Helena
No começo da manhã seguinte grande parte dos membros das tribos estavam animados para voltar para o que Marcus chamou de "o lugar que nos pertence por direito", apesar de que, como muitos nunca haviam pisado lá, havia também um clima de receio entre alguns. Presumi imediatamente que o lugar do qual ele falou era o mesmo que foi destruído a muito tempo atrás, numa luta do líder de minha tribo contra o Rei das Trevas, a qual acabou causando a morte do líder e, por fim, o meu nascimento, se é que posso dizer que realmente nasci de fato.
Grande parte dos que estavam aqui – no mínimo 100 pessoas ou mais – iriam partir hoje mesmo, estavam com medo de que o rei descobrisse tudo cedo demais e matasse a todos nós. Se eles partissem, pelo menos não conseguiria achar todos e assim teríamos uma chance maior de contra-atacar. Eu, Marcus e alguns outros membros das tribos dos mentalistas, marines e colossos decidimos que ficaríamos aqui, nos assegurando de que tudo seria totalmente encoberto antes de irmos embora.
Estávamos terminar de empacotar a última leva de comida quando avistei ao longe um enorme pássaro de metal vindo em direção ao palacete. Uma espécie de luz amarela envolvia toda a sua parte inferior e parecia ser movido por nada mais nada menos que motores gigantes que mal faziam barulho apesar do tamanho da coisa em si. De repente, á visão daquela criatura de metal que ninguém parecia conhecer, todos que estavam do lado de fora começaram a gritar exasperados temendo que fosse o rei chegando para nos aniquilar, mas Marcus prontamente assumiu a liderança.
- Acalmem-se todos, este não é o rei! É a nossa ajuda! – Disse ele no megafone, afim de que todos os que estavam em frente ao Palacete escultassem.
O pássaro de metal pousou no chão, fazendo um vento gelado bater contra todos nós, e a massa de gente que esperava para partir se acomodou nas portas do grande palácio, esperando para ver se aquilo era realmente confiável.
Abriram caminho para que Marcus passasse e ele pediu para que eu o acompanhasse. Como nós dois liderávamos as missões de agora em diante, eu precisava estar tão a par da situação quanto ele.
Marcus me contou no caminho que aquela máquina gigante que media quase dois campos de treino chamava-se "Flutuador". Era movido por dois motores e quatro turbinas, como imaginei, e eu não fazia ideia de como aquilo poderia funcionar, mas me peguei extremamente encantada com sua grandiosidade pois sempre fui fascinada por máquinas desde criança.
Do flutuador saíram três homens. Dois deles totalmente vestidos com armaduras de cor preta como carvão e músculos duas vezes maiores que os de Lucca, pareciam verdadeiros brutamontes e quase pensei em perguntar a Marcus se os dois eram Colossos, mas o homem que estava no meio deles interrompeu meus pensamentos.
Ele tinha cabelos dourados e uma roupa preta como a deles, porém adornada com linhas douradas e o brasão de algum reino ou tribo da qual eu nunca tinha ouvido falar no peito. O homem era da mesma altura que Marcus, o que me fez sentir como se fosse uma anã no meio de 4 gigantes, e trazia no rosto uma face fechada e séria, quase como a do moreno ao meu lado quando tinha que tomar grandes decisões.
- É bom te ver de novo, Marcus. – Disse ele, apertando a mão do moreno com certa simpatia, como se já se conhecessem de tempos passados. – E...você? Quem é você?
O loiro lançou um sorriso maior quando olhou para mim, mostrando seus dentes extremamente brancos e os olhos mais azuis que o céu. Apenas apertei a mão dele de volta, retribuindo com minha expressão mais fechada, já havia aprendido como lidar com homens como ele no exército.
- Meu nome é Helena, mas isso não vem ao caso. Imagino que veio tratar assuntos com Marcus e não comigo.
Á minha resposta, pude ver o sorriso do homem se desfazer apenas um pouquinho, e o de Marcus, de certa forma, aumentar. Provavelmente teria dado uma bela risada se não estivéssemos em um momento tão sério, e admito que eu também.
- Bom, então, Aaron, vamos resolver logo o que está pendente. O veículo está pronto? – Perguntou Marcus, olhando para o flutuador às costas do tal homem.
- Ah, claro. – Aaron passou uma das mãos pelo cabelo e voltou a sorrir. – Colocamos mantimentos extras nos compartimentos para que possam chegar lá com alguma energia, e meus sentinelas estarão à postos para vigiar a sua chegada e garantir a segurança de todos. Tudo está indo como o combinado.
- Muito obrigada, Aaron. Seus serviço serão recompensados um dia. – Diz Marcus, dando um último aperto de mãos e se afastando.
Antes que eu pudesse acompanhá-lo, o homem pegou em meu braço com certa urgência e tentei soltar-me dele, mas Aaron era visivelmente mais forte do que eu.
- Tenha cuidado, chama, não estaremos aqui para te proteger para sempre.
Suas palavras saem como cacos de vidro e me perfuram por dentro, sinto meu coração acelerar de medo, minha respiração falhar como se estivesse alto demais para poder puxar o ar nos pulmões e logo depois, não os vejo mais em minha frente. Marcus está exatamente ao meu lado, olhando para mim com um olhar preocupado e avaliando se deveria me chamar de volta ou não.
- Está bem, Helena? – Pergunta ele, finalmente, tocando uma das mãos em meu ombro, apesar faço que sim com a cabeça.
- Quem é esse cara, afinal? – Pergunto, assim que consigo voltar ao estado normal, com um tom de raiva escapando em minha palavras.
- É Aaron Lake, da tribo Lake das terras mais ao sul. Não estão no mapa e ninguém sabe que eles existem, apenas as tribos principais e agora, você. – Diz ele, enquanto andávamos de volta para dentro do Palacete. – É um dos mais poderosos líderes que existe no país e ninguém sabe exatamente que poder ele tem, mas felizmente seu povo devia um grande favor a mim e eu não tinha cobrado ainda. Sabia que precisaria para algo maior.
Não disse nada a Marcus, mas desconfiei desde o primeiro momento desse homem chamado Aaron assim que seus olhos encararam os meus. O líder de cabelos dourados me causou uma sensação parecida de quando me vi sozinha na floresta com o Rei das Trevas, algo como uma impotência, como se estivesse em outra dimensão e não aqui de fato, uma onde não importa o que eu fizesse, não poderia fazer nada contra ele. Talvez o poder dele tenha algo a ver com os mentalistas, ou talvez ele deva ter algo ao qual ainda não temos conhecimento e é isso que me causa tanto temor. O rei já nos fez estragos demais, não posso permitir que ele estrague tudo o que me sobrou, tudo o que sobrou a todos nós.
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A Herdeira do Fogo
FantasyHelena, uma jovem de 24 anos, é comandante do maior exército dos 4 continentes, com sua maior sede de comando na Capital, Alexandria. Tendo escapado da morte certa pela fome que assolava seu país a 4 anos anos atrás, a garota prometeu que serviria o...