CAPÍTULO 12

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Helena

"Helena, por favor, me ajude..."

Acordei com um pulo após sonhar que Marcus estava sufocando em seu quarto, com as mãos no pescoço e um olhar de suplica em seu rosto. Mas, de alguma forma, no sonho eu não estava nem um pouco perto dele, era como se apenas observasse aquela cena.

Por impulso, levantei da cama rapidamente e corri até seu quarto, abrindo a porta com força apenas para vê-lo da mesma forma como vi no sonho, hiperventilando e agarrando um travesseiro como quem agarra seu ursinho de pelúcia favorito.

- Hel...ena...me ajude, não...consigo respirar. – Sua voz falhava pelo esforço que estava fazendo para voltar a respirar, e então eu vi algo que nunca pensei que iria ver em seus olhos: puro desespero.

Corri até ele e descobri que estava tendo uma crise de pânico após mais um pesadelo, estavam ficando cada vez mais frequentes à cada noite. Aquilo que o Rei das Trevas fez a ele, seja lá o que tenha sido, estava acabando com sua sanidade.

Pus uma mão em seu peito e agarrei a mão esquerda do moreno com toda a força que tinha, para lhe passar um pouco de confiança. Fiquei repetindo "inspire, respire, devagar" por uns 15 minutos, até que o ar finalmente parecia estar entrando novamente em seus pulmões.

Ao fim de tudo, os músculos dele já estavam tão fracos que meu amigo apenas se deixou desabar em meus braços, e eu o segurei da melhor maneira que pude.

- Estão cada vez piores. – Disse ele, com um sussurro quase inaudível. – Aquele rei desgraçado!

Sua voz se misturava em um tom de ódio e tristeza, mas eu conseguia ver o terror em seu rosto, entrando em seu interior e tentando destruir a sanidade que ainda havia dentro dele. Em um momento de clareza, fiquei me perguntando como pude ouvir e ver exatamente o que ele estava dizendo mesmo estando a quase um corredor de distância de seu quarto. Poderia ser um poder que eu não sabia que tinha? Ou apenas uma mera coincidência?

- Marcus, se acalme, está tudo bem agora. Você está aqui, não lá, foque no agora. Eu estou aqui com você. – Disse baixinho. Parecia estar acalmando uma criança, o que parecia de certa forma curioso, pois ele era muito mais alto que eu.

- Não vá embora hoje, por favor. Não quero mais ficar só e muito menos acordado.

Sua voz implorava para que aquilo acabasse logo, e eu sentia toda a culpa do mundo sobre mim por não poder ter ido com eles, assim ao menos poderia ter evitado que tudo isso acontecesse, ao menos poderia ter protegido ele. Mas de qualquer forma, um de nós acabaria como Marcus, era apenas questão de quem o Rei escolheria para atormentar.

- Marcus, eu sei que não é nada confortável lembrar desses pesadelos, mas preciso que se esforce um pouco e me conte o que vê neles.

O moreno suspirou de pesar e assentiu positivamente em resposta, apertando ainda mais minha mão. Retribui seu gesto para mostrar que não iria embora.

- Os pesadelos costumam ser diferentes uns dos outros. Em alguns, vejo toda a nossa base queimada e todos os que moram aqui mortos. Em outros, apenas você está no chão, com sangue saindo de vários ferimentos, mas eu não posso me mexer um centímetro para te salvar. – Marcus cerra os dentes e fecha os olhos, talvez na tentativa de afastar o pensamento. – Em todos eles vejo minha a falha, em todos eles vejo as pessoas que eu amo mortas, e vejo você morta na maioria deles. Logo atrás de mim, uma voz sempre sussurra que eu falhei e que nunca conseguirei salvar todos vocês, e então o pesadelo acaba.

Olho para Marcus e ele baixa os olhos, parece querer chorar novamente, mas segura o máximo que pode para não parecer fraco na minha frente. Foi uma das lições que o exército nos ensinou, nunca deixe que suas emoções tomem conta de você.

A Herdeira do FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora