Capítulo XVII - Estou a ficar maluca!

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 * Carla

Chegamos à mercearia. Quero voltar a falar com a empregada de caixa para ver se ela me diz mais qualquer coisa.

C.: Bem, precisamos de leite. - digo para Miguel.

M.: Eu trato disso.

C.: Muito bem, querido, és um bom ajudante! 

Miguel vai então à procura do leite, enquanto, aproveito para falar com a mulher.

C.: Boa tarde, lembra - se de mim?

E.: Claro que me lembro, é a senhora que vai passar o natal na Casa do Mestre.

C.: Pois sou. Queria falar consigo, se não se importasse.

E.: Diga, como pode ver, não estamos lá muito cheios!

C.: A... - leio o cracha da farda da mulher - Susana sabe quem é a D. Dolores e o Sr. Rui?

E.: Se não me engano, a D. Dolores já faleceu.

C.: Pois já. E o Sr.Rui, conhece?

E.: Sim, os meus pais falavam bem com ele, mas se o quiser encontrar, ele já não está aqui, vive no Funchal.

C.: Eu sei.

E.: Então conhece - lo?

C.: É o meu sogro.

E.: Ah é? 

C.: Ok, Susana, vou lhe fazer uma pergunta mas não pode dizer a ninguém que eu lhe perguntei isto, pode ser?

E.: Diga lá, Dona.

C.: Acha que ele era capaz de fazer alguma coisa...?

E.: Alguma coisa como assim?

C.: Como homicidio. Acha que ele era capaz de cometer um homicidio?

E.: Porque é que me está a perguntar isso? Ainda por cima é o seu sogro.

C.: Porque a Susana é a única pessoa que me pode ajudar. Por favor, acha que ele era capaz de ter magoado alguém?

E.: O Sr. Rui...? Não! Ele não fazia mal a uma mosca!

C.: Tem a certeza?

E.: Claro!

C.: E já ouviu alguma conversa suspeita entre ele e o Lourenço?

E.: O Lourenço, irmão do Mestre Pedro?

C.: Sim.

E.: Acho que não... Já os vi a conversarem várias vezes mas não me punha a ouvir as suas conversas.

C.: Tem a certeza?

E.: Tenho! Quer dizer, não sei...

C.: Ok, então, se se lembrar de mais alguma coisa, POR FAVOR, ligue - me. - retiro da minha mala uma caneta e rasgo uma folha da minha agenda. - Está aqui o meu número - escrevo o meu numero na folha - Ligue - me se se lembrar de mais alguma coisa! Mesmo que seja insignificante!

E.: Com certeza.

Miguel aparece com o pacote de leite na mão.

M.: Já está.

C.: Demoraste!

M.: Estive a ver os brinquedos.

C.: Ah...!

E.: Então, o que é que pediste ao Pai Natal?

M.: Um camião!

E: Um camião?! Tens bom gosto!

11:40

*Duarte

Entro na banheira e começo a tomar banho. A água está gelada! Não há gás nesta casa?! Fecho a torneira e oiço um barulho vindo de lá de baixo. O que é desta vez? Parece que está alguém qui dentro de casa, pois consigo ouvir o ranger do chão de madeira como se alguém estivesse a andar. 

Saio da banheira e embrulho - me numa toalha. Desço as escadas e sigo o barulho. Vem da cozinha. Vou até lá, mas não encontro nada nem ninguém. 

C.: Duarte?!

Dou um pulo.

D.: Fogo, assustaste - me!

C.: Aconteceu alguma coisa?

D.: Não. Quer dizer, ouvi um barulho da cozinha e depois tu apareces e quase que tive um ataque cardíaco!

C.: Desculpa.

 D.: O Miguel?

C.: O Miguel encontrou um cão abandonado no jardim e está derretido com ele. 

D.: Deixa - me ajudar - te com os sacos. 

12:30

*Carla

C.: Venham comer! - grito para Duarte e Miguel.

Pouso o prato dos ovos mexidos na mesa da sala de jantar e volto à cozinha para buscar o resto da comida. Assim que chego à cozinha, vejo o prato dos ovos em cima do balcão.

C.: Mas eu...

Pego no prato dos ovos e volto a pousa - lo na mesa da sala de jantar.

Volto à cozinha e pego no prato das panquecas e noutro onde estava o bacon e ponho - los por cima da mesa da sala de jantar. Desta vez, o prato estava lá tal como eu o tinha deixado.

C.: É oficial: estou a ficar maluca!

Vou à cozinha buscar o café, o sumo de laranja e o leite e pouso - os sobre a mesa.

C.: Duarte! Miguel! Venham comer! - grito para eles novamente.

Duarte aparece.

D.: Já estou, já estou!

C.: Finalmente!

D.: Uau, esta sala é um espanto! - passa a mão por uma cadeira - Olha só para as cadeiras, devem valer uma fortuna...!

C.: Eu...

D.: Tu o quê?

C.: Nada, esquece.

D.: Diz lá, agora quero saber.

C.: Eu trouxe o prato dos ovos mexidos para a mesa, fui à cozinha buscar o resto da comida e quando voltei o prato já não estava aqui, estava na cozinha. 

D.: Tens a certeza que o trouxeste para aqui?

C.: Sim!  Não sei! - faço uma pausa para pensar - Acho que sim, devo estar a ficar maluca...!

D.: Tu não estás maluca, Carla. Se calhar, o Mestre e a Patrícia estavam com fome e roubaram os ovos... - começa a rir.

C.: Que piada! 

Miguel aparece.

M.: Mamã, o Teddy pode passar cá a noite.

C.: Quem é o Teddy?

M.: O cão.

D.: Ah, já lhe deste um nome e tudo!

M.: Gostam do nome?

C.: Gosto muito, mas ele não pode ficar aqui, a casa não é nossa.

D.: Ele podia ficar na loja.

C.: E tu tens a chave da loja?

D.: Não, mas deve estar na gaveta da entrada. Quando cá chegamos, o Lourenço mosstrou - me uma gaveta lá da entrada onde estão todas as chaves daqui de casa: as do quarto, das casas de banho, da sala de jantar,... De certeza, que a da loja deve estar lá.

C.: E ele ficará bem, ali fechado a noite toda?!

D.: Experimentamos esta noite, se não resultar, ele continua a dormir no jardim, paciência.

M.: Boa! Vamos procurar a chave.

C.: Não, não, não. Agora vamos mas é comer! Vá, antes que fique frio.

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