Marcus me pergunta das dores e respondo com um simples: "Já senti piores", e ele, mais do que ninguém, tem consciência disso. Tirando esses momentos, o silêncio não me parece constrangedor, me parece necessário, para que eu coloque essa raiva que estou sentindo no fundo de mim mesma porque tenho outros objetivos agora, descobrir mais coisas sobre esse lugar e talvez sair daqui.
- Helena, já te contaram as histórias sobre nossos ancestrais? – Diz ele, com as mãos atrás de si.
Faço que sim com a cabeça mas esqueço que ele não está vendo.
- Sim, conheço. Meu pai me dizia que eram monstros, e que atacaram o Reino à anos atrás, matando vários cidadãos da Capital.
- Isso é o que dizem nos livros de história, Hele. Não deveria confiar neles com a monarquia em que vivemos à anos. – Ele rebate, me fazendo parecer uma idiota que não sabia de nada.
- Então me conte a verdade, já que você parece saber tanto dela.
Ele fica calado por uns segundos e após limpar a garganta, começa a falar.
- Há muito tempo atrás, existiam 6 raças...
"Os Colossos, seres gigantescos que se assemelhavam a humanos e tinham pouco mais de 3 metros de altura; os transportadores que podiam se teletransportar a qualquer distância predefinida; os Salvadores, que dominavam as ervas medicinais e tudo aquilo que pudesse ajudar alguém a se curar o mais rápido possível; os Marine, que controlavam a água com um simples estalar de dedos; os desbravadores de mentes ou apenas mentalistas, podendo controlar mentes, provocar ilusões e saber toda e qualquer pensamento que seu alvo tinha em mente e, por fim, os Chamuscadores, que eram os líderes supremos dentre as 5 casas. Controlavam o fogo podendo provocar um incêndio sem que o inimigo nem percebesse, seu poder era enorme e nunca haviam conseguido saber todas as suas formas até então.
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A Herdeira do Fogo
FantasyHelena, uma jovem de 24 anos, é comandante do maior exército dos 4 continentes, com sua maior sede de comando na Capital, Alexandria. Tendo escapado da morte certa pela fome que assolava seu país a 4 anos anos atrás, a garota prometeu que serviria o...