Capítulo III - Pensava que acreditavas em mim...

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Eu e o Lourenço estávamos sentados a beber café na cozinha e ele parecia preocupado.

D.: O que é que se passa, Lourenço?

L.: Tens de sair daqui. - olheio nos olhos e ele estava em pânico. 

D.: Mas passa - se alguma coisa? Desculpe aquilo do meu filho, nós não vamos apresentar queixa por ele ter imaginado uma velhar qualquer no quarto!

L.: Ele não imaginou, ele viu. - levantou - se bruscamente e virou - me costas.

D.: Desculpe? - já não estou a perceber o rumo desta conversa.

L.: Não, não posso falar mais... - vira - se para mim e aproxima - se - A única coisa que te posso dizer, rapaz, é que, para o teu bem e para o bem da tua família, saiam desta casa!

D.: Não estou a perceber, Lourenço. Quer dizer, antes, estava feliz por conhcer o meu pai e por eu voltar às minhas raízes e, agora, está a pedir - me que saia a correr da casa do seu irmão falecido?! Ao menos, dê - me uma boa desculpa...

O Lourenço senta - se a meu lado mais calmo, mas sempre com receio de falar demasiado ou de dizer alguma coisa que não suposto ser dita.

L.: Eu já falei demasiado, parece que agora cabe - te a ti decidires se confias em mim ou não.

D.: Como assim «falou demasiado»? E como é que quer que eu confie em si se ainda não disse nada com sentido?!

L.: Sabes qual foi o maior erro do teu pai? Foi não ter confiado no seu instinto!

D.: O quê? O meu pai?!

L.: Não digo mais nada!

Levantou - se bruscamente, nem tentava disfarçar a raiva dentro de si e... Foi - se embora. Foi - se embora sem dizer uma única palavra, batendo com a enorme porta feita de madeira velha. Mas o que é que o meu pai tem a ver com isto? E o que é que ele queria dizer com «não ter confiado no seu instinto? E mais importante, porque é que temos de ir embora desta casa?!

Começo a sentir - me estonteada e com suores frios.

M.: É ali. - aponta para a porta de um quarto.

De repente, o meu cérebro congela, parecendo que vejo tudo em câmara lenta.

C.: Não tenhas medo, querido. - seguro - lhe pela mão e, muito lentamente, abro a porta.

A imagem do quarto começa a aparecer e... MAIS NADA! Suspiro de alívio, por momentos, pensei que a imagem que o Miguel tinha visto, a velhota, era real.

C.: Eu disse - te que não tinhas de ter medo - entro no quarto e puxo - lhe pela mão - Não está ninguém aqui, vês?!

M.: Mas eu vi...

C.: Querido, se calhar foi um sonho ou uma memória e confundiste com a vida real...

M.: Pensava que acreditavas em mim...

C.: E acredito, só que, às vezes, a pessoa vê um reflexo de uma pessoa a andar na rua e confunde...

M.: A andar na rua? Esta casa é completamente isolada, não há ninguém a andar na rua!

Antes de me deixar dizer alguma coisa, vai - se embora a correr chateado.

Acabamos de chegar e o Miguel já arranjou um problema! 

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