A Herdeira do Fogo

CAPÍTULO 15

Helena

Soldados de todos os lados vieram em nossa direção no momento seguinte, gritando e levantando suas lanças afiadas para nós. Eu e Marcus lutávamos como verdadeiros dançarinos em um baile de guerra, movendo nossas armas e cravando-as em vários dos guerreiros que tentavam nos impedir de escapar. Distribui socos e joelhadas enquanto meu amigo se teletransportava de um lado para o outro, fazendo alguns dos soldados ficarem desnorteados e esbarrarem uns nos outros enquanto tentavam lutar conosco.

O moreno olhou para mim com um certo temor assim que notou que mais soldados vinham em direção daquela sala minúscula em que estávamos. Reconheci bem aquele sentimento pois também estava provando dele no momento, porém a adrenalina que corria pelo meu corpo inteiro fazia-me sentir invencível, era como se nada pudesse me parar agora. Encarei minhas próprias mãos e no mesmo instante Marcus entendeu o recado, preparando-se para se teletransportar mais uma vez.

Concentrei novamente o poder da chama e em menos de um segundo o lugar onde estávamos se encheu de fogo, e antes que eu pudesse sequer pensar senti Marcus segurar firme em meus braços e novamente usar seu teletransporte, nos levando para o mais longe que conseguisse daqui.

Surgimos novamente em algum lugar de Alexandria e, quando não senti o chão sob meus pés, me permiti dar um pequeno gritinho de susto até cair em uma confortável venda de frutas – que de confortável não havia nada.

Marcus me ajudou a levantar o mais rápido que pôde e continuamos a correr, com um cheiro de melancias e maças emanando de nós em cada lugar que passávamos. Pude avistar uma tropa de soldados ao longe lutando para nos acompanhar, porém eu e o moreno éramos muito mais rápidos que eles.

- Helena, pelo amor de Deus, diga que tem um plano! – Gritou Marcus, sem demonstrar nenhum tipo de cansaço na voz, mas com uma certa urgência.

- Eu tenho um plano! – Falei, tentando cobrir o barulho das pessoas que circulavam na feira e pensando um pouco em o que diabos eu iria fazer para sairmos dali.

- Ai, meu Deus, você não tem um plano! – Disse ele, em um tom tão desesperado que, se não fosse pela situação, eu provavelmente riria de tão hilário.

Continuamos a correr até darmos de cara com um verdadeiro muro de oficiais, e teríamos parado no mesmo instante se não tivéssemos ouvido Nico correndo – e gritando – atrás de nós, vindo a toda velocidade em nossa direção. O Colosso colidiu com toda força com a massa de soldados a nossa frente, fazendo armaduras e escudos voarem por todos os lados, era como se ele tivesse derrubado um monte de penas leves e macias.

Além de Nico ter ficado para nos ajudar, tiros de algum tipo de arma de fogo derrubavam qualquer um que tentasse nos impedir de sair do reino. Vinham exatamente detrás de nós e eram lançados por dois Chamuscadores, que usavam nada mais nada menos que as próprias mãos para efetuar os disparos, com uma precisão tão boa que nem o melhor atirador de elite conseguiria ter.

No caminho para o muro, também consegui derrubar alguns oficiais usando as armas que Max havia nos dado, e o moreno fazia o mesmo, parecendo até estar se divertindo com toda aquela aventura. No fim, parecíamos dois guerreiros que sentiam saudade de lutar por alguma coisa, de ter algo no que acreditar. Os rebeldes nos deram um motivo para isso e desconfio que foi por isso que agarramos a causa com tanta força, assim como todos os que haviam restado das tribos do passado.

- Muito bem, vamos atravessar esse muro e sair daqui! – Diz Marcus, e todos pegam em seus braços, preparando-se para mais uma rodada de enjoo. – No três! Um...dois...três!

Nos teletransportamos para o outro lado antes que uma chuva de flechas de bestas atinja a parede, agora sem um alvo em que pudessem ser cravadas, e quando sinto que dessa vez estamos sãos e salvos no solo, começo a correr sem parar em direção ao acampamento que montaríamos assim que a missão houvesse sido concluída.