Capítulo XIV - Quem é aquela?

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21:30

Após jantarmos, fico sozinha a arrumar a cozinha e a lavar os copos que usamos no jantar. 

Enquanto lavo os pratos penso naquilo que Miguel disse. Alguma coisa aqui não está certa, não é por nada que o pai do Duarte é chamado para aqui! Ele deve ter feito alguma coisa... 

Acabo de lavar os copos e vou para a sala. Assim que chego, vejo o Duarte e o Miguel a jogarem xadrez, o jogo preferido de Duarte, ele passou a sua infância toda a jogar xadrez.

Aproximo - me deles.

C.: Quem é que está a ganhar?

M.: Eu!

D.: O Miguel é ótimo no xadrez! - sei que o Duarte deixou o Miguel ganhar de propósito.

M.: Ganhei o papá três vezes, mamã!

C.: Boa, depois eu também quero jogar. - sento - me ao lado deles os dois.

D.: Já estamos quase a acabar...

Começo a ouvir barulhos do andar de cima.

C.: Ouviram?

D & M: O quê?

C.: Não ouviram um barulho vindo do andar de cim?!

D.: Não, eu não ouvi nada...

M.: Nem eu...

Volto a ouvir o barulho, desta vez percebo melhor, parece uma menina a chorar.

C.: Parece... Alguém a chorar...

D.: Não oiço nada, querida.

C.: Deve ter sido o vento com a chuva... - continuo a pensar no barulho e volto a ouvi - lo.

Miguel e Duarte continuam a jogar, mas eu não consigo continuar a ouvir o barulho de uma raparigaa chorar desesperadamente e não fazer nada, sei que provavelmente estou a ter uma visão mas tenho que ir lá ver o que se passa.

C.: Bem, vou à casa de banho. - levanto - me com dificuldade do chão - Já volto.

Subo as escadas cheia de medo, por isso vou devagarinho. Chego ao segundo andar e este está extremamente escuro e horrivelmente assustador! 

O barulho vem do último quarto do corredor. 

Entro num quarto de menina todo cor - de - rosa. Quem é aquela? Vejo uma menina provavelmente da idade do Miguel, sentada no chão a chorar. Ao que me parece, está a falar com uma boneca que tem na mão.

Menina: Olha só para ti...! - um soluço impede - a de continuar a falar.

Aproximo - me dela e tento perceber se ela me consegue ver.

C.: Eu?

M.: Estás estragada e a culpa foi toda do Lourenço! - chorar mais intensamente - Aquele parvalhão... 

Ela não me consegue ver nem ouvir. Mas parece que ela está a falar com a boneca que tem na mão e que pentei - a os cabelos com os seus dedos pequeninos. Aproximo - me mais dela e reparo que a boneca não tem braço.

M.: Às vezes, penso como é que seria se... - faz uma pausa - Esquece.

C.: O quê? 

É inutil, ela não me consegue ouvir!

M.: Não esquece nada, ele magoou - te e eu vou dizer e quero lá saber se sou irmã dele. - o seu tom de voz já não está frágil como dantes, está irritado - Às vezes, penso que tudo seria melhor se o Lourenço nuna tivesse nascido!

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