*Miguel
Que seca, estou farto de brincar aos carrinhos...! Que barulho é este? Parece - me a voz de dois homens...
Vou ver no escritório que é daí que vem o barulho. Abro a porta e vejo o Lourenço a falar com outro homem, espera... É o meu avô! Porque é que o Lourenço está a falr com o avô Rui?!
L.: Rui, tu não estás a perceber a gravidade da situação! - leva as mãos à cabeça.
R.: Não, nós somos amigos desde sempre. - levanta - se da cadeira - Sempre que eu tinha algum problema, tu ajudavas - me sem pensares sequer duas vezes! Deixa - me fazer o mesmo por ti...
L.: Mas tu podes ir preso! - senta - se, cada vez mais enervado - O que é que seria dos teus filhos, Rui?! Não te posso arrastar para um problema meu.
R.: Lourenço, não te preocupes, pois, no que depender de mim, nunca vamos ser apanhados!
E, sem mais nem menos, desaparecem os dois e o escritório volta a ficar sem luz.
Cheio de medo, corro para o andar de baixo ter com os meus pais.
Chego à sala, ofegante da corrida, e vejo os meus pais sentados no sofá a falarem, muito sérios.
M.: Mãe! Pai!
C.: Miguel, estiveste a correr?
Sento - me entre eles.
M.: O avô Rui...
D.: Hum?
M.: Eu vi o avô Rui a falar com o Lourenço lá em cima, no escritório.
D.: Espera aí, viste o avô a falar com o Lourenço?! Mas era uma visão?
M.: Acho que sim, porque, assim que eles acabaram de falar, desapareceram e o escritório, que antes estava todo iluminado, assim que eles desapareceram, ficou sem luz.
C.: Deve ter sido uma visão...
D.: E o que é que eles disseram?
M.: Qualquer coisa que o avô queria ajudar o Lourenço num problema dele, mas o Lourenço não queria receber ajuda dele, porque o avô podia ir também preso... Mas o avô quis, mesmo assim, ajudá - lo... Ah, o avô também disse que, se depende dele, ninguém os apanharia.
C.: Não percebi nada...!
D.: Mas o que é que o meu pai tem a ver com isto?! - faz uma pausa para pensar - Espera, o Lourenço disse - me: «Sabes qual foi o maior erro do teu pai?! Não ter confiado no seu instinto!». Mas o que é que isso quer dizer?
C.: Não sei, mas tens que falar com o teu pai, Duarte.
D.: Ah, sim. E digo o quê: «Pai, em que é que ajudaste o Lourenço e porque é que vocês os dois podiam ir presos? Como é que eu sei isto? Ah, porque os fantasmas da Patrícia e do Mestre mostraram uma conversa vossa através de uma visão ao Miguel!».
Antes de a mãe responder, o homem das pizas toca à campainha.
C.: Deve ser a piza. - vai buscar o porta moedas à mala.
O pai fica parado no sofá, simplesmente parado a pensar...
A mãe grita da cozinha:
C.: Venham jantar!
M.: Piza! - já estava pronto para ir comer, mas primeiro trato de chamar o pai - Pai, não vens comer?
D.: Já vou, não esperem por mim.
M.: Ok.....
Saio da sala, sem dizer mais nada e, à medida que ando, olho fixamente para ele mas o pai continua imóvel como uma estátua a pensar.
*Duarte
Assim que Miguel sai da sala, levanto - me logo e começo a procurar, de novo, no móvel.
Mais fotografias... Procuro numa outra gaveta e encontro uma fotografia interessante: a Patrícia, provavelmente com 20 e tal anos de idade; o Mestre, um pouco mais velho que ela e muito bem - disposto; o Lourenço, com mais ou menos 16 anos, pois era o mais novo deles todos e estava com uma cara de chateado e revoltado. No meio deles, estão os pais: o pai está abraçado ao Mestre, nota - se no seu olhar orgulho e felicidade.
Guardo a fotografia no bolso e continuo a procurar na gaveta, mas sem sucesso. Deste móvel, já não se aproveita nada!
*Carla
Procuro nas várias gavetas da cozinha uma faca para cortar a piza.
C.: Ora, precisamos de uma faca...
M.: Queres que eu te ajude a procurar?
C.: Não é preciso, mas tira três pratos daquele armário. - digo, apontando para um armário da cozinha.
C.: Já encontrei uma faca!
Dirijo - me à piza e começo a cortá - la.
C.: Miguel, os pratos?
M.: Não consigo chegar... - faz pontinhas com os pés, tentando alcançar os pratos.
C.: Eu ajudo - te.
Vou até ele. Tiro os pratos do armário e dou - lhos para não se sentir inútil.
Enquanto o Miguel pousa os pratos sobre a mesa, procuro copos.
O Duarte aparece.
D.: Estou cheio de fome!
C.: Credo, não vos percebo, acabamos de fazer um piquenique e já estão cheios de fome! - pouso três copos sobre a mesa, juntamente com guardanapos de papel.
M.: Eu também já estou cheio de fome.
C.: Toma. - corto uma fatia de piza e pouso - a no prato de Duarte - E esta é para ti. - Corto outra para Miguel e pouso - a no seu prato - Se quiserem mais, ainda sobrou bastante. - Desta vez, corto uma para mim e começo a comê - la.
D.: É claro que eu vou me servir de mais, não sou como tu que se contenta apenas com uma fatia de piza. - dá uma gargalhada.
C.: É por isso que estás gordo...!
Miguel começa a rir do pai.
C.: A piza está boa?
D.: Hum, está ótima!
M.: Pois está!
As pessoas da fotografia que pus correspondem ao Rui e à D.Dolores (pais do Duarte).
O que é que acharam deste capítulo??
VOCÊ ESTÁ LENDO
Férias Arruinadas
TerrorUma família que decide passar as suas férias de natal numa casa de campo, totalmente isolada, sugerida pelo colega de trabalho do pai, passa por um grande período de terror. Chamam a isto férias?! ____________________________________________________...