Capítulo XXII - O papá gosta de mim!

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D.: Miguel, faz - me um favor.

M.: O quê?

D.: Não digas nada à mamã.

M.: Porquê?

D.: Porque isso só a vai deixar mais nervosa.

M.: Ok.

D.: Mas sempre que o Mestre ou a Patrícia falarem contigo, por favor, diz - me!

M.: Eu digo, pai.

D.: Queres uma torradinha?

M.: Sim!

D.: Anda.

Os dois levantam - se do chão e vão em direção à cozinha.

*Carla

Há tanto tempo que já não fazia uma sesta! E bem que eu precisava de uma... 

Começo a sonhar com Pedro.

Pedro está a dormir no sofá devido aos calmantes que o Lourenço lhe deu. Pedro acorda e parece confuso.

M.: O que é que aconteceu? - espreguiça - se e tenta levantar - se - Patrícia? - tenta chamá - la.

Sobe as escadas muito lentamente. O corredor do andar de cima estava muito escuro mas a luz do quarto de casal (ou seja o quarto dos pais de Pedro) estava acesa. Pedro ouve o choro de Patrícia do quarto de casal e tenta ir até lá.

M.: Patrícia? - tenta falar alto para Patrícia o ouvir.

P.: Pedro?

Pedro tenta chegar ao quarto mas cai no corredor, mas ainda consegue ouvir Patrícia.

P.: Pedro, foge! Cuidado com o Lourenço, sai desta casa!

M.: Patrícia, ele fez - te alguma coisa...? - levanta - se do chão com dificuldade e prepara - se para entrar no quarto.

Assim que entra vê Patrícia deitada na cama com os pulsos amarrados às grades da cama.

P.: Não...

M.: Foi o Lourenço?

P.: Sai daqui, Pedro! Vai - te embora!

Pedro tenta desamarrar os pulsos dela.

P.: Não me ajudes! Ele vai - te matar se não fugires daqui. Tens de sair desta casa, mano.

Pedro desata a chorar quando Patrícia o chama de «mano» pois desde pequeninos que ela o trata assim e nunca mais o tinha feito

M.: Eu não te vou deixar morrer sozinha! - consegue desamarrar uma mão e passa para o outro lado da cama para desamarrar a outra.

P.: Ele deve estar quase a chegar...

De repente, ouve - se o barulho do motor do carro de Lourenço.

P.: Ele vem aí. Foge, Pedro!

M.: Eu já volto. - dá - lhe um beijo na testa - Eu venho - te salvar.

P.: Sai daqui, foge!

Pedro sai do quarto e percorre o corredor ainda com dificuldade, como se estivesse drogado.

Ainda consegue ouvir a voz de Patrícia do quarto.

P.: Ele vem aí! Tens que sair desta casa!

 Pedro começa a correr mas tropeça nas escadas.

 A porta da rua é aberta por Lourenço e Pedro ainda tenta fugir, mas não se consegue levantar. Lourenço assim que o vê, dá um sorriso e fecha a porta.

L.: Olha quem acordou? Dormiste bem, maninho?

P.: Lourenço, o que é que fizeste com a nossa irmã?

L.: Nossa irmã? Que eu saiba é só tua! 

P.: Ela também é tua irmã.

L.: Que eu saiba, foram vocês que ficaram com a casa, a casinha dos irmaozinhos, que queridos...!

P.: Foi o pai que decidiu...

L.: Sabes, se ele ainda estivesse vivo... - faz uma pausa para pensar - Eu obrigaria - lhe a ver a menina do papá amarrada à sua cama e quase a ser asfixiada! - começa - se a rir.

P.: Lourenço, tu precisas de ajuda...

L.: Cala - te! Tu nunca te preocupaste comigo, nem tu nem ninguém desta casa! Só a mamã.

P.: Ainda a chamas de mamã?

Lourenço dá um pontapé na cara de Pedro.

L.: Queres saber uma coisa...?

P.: O quê?

L.: O «papá» não caiu do precipício... Eu empurrei - o. - dá - lhe um sorriso e começa - se a rir outra vez.

P.: Tu mataste o pai! - levanta - se e dá - lhe um murro na cara e Lourenço fica a sangrar do nariz.

Lourenço, irritado com a ação do irmão, dá - lhe um soco na cara e Pedro cai no chão.

P.: Tu és doente!

Lourenço dá - lhe três pontapés.

L.: Sou o quê? - dá - lhe mais um na cara o que fez com que Pedro cuspisse sangue - Repete lá, maninho.

P.: Tu és louco! Sempre foste desde que nasceste e ficas a saber que... O pai... - cospe outra vez sangue da boca - O pai nunca gostou de ti, mesmo quando eras bebé. Via - se nos seus olhos!

Lourenço perde a cabeça e pega num guarda - chuva que estava no bengaleiro da entrada e esmaga - lhe o crânio.

L.: O papá gosta de mim! - grita enquanto mata o irmão.

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