CAPÍTULO 25

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Marcus

Os olhos de Helena escurecem assim que avistam a sombra negra que se aproxima cada vez mais, a qual emite um som tão terrível de correntes se arrastando enquanto anda que me faz ter um leve vislumbre de quando ainda estava preso lá, naquela cela, sem esperança alguma de que alguém pudesse me salvar daquela agonia.

Começo a entrar em desespero no mesmo momento. Todos os que estavam ao redor – principalmente os cidadãos – soltam gritos de surpresa e terror, correndo para o mais longe possível e provavelmente tão assustados quanto todos nós estávamos com a visão daquele homem feito de sombras.

- Ora, ora, não é o momento para isso. Vamos, Helena, fale comigo. Não seja tão mau educada. – O Rei envolto em sombras põe uma das mãos no queixo da mesma, porém Helena nem responde. Seu corpo está estagnado de medo. – Bom, se não responder, seus seguidores sofrerão as consequências.

No mesmo momento, as mãos de Darius fazem um movimento para cima e para baixo, e logo após, se fecham. Meus pulmões param de puxar o ar imediatamente e todos os que estavam nos acompanhando na missão caem comigo. Já no chão, tento mexer um único músculo sequer para ajudar Helena a acordar de seu tranze, porém nada me responde.

Com um misto de agonia e terror, meus olhos começam a escurecer até que eu não consiga mais ver nada ao meu redor. Seguido a isso, todo o meu corpo começa a doer como se estivesse sendo queimado em brasas de dentro para fora e grito com todas as forças que tenho, porém nenhum som é emitido. Não sou mais eu quem controla meu corpo de agora em diante, é Darius.

A cada segundo penso em como queria que Helena acordasse. Como queria que ela ao menos visse o que esse monarca desgraçado está fazendo com todos nós. Ou será que ele a controlou também? Maldito Rei! Vamos, Helena! Por favor, por favor, não deixe que isso consuma você também.

De repente, no auge de meu desespero, a luz finalmente volta a invadir minha visão e meus pulmões voltam a respirar, porém permaneço sem controle sobre meu corpo. Abro os olhos à tempo de conseguir presenciar um rei meio ferido no braço esquerdo, com uma leve fumaça ainda saindo do mesmo e algumas queimaduras bem leves.

Presumo que o monarca subestimou tanto o poder de Helena que acabou achando seguro manter sua forma não espectral, porém ele estava totalmente enganado.

Helena aperta as mãos que agora se assemelham a punhos. O fogo dança por seu corpo de uma maneira tão forte que me faz querer recuar, tamanho era o calor que ela emanava. As veias de seu rosto e braço estão um pouco saltadas e juro que, se pudesse ver seus olhos agora, estariam envolvidos em chamas também.

- Não ouse chegar perto deles! – Diz Helena, tão alto que quase faz o Rei recuar. Quase.

- Ou o que? Vai me lançar dentro de uma fogueira? Não acho que conseguirá fazer isso tão cedo, querida. – O Rei zomba de Helena, gargalhando como se tivesse ouvido uma piada muito boa.

- Consegui te atingir uma vez, não duvide de mim, consigo fazer isso novamente. Você é tolo, morrerá cedo se continuar subestimando todos assim. – Helena dá um enorme sorriso e suas chamas aumentam ao redor de si. – Afinal, você não passa de um garoto solitário em uma prisão que insiste em chama de “seu castelo”.

O garoto de cabelos loiros cerra os dentes e seu maxilar trava de tensão, demonstrando a raiva e o desconforto que sente em enfrentar Helena cara à cara com todas as suas provocações, que se assemelhavam até mesmo com as dele. Em um movimento rápido, o Rei das Sombras some e reaparece em sua retaguarda, segurando uma foice gigantesca também feita de sombras. Porém Helena é mais ágil e desvia do ataque, desferindo um soco no rosto desprotegido do monarca e logo após se afastando.

A Herdeira do FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora