* Carla
Chegamos à mercearia. Quero voltar a falar com a empregada de caixa para ver se ela me diz mais qualquer coisa.
C.: Bem, precisamos de leite. - digo para Miguel.
M.: Eu trato disso.
C.: Muito bem, querido, és um bom ajudante!
Miguel vai então à procura do leite, enquanto, aproveito para falar com a mulher.
C.: Boa tarde, lembra - se de mim?
E.: Claro que me lembro, é a senhora que vai passar o natal na Casa do Mestre.
C.: Pois sou. Queria falar consigo, se não se importasse.
E.: Diga, como pode ver, não estamos lá muito cheios!
C.: A... - leio o cracha da farda da mulher - Susana sabe quem é a D. Dolores e o Sr. Rui?
E.: Se não me engano, a D. Dolores já faleceu.
C.: Pois já. E o Sr.Rui, conhece?
E.: Sim, os meus pais falavam bem com ele, mas se o quiser encontrar, ele já não está aqui, vive no Funchal.
C.: Eu sei.
E.: Então conhece - lo?
C.: É o meu sogro.
E.: Ah é?
C.: Ok, Susana, vou lhe fazer uma pergunta mas não pode dizer a ninguém que eu lhe perguntei isto, pode ser?
E.: Diga lá, Dona.
C.: Acha que ele era capaz de fazer alguma coisa...?
E.: Alguma coisa como assim?
C.: Como homicidio. Acha que ele era capaz de cometer um homicidio?
E.: Porque é que me está a perguntar isso? Ainda por cima é o seu sogro.
C.: Porque a Susana é a única pessoa que me pode ajudar. Por favor, acha que ele era capaz de ter magoado alguém?
E.: O Sr. Rui...? Não! Ele não fazia mal a uma mosca!
C.: Tem a certeza?
E.: Claro!
C.: E já ouviu alguma conversa suspeita entre ele e o Lourenço?
E.: O Lourenço, irmão do Mestre Pedro?
C.: Sim.
E.: Acho que não... Já os vi a conversarem várias vezes mas não me punha a ouvir as suas conversas.
C.: Tem a certeza?
E.: Tenho! Quer dizer, não sei...
C.: Ok, então, se se lembrar de mais alguma coisa, POR FAVOR, ligue - me. - retiro da minha mala uma caneta e rasgo uma folha da minha agenda. - Está aqui o meu número - escrevo o meu numero na folha - Ligue - me se se lembrar de mais alguma coisa! Mesmo que seja insignificante!
E.: Com certeza.
Miguel aparece com o pacote de leite na mão.
M.: Já está.
C.: Demoraste!
M.: Estive a ver os brinquedos.
C.: Ah...!
E.: Então, o que é que pediste ao Pai Natal?
M.: Um camião!
E: Um camião?! Tens bom gosto!
11:40
*Duarte
Entro na banheira e começo a tomar banho. A água está gelada! Não há gás nesta casa?! Fecho a torneira e oiço um barulho vindo de lá de baixo. O que é desta vez? Parece que está alguém qui dentro de casa, pois consigo ouvir o ranger do chão de madeira como se alguém estivesse a andar.
Saio da banheira e embrulho - me numa toalha. Desço as escadas e sigo o barulho. Vem da cozinha. Vou até lá, mas não encontro nada nem ninguém.
C.: Duarte?!
Dou um pulo.
D.: Fogo, assustaste - me!
C.: Aconteceu alguma coisa?
D.: Não. Quer dizer, ouvi um barulho da cozinha e depois tu apareces e quase que tive um ataque cardíaco!
C.: Desculpa.
D.: O Miguel?
C.: O Miguel encontrou um cão abandonado no jardim e está derretido com ele.
D.: Deixa - me ajudar - te com os sacos.
12:30
*Carla
C.: Venham comer! - grito para Duarte e Miguel.
Pouso o prato dos ovos mexidos na mesa da sala de jantar e volto à cozinha para buscar o resto da comida. Assim que chego à cozinha, vejo o prato dos ovos em cima do balcão.
C.: Mas eu...
Pego no prato dos ovos e volto a pousa - lo na mesa da sala de jantar.
Volto à cozinha e pego no prato das panquecas e noutro onde estava o bacon e ponho - los por cima da mesa da sala de jantar. Desta vez, o prato estava lá tal como eu o tinha deixado.
C.: É oficial: estou a ficar maluca!
Vou à cozinha buscar o café, o sumo de laranja e o leite e pouso - os sobre a mesa.
C.: Duarte! Miguel! Venham comer! - grito para eles novamente.
Duarte aparece.
D.: Já estou, já estou!
C.: Finalmente!
D.: Uau, esta sala é um espanto! - passa a mão por uma cadeira - Olha só para as cadeiras, devem valer uma fortuna...!
C.: Eu...
D.: Tu o quê?
C.: Nada, esquece.
D.: Diz lá, agora quero saber.
C.: Eu trouxe o prato dos ovos mexidos para a mesa, fui à cozinha buscar o resto da comida e quando voltei o prato já não estava aqui, estava na cozinha.
D.: Tens a certeza que o trouxeste para aqui?
C.: Sim! Não sei! - faço uma pausa para pensar - Acho que sim, devo estar a ficar maluca...!
D.: Tu não estás maluca, Carla. Se calhar, o Mestre e a Patrícia estavam com fome e roubaram os ovos... - começa a rir.
C.: Que piada!
Miguel aparece.
M.: Mamã, o Teddy pode passar cá a noite.
C.: Quem é o Teddy?
M.: O cão.
D.: Ah, já lhe deste um nome e tudo!
M.: Gostam do nome?
C.: Gosto muito, mas ele não pode ficar aqui, a casa não é nossa.
D.: Ele podia ficar na loja.
C.: E tu tens a chave da loja?
D.: Não, mas deve estar na gaveta da entrada. Quando cá chegamos, o Lourenço mosstrou - me uma gaveta lá da entrada onde estão todas as chaves daqui de casa: as do quarto, das casas de banho, da sala de jantar,... De certeza, que a da loja deve estar lá.
C.: E ele ficará bem, ali fechado a noite toda?!
D.: Experimentamos esta noite, se não resultar, ele continua a dormir no jardim, paciência.
M.: Boa! Vamos procurar a chave.
C.: Não, não, não. Agora vamos mas é comer! Vá, antes que fique frio.
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Férias Arruinadas
TerrorUma família que decide passar as suas férias de natal numa casa de campo, totalmente isolada, sugerida pelo colega de trabalho do pai, passa por um grande período de terror. Chamam a isto férias?! ____________________________________________________...