Depois de toda aquela pressão do caso de Junni fui chamada a parte pelo juiz. A notícia mesmo não sendo de fato tão boa, não tinha me pego de surpresa. Eu sabia que etava pisando em um campo minado, um extenso campo que, após entrar não teria como voltar atrás, teria que continuar. Apresentar as acusações sobre Carlos abriu novamente casos sem punição, a polícia foi posta em saias justas e eu agora estou mais atolada nisso do que deveria.
Agora, preciso seguir em frente e sustentar as acusações até que o caso seja levado a julgamento, o que me deixou em perigo. Carlos pode estar preso mas, é uma pessoa influente e com muitos recursos, como prova disso um parente de cada família que prestou um depoimento contra ele foi morto em apenas uma semana após a decisão da guarda. Eu estou na mira, com toda certeza.
Em uma conversa longa com Jessie, ela insistiu que eu permanecesse aqui, que mandaria guardas comigo caso precisasse sair da proteção dos muros. Deixamos Bestial e Junniper fora desse assunto, tudo o que menos queremos é vê-los desesperados com a segurança do filho. Nesse meio tempo conheci Ella Buck, a mulher que ficara responsável por reorganizar junto a Fury e Slade, à proteção dos muros.
Precisei passar uma semana fora para organizar tudo que precisaria levar para Homeland, parti assim que a festa do casamento de Junni acabou. Me sentia mal por não compartilhar isso com ela, mas ao mesmo tempo não me acho com o direito de interferir na sua felicidade. Eu fiz o que fiz por ela e seu filho e, mesmo sabendo que pintaria um alvo em minhas costas, faria novamente. Fiz uma leve despedida ao meu apartamento pequeno e aconchegante, eu não precisava de um lugar muito espaçoso e me orgulhava do que tinha adquirido.
O apartamento era composto de uma cozinha pequena, uma sala integrada a sala de jantar, uma pequena varanda com a vista para o mar azul repleto de surfistas em Malibu, uma escada no canto da sala dava para o andar de cima onde ficava um quarto amplo aberto, um banheiro e um closet. A Califórnia sempre foi meu lar, mesmo tendo nascido no frio de New York eu adorava o sol daqui. Diferente da maioria das pessoas quando ficam expostas a ele, minha pele ficava totalmente vermelha, o bronze literalmente não tinha sido feito para mim.
Arrumei as coisas em minha mala e tranquei o apartamento do qual eu sentiria Saudades, era pequeno mas tinha me custado muito dinheiro apenas pela localização. Como sempre estava sozinha, era perfeito para mim, uma mulher pequena que passava horas do dia trabalhando na varanda como se fosse o escritório mais chique de advocacia. Me despedi do senhor Afonso, o vigia matinal do edifício, todos os moradores depositavam uma quantia bem generosa a ele e ao seu filho, Luan, o vigia noturno. O SUV da força tarefa estava estacionado a frente, os guardas pareciam ansiosos e enfadados, a viagem até aqui poderia sim ser enfadante.
- Parece que é verdade, ela vai mesmo embora. - a voz de Live me tirou do tranze, ela além de ser minha vizinha era como uma irmã mais velha que eu nunca tive, sempre passava no apartamento para ter certeza que eu tinha feito todas as refeições.
- Queria ter tempo para explicar, desculpe. - pedi colocando a mala cinza com uma estampa de onça brilhosa no chão. Eu sei como isso parece impróprio para o lugar onde vou, mas essa mala me custou uma nota e era a única que cabia minhas coisas.
- Está mesmo levando essa mala para Homeland? Deixe me ver, não se aproximem ou vou transformar vocês em roupas. Parece uma boa mensagem. - bati em seu braço e torci para que os espécies escondidos dentro do carro de vidro cem por cento não tenham ouvido.
- Não ria da minha mala, é a única que eu tenho grande o suficiente. Não seria legal levar três pequenas, iam me achar muito fútil. - revirei os olhos, ela riu me puxando para um abraço apertado. Seriam só alguns dias mas eu sentiria saudades de ter alguém no meu pé.
- Você não é fútil, Rory. É a patricinha mais legal que conheço. Agora me diga que não está levando seu vestido com estampa de zebra, pelo amor de Deus. - torci o lábio, eu levaria ele era muito bonito mas não consegui acha-lo e isso me deixou bem chateada.
- Eu não o achei, você tem algo a ver com isso? - ela deu de ombros e jogou os cabelos loiros por cima do ombro, eu deveria ter desconfiado.
- Eu peguei emprestado ontem, mandei para a lavanderia nem vai querer saber o que fiz com ele. - desviou o olhar, só de imaginar o que ela poderia ter feito meu estômago revirou.
- Que nojo, pode ficar com ele. - a loira de olhos verdes gargalhou abanando as mãos na frente do rosto, ela tinha esse costume estranho de espantar moscas imaginárias enquanto ria.
- Como se você não tivesse traçado algum espécie, hum? - eu pedia muito para que eles não estivessem ouvifo essa conversa. Senti minha bochecha esquentar, tinha certeza que todo o meu rosto e meus braços estavam vermelhos.
- É claro que não. Estou indo a trabalho. Por favor Live, pare com isso... - eu pensei em dizer eles tem uma ótima audição, mas era segredo o fato deles estarem no carro.
- Eu vou sentir sua falta, volte logo está bem cerejinha? - nos abraçamos novamente, dessa vez mais demorado, até parece que eu estava partindo para a guerra. Acenei para ela, um dos guardas saiu e colocou minha bagagem no porta malas, em seguida abriu a porta para e voltou ao banco da frente.
Ao meu lado, dois espécies pareciam alheios a tudo mas o jeito que me olharam deixava explícito que tinham ouvido a conversa, a vergonha rapidamente tomou conta de mim e me vi encolher naquele carro.
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Gross - Novas Espécies [L9]
FanfictionLivro 8 Zona oito. Tempestuoso e bruto, criado para matar ele nem imaginava que a liberdade que tanto almejava seria tão vazia quanto sua antiga "casa". Aos poucos viu seus irmãos sendo resgatados e aceitou ajuda-los a se adaptar na Zona Selvagem...