CAPÍTULO 20

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Helena

O lugar onde aterrissamos o Flutuador está lotado de gente. Quase sempre passam correndo por mim salvadores pegando gazes extras, Chamuscadores treinando seus tiros ao alvo com bolas de fogo, Colossos e Transportadores ajudando a carregar a grande máquina de metal para a viagem o mais rápido possível. Estava tudo acontecendo como o planejado, bem demais, certo demais.

- Senhorita Helena, com sua licença. – Uma mão firme toca em meu ombro, fazendo-me virar imediatamente para trás e dar de cara com um grupo de quatro pessoas à minha frente, todos parecendo ter exatamente a minha idade. – Somos os seus recrutas de front.

Recrutas de front, normalmente os mais fortes de cada tribo. Pelo que eu saiba, nunca na história algum tinha morrido em uma luta, apenas de causas naturais. Podiam controlar seu poder como ninguém e acabar com uma leva de cem soldados apenas brincando. Bom, é isso que vamos ver quando estivermos na batalha de verdade.

- Acho que não seria bom começarmos sem Marcus. – Falo, imediatamente procurando-o no meio da multidão de tribos; porém, no mesmo instante, o mesmo aparece atrás de mim como um fantasma, usando o seu teletransporte.

- E aqui estou eu! Acho que podemos começar agora. – Ele sorri para mim e depois para o grupo, parecendo extremamente feliz e especialmente radiante esta manhã, finjo não saber o motivo.

- Com sua honra, Comandante Helena e Comandante Marcus. Estamos à seu dispor.

Cada um foi se apresentando a sua maneira e, ao observar todos eles, percebo como os poderes os faziam ser totalmente diferentes em aparência e comportamento, mas, ainda assim, eram família.

O primeiro a se apresentar foi o que me tocou no ombro.

Se chamava Elric, herdeiro da tribo dos Colossos. Tinha uma mania estranha de sempre passar a mão pelo cabelo loiro e ser bastante falante.

Alissa, herdeira do clã dos Salvadores, era bem tímida, sempre corando quando alguém lhe dirigia a palavra. Tinha as madeixas ruivas, da cor do sangue, com uma flor rósea delicada repousando no topo da cabeça.

Aqua, herdeira do clã da água, era até um pouco teimosa, difícil de lidar de primeira, mas nada que não pudéssemos dar um jeito. Tranças de seu cabelo azulado caíam sobre seus ombros, fazendo-a parecer mais velha do que já era.

O último, herdeiro da tribo dos mentalistas, se chamava Mika – lê se "miká" –, era o mais recluso do grupo, respondendo apenas o necessário e permanecendo o resto do tempo calado. Seu cabelo branco o fazia quase desaparecer no sol por causa da pele extremamente pálida.

Esse, em especial, me dava um certo receio. Nunca tinha sequer visto um mentalista de perto e só os deuses sabem o que eles podem fazer com quem não vão com a cara. O problema é que ele parecia não ir com a cara de ninguém.

- É um prazer conhecer todos vocês. – Diz Marcus, com um sorriso convidativo e fazendo um pequeno gesto com a cabeça. – Espero que formemos uma ótima equipe.

- Esperamos o mesmo, Capitão. – Diz o loiro, tomando as rédeas de toda e qualquer resposta, como se fosse o líder do grupo.

Nos despedimos do grupinho de conjuradores elementais depois de uma longa conversa sobre os planos da missão e, quando todos se afastam o suficiente, Marcus deixa escapar um riso divertido da boca.

- Me sinto como um pai criando adolescentes inconsequentes.

O olho com uma expressão um tanto irônica. Acho que os papéis estão um pouco invertidos se for essa a questão.

A Herdeira do FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora