CAPÍTULO 3

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Helena

Acordo na manhã seguinte com o canto dos pássaros e o abraço quente do sol, invadindo todo o quarto e me fazendo abrir os olhos mesmo contra minha vontade. Hoje seria um dia cheio e eu não estava nada preparada para isso. Iria trabalhar até durante as festividades, tendo que usar uma farda do exército feita especialmente para hoje à noite, porém já estava acostumada a não me divertir muito nessa cidade, o trabalho é a única preocupação que posso ter agora.

Assim que termino de me arrumar vejo que há duas mensagens de Marcus no comunicador, uma é menos urgente e só diz: "Estou bem, obrigada. E não, eu não estava bebendo". Apenas finjo que acredito nisso. A outra parecia mais urgente e dizia: "Está uma bagunça no reino, precisamos de você no Grande Salão", então depois de fazer os últimos preparativos corri escada abaixo e cheguei no Salão o mais rápido que pude, avistando uma multidão de gente perdida, alguns até falando em línguas que eu nunca havia ouvido na vida, mesmo tendo ido em quase todos os continentes.

- Com licença, senhora, aqui é o Palácio Real? – Perguntou um cara baixinho e rechonchudo com as bochechas vermelhas do calor de Alexandria, ele parecia realmente desesperado.

- Espere aqui, tudo bem? Vou arrumar essa bagunça.

O homenzinho assentiu positivamente em resposta e corri para procurar Marcus no meio de toda aquela multidão. Quando o achei, peguei levemente em seu braço e o mesmo levou um susto tão grande que fui obrigada a rir da situação.

- Achou que eu fosse pegar você? – Falei, provocativa e com a barriga doendo de tanto rir á essa altura.

- Não, olha, pare de brincadeira, Hele. Acabei de acordar, não estou de bom humor, e essa gente toda aqui precisa de instruções. – Pude ver nos olhos dele o quão estressado já estava com a situação.

- Tudo bem, senhor estressadinho, deixa comigo. – Falei, sorrindo e pedindo educadamente o megafone das mãos de um soldado, o ligando em seguida. Marcus pareceu ficar satisfeito por finalmente se livrar daquilo. - Bom dia, cidadãos e visitantes de Alexandria, eu sou a comandante da Guarda da Capital e estou a seu dispor para guiá-los para qualquer lugar. Basta vir aqui, nesta barraca, e me dizer para onde quer ir e algum dos meus oficiais os guiarão a seu destino. Formem uma fila, por favor. Obrigada.

Assim que sentei na cadeirinha da barraca, milhões de pessoas que não faço ideia de como se multiplicaram tão rápido surgiram em minha frente, fazendo uma fila tão grande que facilmente acabaria no portão principal do reino.

Como já era esperado, passei a manhã guiando pessoas de um lado para o outro e dizendo a meus guardas onde eles tinham que ir, ainda bem que minha memória era boa para esse tipo de coisa. Nunca imaginei que ser comandante exigiria de mim ter uma vivência como guia turística ao menos uma vez na vida.

Após uma tarde inteira dando ordens e suando feito uma porca, mal havia conseguido ver um pedaço de comida viajando nas mãos de algum vendendor de quem eu pudesse comprar, e já estava morrendo de fome. Porém nem precisei me esforçar muito, pois apesar de eu mal tê-lo visto o dia inteiro, Marcus surgiu como um fantasma atrás de mim e devolveu o susto que lhe dei hoje pela manhã, rindo na mesma quantidade e até mais um pouquinho para descontar.

Depois de morrer de rir, surgiu em suas mãos um hambúrguer com tudo o que eu tinha direito, mas por algum motivo, ele não queria me ceder.

- Ah, por favor, tenho certeza que trouxe ele pra mim. – Implorei, fazendo cara de cachorro que caiu da mudança, mas ele continuou impetuoso.

- Só com uma condição: diga quem é o melhor major dos 4 continentes.

- Ah não, Marcus!

- Ah sim, Heleninha! – Falou ele, com aqueles olhos diabólicos penetrando a minha alma enquanto o hambúrguer era levado para longe por um soldado. Não pude resistir a tal afronta.

A Herdeira do FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora