CAPÍTULO 23

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Alexandra

- Eu não aceitarei tal injúria contra nossa coroa! – Grita meu sobrinho, Darius, assim que recebe mais uma nova informação sobre os rebeldes e sua nova garota propaganda, Helena. – Não é possível que essa pirralha continuará nos desafiando assim!

O rosto dele já estava vermelho por causa da discursão. Nem de longe conseguia controlar suas emoções – em especial a raiva –, mesmo estando cercado de todos os conselheiros do reino ao seu dispor para resolver seus problemas. Por vezes, ainda penso que seria melhor eu tê-lo mandado para um abrigo qualquer nas montanhas quando tive a chance. Eu poderia ter ficado no comando se encobrisse bem e só então esse reino teria uma realeza de verdade no trono, e não um garoto mimado que só sabe pensar no próprio nariz.

- Meu rei, essas foram as informações que consegui descobrir. – A voz do espião adolescente de cabelos brancos parecia querer desaparecer da garganta, quase tremia, mas tentava permanecer imóvel e quase indecifrável em nossa presença. – Peço permissão para deixar o salão.

- Fez um bom trabalho, garoto, mas ainda não o suficiente. Trate de trazer mais informações da próxima vez. Guardas, abram os portões.

Ao comando de Darius, o jovem dá meia volta e se dirige para a porta de saída do Salão do Trono. As portas douradas são abertas por dois guardas extremamente armados e, antes que ele pudesse sair, meu sobrinho lhe faz uma última ameaça.

- Se lembra do nosso acordo, não lembra? E já sabe o que acontecerá com sua família se não cumprir.

Por alguns segundos, um silêncio toma conta da sala e o garoto fica estagnado na porta. Por fim, balança a cabeça e diz:

- Tenho conhecimento disso, alteza. Obrigada pela atenção.

E sai sem nem ao menos olhar para trás, fazendo a grande porta soltar um ruído alto quando é fechada atrás dele.

Darius se levanta do trono de prata ao meu lado, entorpecido.

A coroa dourada pendendo da cabeça, meio desajeitada e muito grande para ser usada por alguém tão jovem.

- Senhores, podem se retirar. Outra hora discutiremos sobre as questões relacionadas ao reino.

No minuto seguinte, já não há mais ninguém na Sala do Trono, apenas os guardas que esperavam do lado de fora da porta.

- O que pretende fazer, meu Rei? – Pergunto, forçando-me a chamá-lo da maneira que queria e recebendo de volta um olhar feroz capaz de cortar pessoas ao meio; não duvido que é o que ele quer neste exato minuto.

- Se houvesse como, já teria cortado fora a cabeça daquela fedelha que se auto intitula líder. – Fala ele, dando um soco em um dos apoiadores de braço do trono. – Ainda não acredito que tínhamos a nossa resposta nas mãos esse tempo todo e, por causa daquele idiota do Marcus, acabamos por perdê-la.

Sua raiva em relação ao ex-soldado era compreensível. Antes que pudéssemos ver, o mesmo nos tirou a própria chama sagrada encarnada por meio de um plano, no mínimo, muito bem executado. Se aproveitou da nossa falta de atenção para nos enganar na frente de nossos olhos.

- Porém, apesar desse contratempo, tenho mais uma ótima ideia. – Um sorriso pendia de seus lábios, o qual me causou um arrepio na espinha. – O novo informante tem trazido poucas, porém valiosas, informações, e agora sabemos exatamente qual o próximo passo do grupinho de revolucionários.

Darius estende um mapa em suas mãos e eu o olho com atenção. Observo os pontos vermelhos marcados no mesmo, todos possíveis cidades onde deveriam haver as novas maiores ameaças para o nosso reinado – os elementais –, e claro, Helena e sua gangue.

- Estarão em Valirys daqui à dois dias. Ontem estavam em BlackSmith Land e conseguiram ter sucesso na missão graças aos transportadores, mas dessa vez quero ao menos a cabeça de algum deles em minhas mãos, e me encarregarei de fazer isso pessoalmente.

O loiro se levanta do trono e anda em direção ao portão de saída, com o mapa em suas mãos quase sendo amassado por sua força.

- Como pretende fazer isso, Darius? – Pergunto, levantando do trono e o olhando de maneira firme.

O loiro para alguns metros antes da grande porta, virando-se em minha direção com um sorriso aberto e assustador no rosto. Os olhos haviam adquirido a cor de um vermelho vibrante e, por um minuto, consegui ver meu irmão tomando conta de sua cabeça e corpo.

- Não queira saber quais são ao piores formas de matar alguém, irmãzinha. – A voz dele soa rouca, exatamente como a de Esteros, então estremeço ao ouvi-la.

Assim que meu sobrinho sai da sala, desabo no trono e respiro fundo, aliviada, afim de acalmar o tremor que havia tomado conta de minhas mãos.

- Minha Rainha, precisa ir para seus aposentos? – Ouço uma voz doce vinda da minha direita, e quando olho, vejo que é Layla, minha serva mais presente e gentil.

- Você sempre sabe a hora de me agradar. – Falo com um sorriso, imediatamente levantando e cruzando meus braços aos dela para que me acompanhasse aos meus aposentos.

Tomo um banho demorado assim que chegamos, tentando esvaziar minha cabeça de todas as discursões dessa manhã.

Tenho uma ideia de como Esteros vai fazer para chegar até Valirys – um dos lugares mais selvagens e terríveis desse continente – porém, dessa vez, não gostaria nem um pouco de ir junto a ele.

- A água estava agradável, majestade? – Pergunta Layla, surgindo no quarto com um roupão e uma toalha para os cabelos.

- Estava perfeita, Layla. – Sorrio, pegando o roupão e o vestindo em seguida. – Me ajudou a acalmar um pouco os pensamentos sobre meu irmão.

Quando sento na cama, a mulher de cabelos brancos e pele escura cor de chocolate me encara com certo temor. Sabe que algo me preocupa e reconhece muito bem o que deve ou não perguntar, mas prefere que eu dê as respostas por mim mesma.

- Meu irmão está cada vez mais tomando o corpo de meu sobrinho e, lá no fundo, sinto um pouco de pena dele. – Suspiro à menção de meu irmão, não tenho boas memórias de quando ainda era vivo. – O garoto não teve escolha em abrigá-lo quando completou 18 anos e a sede por poder de Esteros pode simplesmente matar todos nós ou, com uma grande pitada de sorte, fazer do nosso reino o mais poderoso de todos os continentes, mais ainda do que já é. Porém, com isso, ele instaurará um verdadeira ditadura e ninguém mais poderá contrariar suas ordens. É disso que tenho mais medo.

Layla passa um tempo pensando e junta as mãos nas pernas, nervosa. Sinto que também treme um pouco, fazendo-me notar como estava ficando frio ultimamente, como mais um aviso de que o inverno estava batendo a nossa porta. Prontamente lhe ofereço um de meus casacos e ela aceita de bom grado.

- Não sei muito o que dizer, Majestade, mas se me permite... – Ela me olha buscando aprovação e eu assinto positivamente com a cabeça. – O nosso rei assumiu o trono muito cedo e não podemos pôr toda a culpa nele. Esteros foi mal com a senhora, extremamente vilanesco e diabólico, não pode esquecer-se disso se ainda almeja assumir o trono.

Ponho minhas mãos em cima das de Layla, levando uma das minhas até seu rosto e o acariciando de leve. Lembro da vez em que a mesma garota que vejo a minha frente me salvou de ser molestada pelos amigos de meu irmão, me senti extremamente agradecida na época e desde então ela nunca mais saiu do meu lado.

A única diferença é que a mulher que está na minha frente hoje se tornou mais forte e ainda mais decidida que no dia em que me salvou. Foi por essa mulher que me apaixonei ao longo dos anos e é ela quem pretendo tornar a minha rainha quando conseguir tomar o trono.

- Minha querida Layla, mal vejo a hora de poder te ter ao meu lado. – Dou um beijo demorado na mulher de cabelos brancos, sorrindo e me afastando rápido, antes que alguém nos visse e mandassem nós duas para a forca. – Juntas, governaremos esse reino em ruínas e poderemos viver felizes para sempre, finalmente.





Oi, meu povo! Aqui estou de novo ^^
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Espero que tenham gostado, um feliz natal pra todo mundo e um beijo da autora! <3
Até o próximo ^-^







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