Capítulo XXVI - Ele disse que me ia ajudar a livrar dos corpos.

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Corremos o percurso da loja até à casa do Mestre.

A imagem do Teddy morto permanecia na minha cabeça. É óbvio que aquilo não foi um acidente! Quem é que faria uma coisa destas a um cão?! O pior é que já desconfio de alguém...

Abro a porta de casa.

D.: Carla! - chamo Carla - Já chegamos!

M.: Pai, quem é que fez aquilo ao Teddy? 

D.: Não sei, filho. - dou - lhe uma festa na cabeça - Mas vou descobrir.

Começo a achar estranho a Carla não me responder.

D.: Carla! - grito mais alto.

M.: A mãe saíu?

D.: Não sei. - olho à volta - Vai ver na sala.

M.: Ok...

Miguel vai para a sala.

Mas onde é que estará a Carla?! Não é normal dela desaparecer sem nos dizer nada, ainda para mais que estava cheia de medo de ficar sozinha!

Vou até à cozinha e não está lá ninguém. 

Vou até à sala de jantar e também não está ninguém.

D.: Carla! - grito.

Subo as escadas e procuro no andar de cima, mas mesmo assim não a encontro. 

Desço as escadas e vou em direção à sala ter com Miguel.

D.: Miguel, encontraste - a?

Assim que entro na sala, vejo Carla e Miguel amarrados a uma cadeira e Lourenço ao lado deles com uma faca na mão.

Carla assim que me vê dá um gemido de agunia.

C.: Carla! - olho para ela - O que é que lhes fizeste?

L.: Não pareces muito surpreendido, Duarte...

D.: Já estava à espera de uma visita tua...

L.: É por isso que se iam embora?

D.: Solta - os, Lourenço. Ele é apenas um miúdo...!

L.: Lamento, Duarte, mas eu avisei - te. Não te lembras?

D.: É claro que me lembro.

L.: Eu disse - te logo no primeiro dia que tu e a tua família deviam sair daqui imediatamente, mas não me ligaste nenhuma... Pensaste que eu era um velho louco, não foi?

D.: E não és?! Olha para ti!

L.: Não fales do que não sabes! Eu não queria que nada disto acontecesse, mas tu não me deste outra opção!

D.: Sabes, é isso que não percebo.... - sento - me num sofá individual - Porque é que nos pediste para sairmos daqui?

L.: Cala - te! Já chega de conversas!

D.: Eu tenho uma teoria: tu mataste os teus irmãos assim que ouviste uma conversa entre eles da janela da sal-

L.: O quê?!

D.: Eles estavam preocupados porque o vosso pai deixou - lhes a casa e não te incluíu no testamento, daí a preocupação dos teus irmãos de como irias reagir face a esta notícia, realmente, deve ser triste o nosso próprio pai não gostar de nós.

Carla geme outra vez cheia de medo da reação de Lourenço.

L.: Tu não sabes do que falas! - grita, já irritado.

D.: Sei, acredita que sei muito bem. - olho fixamente para Lourenço - Tu depois de saberes disto, convidaste - os para um jantar e puseste calmantes na salada e serviste - a aos teus irmãos. Levaste a Patrícia para o quarto, algemaste - a na cama e asfixiaste - a. 

L.: Isso é ridículo...! - solta uma gargalhada assustadora.

D.: Posso continuar?

L.: Podes. Diz lá essa tua teoria antes que eu mate a tua mulher e o teu filho.

Olho para Carla e Miguel e estão ambos aterrorizados.

Tento mostrar calma face às ameaças de Lourenço, não quero que ele se aperceba que me está a intimidar.

D.: Obrigado. Bem, como eu estava a dizer, mataste a Patrícia asfixiando - a e mataste o Pedro com um guarda - chuva. E pronto, o teu plano correu na perfeição: não foste apanhado, pois livraste - te do corpo da Patrícia sem ninguém dar conta, pois ela não era lá muito conhecida, dando - a como desaparecida; A parte mais difícil foi livrar - se do corpo do Mestre Pedro, pois ele realmente era muito conhecido cá no Santo, mais tarde ou mais cedo, as pessoas iam estranhar a sua ausência. Por isso, fingiu que o  seu irmão morreu num acidente provocado por um corta - relvas. Ou acha que eu sou burro ao ponto de não ler jornais antigos?! O Lourenço disse que foi apenas «um trágico acidente» que ias a conduzir o corta - relvas e que não deu conta do seu irmão e passou por cima dele.

L.: Já chega, eu não tenho de ficar aqui a ouvir isto!

D.: Após a morte dos seus irmãos, mudou - se cá para casa e uma coisas estranhas começaram a acontecer. Coisas sobrenaturais... E foi por isso que me avisou para sair desta casa, por causa dos espíritos enraivecidos dos seus irmãos. Mas infelizmente, nós continuamos e graças à ajuda dos seus irmãos descobrimos tudo!

L.: Só que falta - te uma parte nessa tua teoria, Sherlock Holmes. 

Lourenço à medida que vai falando, aproxima - se de mim.

L.: Porque é que eu te avisei para saires daqui?

D.: É para eu responder?

L.: É, diz lá, Sherlock.

D.: Porque conhecias o meu pai e eras amigo dele.

L.: Exatamente, éramos amigos. E os amigos fazem coisas incríveis uns pelos outros... Eu contei tudo ao teu pai e sabes o que é que ele me disse?

D.: O quê?

L.: Ele disse que me ia ajudar a livrar dos corpos.

D.: Não, ele não era capaz disso!

L.: Não só não era, como fez! Foi o teu pai que me ajudou a montar o cenário da morte do Pedro e foi ele mesmo que se livrou do corpo da Patrícia.

D.: Não...!

L.: O teu «papá» triturou o corpo da minha querida irmã.

Saio da sala a correr e vou para a cozinha.

Vomito para o lava - loiça.

Lourenço vem atrás de mim.

L.: Acredita no que te digo, o teu pai era tão mau como eu. Quer dizer, acho que era pior. Eu fiz isto para ficar com a casa, agora ele, ele fez isto por apenas prazer. Duarte, o teu pai é um psicopata.

Volto a vomitar.

Passo água na cara e olho para Lourenço.

D.: Por favor, deixa a minha mulher  e o meu filho. Eles não têm nada a ver com isto! 

L.: Eu queria, mas eles envolveram - se demasiado...!

Lourenço pega na maior faca da cozinha e vai em direção à sala e sem hesitar vou atrás dele.

Carla e Miguel estavam cada vez mais com medo.

L.: Escolhe o primeiro.

D.: O quê?!

L.: Escolhe um, que eu mato. 

D.: Eu não vou fazer isso, seu tarado!

L.: Pois, realmente não pensei bem, desculpa. - passa - me a faca - Matas tu!

D.: Eu não vou matar nenhum deles!

L.: Vá lá, eu sei que lá no fundo querias. Afinal, tens sangue de psicopata em ti!

Aceito a faca e fico especado a olhar para ela.

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