Capítulo XXIV - Eu e o Miguel vamos embora daqui e é já!

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*Carla

Depois de umas horas a fazermos vários jogos, como: monopólio, charadas e pictionary, fomos finalmente para a cama. Estou exausta! E este ainda é o segundo dia...!

D.: Carla? - Duarte está deitado a meu lado, enquanto tento ler o meu livro.

C.: Diz.

D.: Aconteceu alguma coisa hoje?

Marco a página onde estava e pouso o livro na mesa de cabeceira.

C.: Sim.

D.: Eu sabia, é que estás estranha...! Então, vais me dizer o que é que aconteceu?

C.: A seguir de discutirmos, fui para o quarto e fiz uma sesta.

D.: Sim, eu sei.

C.: E tive uma visão horrível.

D.: Tens a certeza que foi uma visão? Pode ter sido apenas um sonho...

C.: És capaz de me deixar falar?! - digo irritada devido às interrupções de Duarte.

D.: Desculpa, continua...

C.: Não foi um sonho, foi mesmo uma visão. -  paro para pensar - Estas visões começaram já há algum tempo... Lembraste quando tu e o Miguel estavam a jogar na sala e eu perguntei se tinham ouvido algum barulho?

D.: Sim e depois foste à casa de banho.

C.: Isso mesmo, eu fui à casa de banho e depois voltei a ouvir o barulho. Vinha do quarto do Miguel e eu fui lá ver e assim que abri a porta tive uma visão. - faço uma pausa para ver como é punha tanta informação resumida - O quarto estava completamente diferente, era de uma menina...

D.: A Patrícia?

C.: Sim, e ela devia ter a idade do Miguel. Ela estava a chorar porque o Lourenço estragou - lhe uma boneca e devias tê - lo visto, ele era mau...! E a mãe deles estava sempre a defende - lo, por isso deu uma pancadaria à Patrícia e o Lourenço ficou a ver e parecia mesmo que... Ele estava a gostar de ver a irmã a ser espancada, de um modo sinistro...!

D.: E o pai não fez nada?

C.: O pai estava do lado da Patrícia, via - se mesmo que ele não gostava do Lourenço. Depois, tive outra visão. Foi o Lourenço quem os matou.

D.: O quê?!

C.: Ele convidou os irmãos para virem cá a casa jantarem e pôs calmantes na salada.

D.: E foram os calmantes que os mataram?

C.: Não! Eles comeram a salada e ficaram com sono e a Patrícia desmaiou. Então, Pedro perguntou ao irmão o que é que ele lhe tinha feito e o Lourenço disse mesmo que tinha posto calmantes e leva o Mestre para a sala e deita - o no sofá. Despois, Pedro acorda e vai ao andar de cima e vê a irmã deitada na cama presa com algemas.

D.: Na nossa cama?

C.: Sim. Pedro tenta fugir, mas o Lourenço chegou a casa primeiro e ambos discutiram e Pedro matou - o com um guarda - chuva e depois matou Patrícia asfixiando - a!

D.: Tens a certeza?

C.: Sim, Duarte, e foi ele também que matou o pai.

D.: O seu próprio pai?!

C.: Empurrou - lhe de um precipício.

D.: Ele é louco...! - leva a mão à cabeça para pensar - Eu também tenho de te dizer uma coisa, achei que era melhor não te contar para não te assustar mas visto que sabes mais do que eu... Quando estavas a fazer a tal sesta eu apanhei o Miguel a falar com o Mestre e eu perguntei - lhe o que é que ele disse e o Miguel respondeu - me que o Mestre disse - lhe que o Lourenço nos ia matar.

C.: O quê?! - levanto - me da cama imediatamente e começo a dar voltas ao quarto - Como é que foste capaz de me esconder uma coisa destas?!

D.: Eu não te escondi coisa nenhuma! 

C.: Duarte, nós corremos perigo! O Lourenço vai nos matar!

D.: Fala mais baixo, vais acordar o Miguel.

C.: Já chega. - abro o armário e retiro de lá a minha mala de viagens e começo a guardar a minha roupa lá.

D.: Carla, o que é que estás a fazer?

C.: Vou - me embora desta casa! - continuo a arrumar as minhas roupas - Se quiseres ficar, ficas, mas eu e o Miguel vamos embora daqui e é já!

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