CAPÍTULO 24

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Helena

Demoraram cerca de dois dias para chegarmos ao deserto de Valirys, graças a grande velocidade a qual o Flutuador nos transportava. No caminho, passamos pelo grande litoral de River East – que, mais para frente, seria nossa próxima parada – e por uma das nascentes do gigantesco Mar Revolto, o qual seguimos até boa parte do caminho para o deserto.

Enquanto olho pelas janelas já totalmente pronta para começar a missão, observo todos os tripulantes que aqui estão. Todos da Front já estão devidamente equipados e disfarçados em suas roupas alegres – ainda não acredito como todos topamos a ideia de Marcus de sermos uma trupe de músicos –, discutindo sobre como a missão será e, sem grandes preocupações, rindo de algumas brincadeiras em grupo. Sinto saudade de quando ainda podia ser assim, de quando nada ainda parecia me preocupar. De todos, apenas Mika parece sério e tenso pela missão, mexendo nas próprias mãos nervosamente e encarando o nada várias vezes.

Ainda tenho alguns calafrios quando me aproximo dele, mas não sei exatamente quando isso começou ou o porquê de acontecerem.

Dou uma olhadela de canto de olho no garoto de cabelos cor de algodão – que conversava com Aqua sobre algo relacionado a xadréz –, e imediatamente lembro da minha família e de como eu desejo que estejam bem. Faz quase uma semana que não os vejo e a saudade dói como não achei que fosse doer tanto.

- Marcus, por que esse deserto se chama Deserto dos Ossos? – Pergunta Dan, enquanto era ajudado por seu irmão a vestir um colete vermelho com sininhos.

- Bem, as pessoas que vivem aqui acreditam que criaturas místicas habitaram a terra antes de nós, criaturas essas que foram criadas pelos deuses para serem as únicas a habitarem essas terras que hoje conhecemos. – Marcus faz uma pausa na fala, sempre gostava de ser dramático. – Um dia, uma dessas criaturas chamada Valirion, um imenso dragão de escamas flamejantes, conspirou para derrubar a grande Mãe do Universo, e como punição, os deuses o aprisionaram no deserto. Seus ossos foram petrificados e deixados no deserto, sem que ele nunca...mais...pudesse acordar.

Àquela altura, Dan já estava tremendo dos pés a cabeça, e tudo apenas ficou mais engraçado quando Elric veio por trás do garoto com mãos em forma de garras e o assustou com um barulho que ele achou ser um rugido de dragão. O garoto deu um pulo de onde estava como um gato, o que o fez cair de bunda no chão. Assim que foi confirmado que ele não havia adquirido nenhum ferimento, todos riram da cena, até mesmo o estranho e calado Mika.

- Será que serei preso por matar alguém que acabei de conhecer? – Pergunta o garoto, se recompondo e encarando Elric com íris ferozes.

- Se quiser tentar, fique á vontade. – Provocou o Colosso, e teria acontecido uma verdadeira guerra dentro do Flutuador se Marcus não tivesse interferido com sua voz.

- Tripulação, chegamos! O deserto de Valirys!

Automaticamente, todos nós nos dirigimos para a cabine de controle do Flutuador. Um grande tapete de areia se estendia por quilômetros à nossa frente, sendo interferido apenas por algumas construções grande e pequenas. O palácio se encontrava no meio da cidade, podendo ser visto mesmo a quilômetros de distância com suas torres gigantescas em forma oval e um palácio dourado que competia quase par a par com a imponência do sol.

Aterrissamos o Flutuador detrás de algumas dunas e nos preparamos para ir, menos Aqua, que decidiu ficar caso tentassem furtar ou destruir o nosso único transporte.

- Tem certeza que não quer ir com a gente, Aqua? – Pergunta o Colosso Elric, baixando o capuz.

- Eu ficarei bem, por favor, acha mesmo que não sei me virar sozinha?

A Herdeira do FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora