Chego à cozinha e vejo o Duarte sentado, a beber uma cerveja.
C.:Já a beber?! - sento - me numa cadeira lá da coozinha.
D.:Tem que ser, é que tu nem imaginas... - dá um gole.
C.: O que é que se passa?
D.: O Sr.Lourenço veio - me com uma conversa estranha...
C.: Sim...?
D.: Disse que nós tínhamos de sair daqui.
C.: Sair?! Porquê, fizemos alguma coisa de mal?
D.: Também não percebi. E depois ele começou a falar do meu pai que «o seu pior erro foi não ouvir o seu instinto».
C.: Espera lá, o que é que o teu pai tem a ver com isto?
D.: Não sei, se queres que te diga, não sei. Ele está completamente louco! - deu - me as mãos - Eu não quero que as nossa férias se estraguem por causa de uma conversa sem sentido nenhum de um homem que deve estara enlouquecer, só pode!
C.: Mas e se ele tiver razão? E se houver algum psicopata que mate todas as pessoas que vêm para cá?!
D.: Carla, não há psicopata nenhum. Por amor de Deus, estamos no Santo da Serra, não na América! - deita a garrafa de cerceja no balde do lixo e aponta para o jardim da janela da cozinha - Olha, está um dia tão bonito lá fora e nós estamos aqui dentro a discutir!
C.: És capaz de ter razão...
D.: Vamos lá para fora... Podíamos fazer um piquenique, estou cheio de fome!
C.: Ok, mas não temos comida aqui em casa. Temos de ir ao supermercado.
D.: Queres que eu vá e ficas aqui com o Miguel?
C.: Não, eu vou e tu ficas com o Miguel. Ele está chateado comigo porque disse que não havia nada no quarto.
D.: Ah, aquilo da velha...
C.: Pois, fala com ele sobre isso. Diz - lhe que é imaginação dele, não sei...
D.: Não te preocupes...
C.: Ok. - dou - lhe um beijo - Até logo.
D.: Até logo.
Entro no carro, está um frio de rachar!
Entro numa mercearia ali perto onde só estava eu e mais meia dúzia de pessoas. Tiro pão, queijo de barrar atum, maionese, um pacote de batatas fritas e uma garrafa de coca - cola. Chego à caixa e não havia nenhuma fila, que bom!
Empregada da caixa: É tudo?
C.: É, vou fazer um piquenique.
E.: Que bom, mas 'tá um bocado de frio não acha, senhora?
C.: Pois está, mas vou ter que me habituar... Eu e a minha família vamos passar o Natal cá no Santo.
E.: Mas a senhora e o marido têm casa cá?
C.: Não, o meu marido vivia cá em pequeno, mas depois a casa foi vendida. Por isso, estamos na Casa do Mestre.
E.: Na Casa do Mestre, é?
C.: Deve saber qual é...
E.: Se não sei... É apenas a casa mais falada daqui do Santo!
C.: E é falada por bons ou maus motivos?
E.: Depende...
C.: A sério, pode - me dizer. É que ultimamente, toda a gente fica esquisita assim que eu digo que vou passar o Natal na Casa do Mestre... Não sei porquê, sabe?
E.:Bem, é apenas um rumor, quer dizer,... É mais uma lenda do que um simples rumor!
C.: Por favor, diga - me o que é que aconteceu na casa?
E.: 'Miga, agora estou muito ocupada.
C.: Não parece. - olho para o minimercado totalmente vazio.
E.: Oiça, Dona, eu estava a tentar não assustá - la, mas já que quer tanto saber, tudo bem! - olha em volta - Mas, para as minhas colegas não fazerem queixa de mim ao meu chefe, vá buscar mais umas coisinhas que se esqueceu.
C.: Mas porque é que elas haveriam de fazer queixa sua se não clientes aqui?!
E.: Quer ou não ouvir a história?!
C.: Pronto, parece que me esqueci de comprar... Salsichas!
Vou até à secção dos elatados e pego numa lata de salsichas. Volto, muito rapidamente, para a caixa do supermercado.
C.: Feliz? - pouso a lata em cima da caixa.
E.: É uma casa bonita, eu lembro - me de estar sempre a pedir aos meus pais para passar lá de carro, aos fins - de - semana.
C.: Mas não se dá para ver a casa da estrada...
E.: Eu sei, não sou tonta, senhora. Os meus pais ficavam na rua, a aguentar o carro, enquanto eu ia às escondidas ver a casa. Só por fora.
C.: E nunca foi apanhada?
E.: Nunca, sempre que alguém ia passar férias ou fins - de - semana naquela casa, toda a gente sabia e aí, os meus pais diziam - me para não ir lá.
C.: E acontecia alguma coisa a essas pessoas?
E.: Não, eu nunca ouvi falar em mortes de turistas naquela casa... Se morreram a caminho de casa, não sei, mas se morreram dentro da casa do Mestre, tenho a certeza que não! Se não, sabia - se logo.
C.: Que alívio...
E.: Mas acho que deve saber isto. - olha à sua volta.
C.: Diga.
E.: Eu já estava farta de passar lá de carro, eu queria era entrar e ver como era! Mas os meus pais não tinham dinheiro para passarmos lá férias, na altura estava ainda mais caro do que agora, acho que está a fechar... Bem, então, eu pedi - lhes para ir outra vez de carro lá. Mas desta vez, eu fui até à porta principal e tentei abrir, mas não consegui. Por isso, fui até às traseiras e vi uma janela que não estava fechada, mas era demasiado pequena para eu entrar. Então tentei espreitar por dentro e ouvi a voz de homem e de uma mulher e... Parecia que ela estava a gritar e a pedir ajuda, não sei já foi há tanto tempo...
C.: Mas viu quem era?
E.: Não, desatei logo a correr.
C.: E aconteceu mais alguma coisa?
E.: Não, nunca mais lá voltei.
C.: Ok, obrigada pela informação.
E.: No que eu puder ajudar...
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Férias Arruinadas
TerrorUma família que decide passar as suas férias de natal numa casa de campo, totalmente isolada, sugerida pelo colega de trabalho do pai, passa por um grande período de terror. Chamam a isto férias?! ____________________________________________________...