Capítulo II - Preciso de falar contigo, rapaz...

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Já estamos dentro do carro, com as malas prontas e arrumadas no porta - bagagem e prontos para ir embora, já não há nada a fazer. Mas pronto, pensando pelo lado positivo, já estava farta de ir para a casa dos meus pais! Tenho de me acalmar e aproveitar ao máximo estes dias no meio da natureza, até porque acho que é a primeira vez que eu, o Duarte e o Miguel vamos passar férias noitro sítio que não seja o Porto Santo. É, vai correr bem, nós os três vamos criar ótimas recordações ao ar livre, completamente sozinhos, sem os meus pais a nos chatearem!

D.: Querem ouvir alguma coisa?

C.:Põe na RFM.

M.: Não, a RFM é uma seca! Põe no CD do Ruca.

C.: Outra vez, já não estás farto de ouvir sempre as mesmas músicas. É por isso que a RFM é boa, assim, ouvimos músicas diferentes.

M.: Mas eu gosto das músicas do Ruca!

C.: Está bem, ouvimos uma música do Ruca e depois mudamos para a RFM, ok?

M.: Duas!

D.: Não abuses!

M.: Chatos...

Agora a onde é que está a porcaria do CD? Isto é praga da minha mãe, de certeza...!

M.: Então, não pões no Ruca, mãe?

C.: Não encontro o CD, filho.

D.: Estamos cá com um azar!

M.: Não! Eu quero ouvir o Ruca!

C.: Miguel, já tens oito anos vê lá se te comportas como deve de ser ou não ouves Ruca nenhum!

D.: Já encontraste?

C.: Não... 

D.: Mas que coisa, o CD está sempre aqui! 

C.: Não percebo... Olha, pomos na RFM, que remédio...!

Já estávamos no Santo da Serra - estava frio, pois estávamos em dezembro.

D.: Bem e agora por onde é que vamos? - O Duarte encosta o carro.

C.: Diz aqui que é para continuares em frente e depois viras à direita, em 200 Km.

D.: Merda, entramos na reserva!

M.: Uhh, o papá disse merda!

C.: Não repitas essa palavra, Miguel! - olho para o Duarte - Mas nós pusemos vinte euro assim que saímos de casa, como é que está na reserva?!

D.: Não sei, não sei! - bate com as mãos no volante. 

C.: Há uma bomba aqui perto, entra por ali - aponto para uma saída.

D.: Não vejo a hora de chegar à casa! - liga o carro e segue estrada fora.

M.: Mãe, quando e que chegamos à casa?

C.: Não sei, querido. Mas já está quase...

Paramos numa bomba de gasolina lá perto. Apareceu um homem para nos encher o depósito.

Homem: Boa tarde.

D.: Boa tarde, vinte, por favor.

H.: Com certeza. 

C.: Sabe onde é que fica a Casa do Mestre? Acho que é assim que se chama...

H.: A Casa do Mestre, é claro que sei onde fica... - paroou por um bocado - vão passar férias lá, é isso?

D.: Sim, vamos passar o Natal lá.

H.: Ah...

Ou era impressão minha ou aquele homem ficou estranho assim que dissemos que íamos passar lá as férias... Oh não, outra vez a sensação estranha no estômago!

Férias ArruinadasOnde histórias criam vida. Descubra agora