21:30
Após jantarmos, fico sozinha a arrumar a cozinha e a lavar os copos que usamos no jantar.
Enquanto lavo os pratos penso naquilo que Miguel disse. Alguma coisa aqui não está certa, não é por nada que o pai do Duarte é chamado para aqui! Ele deve ter feito alguma coisa...
Acabo de lavar os copos e vou para a sala. Assim que chego, vejo o Duarte e o Miguel a jogarem xadrez, o jogo preferido de Duarte, ele passou a sua infância toda a jogar xadrez.
Aproximo - me deles.
C.: Quem é que está a ganhar?
M.: Eu!
D.: O Miguel é ótimo no xadrez! - sei que o Duarte deixou o Miguel ganhar de propósito.
M.: Ganhei o papá três vezes, mamã!
C.: Boa, depois eu também quero jogar. - sento - me ao lado deles os dois.
D.: Já estamos quase a acabar...
Começo a ouvir barulhos do andar de cima.
C.: Ouviram?
D & M: O quê?
C.: Não ouviram um barulho vindo do andar de cim?!
D.: Não, eu não ouvi nada...
M.: Nem eu...
Volto a ouvir o barulho, desta vez percebo melhor, parece uma menina a chorar.
C.: Parece... Alguém a chorar...
D.: Não oiço nada, querida.
C.: Deve ter sido o vento com a chuva... - continuo a pensar no barulho e volto a ouvi - lo.
Miguel e Duarte continuam a jogar, mas eu não consigo continuar a ouvir o barulho de uma raparigaa chorar desesperadamente e não fazer nada, sei que provavelmente estou a ter uma visão mas tenho que ir lá ver o que se passa.
C.: Bem, vou à casa de banho. - levanto - me com dificuldade do chão - Já volto.
Subo as escadas cheia de medo, por isso vou devagarinho. Chego ao segundo andar e este está extremamente escuro e horrivelmente assustador!
O barulho vem do último quarto do corredor.
Entro num quarto de menina todo cor - de - rosa. Quem é aquela? Vejo uma menina provavelmente da idade do Miguel, sentada no chão a chorar. Ao que me parece, está a falar com uma boneca que tem na mão.
Menina: Olha só para ti...! - um soluço impede - a de continuar a falar.
Aproximo - me dela e tento perceber se ela me consegue ver.
C.: Eu?
M.: Estás estragada e a culpa foi toda do Lourenço! - chorar mais intensamente - Aquele parvalhão...
Ela não me consegue ver nem ouvir. Mas parece que ela está a falar com a boneca que tem na mão e que pentei - a os cabelos com os seus dedos pequeninos. Aproximo - me mais dela e reparo que a boneca não tem braço.
M.: Às vezes, penso como é que seria se... - faz uma pausa - Esquece.
C.: O quê?
É inutil, ela não me consegue ouvir!
M.: Não esquece nada, ele magoou - te e eu vou dizer e quero lá saber se sou irmã dele. - o seu tom de voz já não está frágil como dantes, está irritado - Às vezes, penso que tudo seria melhor se o Lourenço nuna tivesse nascido!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Férias Arruinadas
HororUma família que decide passar as suas férias de natal numa casa de campo, totalmente isolada, sugerida pelo colega de trabalho do pai, passa por um grande período de terror. Chamam a isto férias?! ____________________________________________________...