Capítulo 19

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Deixei que ela fosse, mesmo não me parecendo o certo a se fazer eu deixei que Rory Fosse embora para onde quer que seja. As palavras dela não passaram batidas por mim, eu senti cada uma delas, mas, foi o que Trisha disse que me fez recuar. Essa não era a minha Rory, era a doença falando por ela, assim como a droga certas vezes falava por mim. Quando a pequena fêmea de cabelos cor de rosa se afastou de mim e minha visão a perdeu eu voltei ao centro médico. Diferente de mim ela tem ajuda para manter o controle e eu não vou deixar que essa doença tire minha Rory de mim. Nunca.

Trisha estava sentada a sua mesa quando eu cheguei, tinha alguns remédios sobre ela que eu imaginei serem os da Rory. Sentei a sua frente e ela ficou me encarando sem entender.

— Gross? O que houve? – apontei para os remédios antes de falar.

— Se ela não está aqui para ouvir, eu serei seus ouvidos. Me ensine como se toma isso. – ela olhou de mim para o remédio e pareceu pensar um pouco se devia ou não. Por fim, cedeu.

— Certo. Vamos lá. – Trisha anotou tudo em um papel enquanto me explicava, fez alguns desenhos e colocou as horas para que ficasse mais fácil de lembrar quando deveria toma-los. – Entendeu tudo? – assenti.

Peguei a pequena sacola com os remédios e sai da sua sala após agradecer, iria cuidar da minha fêmea. O caminho todo fui repassando suas palavras, para que servia o remédio, a forma de toma-los e os efeitos que causava. A maioria causava fadiga, ou seja, ela ficaria sonolenta boa parte do dia. Quando cheguei em sua casa Snow me disse que ela tinha acabado de entrar, pedi que ele fosse embora e o macho não contestou. Assim que entrei na casa pude sentir seu cheiro único e peculiar, o barulho do chuveiro indicava que ela estava no banho. Tranquei a porta e subi devagar até o seu quarto, meu celular vibrou enquanto subia as escadas.

Rory não está bem, não vou deixá-la sair desse jeito. – Jessie

Concordo plenamente com ela. Rory só sai dessa casa hoje por cima do meu cadáver. Após me certificar que ela estava mesmo no banho desci para preparar alguma coisa, Rory não estava comendo direito e eu tinha medo de machuca-la se ela continuasse perdendo peso desse jeito. Peguei algumas coisas na geladeira e coloquei no microondas, muitas besteiras, ela gostaria de comer. Quando o som alto indicando que o alimento estava pronto apurou o barulho dos saltos grossos de Rory também se fizeram presentes no ambiente. Ergui o olhar para ela que me encarou sem expressão, essa não era a minha Rory.

— Vou sair. – ela falou somente e colocou a bolsa nos ombros, não podia deixar que ela fosse.

Sendo mais rápido que ela eu me encostei na porta impedindo sua passagem, seus olhos cinza faiscaram ao me ver ali.

— Você não vai. – não queria ser grosso com ela, não queria que nossa aproximação começasse dessa forma, mas, cá estou eu tentando fazer de tudo para não perder aquilo que passei muito tempo tentando conquistar.

— Como assim, eu não vou? Gross, eu preciso ir trabalhar. Podemos conversar depois, o que quer que seja pode esperar. – neguei, não podia. Não podia mais esperar que Rory tomasse a iniciativa sozinha.

— Não pode esperar, Rory. Sua saúde é prioridade. Não percebe? Não consegue ver que está deixando a doença vencer? Olha como você está tratando as pessoas, como se você, ou sua causa fosse mais importante que tudo. Olha como você está me tratando. – seu olhar logo mudou para algo assustado, seus pequenos lábios se separaram em choque e deles foi ouvido um soluço. Seu rosto estava banhado. Já tinha virado costume ver Rory chorando e eu não queria mais isso.

— Me desculpe... Gross, eu sinto muito. – sua voz embargada se perdia em meio aos soluços. Afastei os braços do corpo e ela se encaixou ali, perfeitamente encaixada em mim. Acariciei suas costas e esperei que ela se acalmasse, eu entendia bem o que era aquilo, notar que estava agindo sem pensar, que outra coisa te comandava. Não é fácil.

A bolsa deslizou dos seus ombros e caiu no chão, eu segurei seu pequeno corpo nos braços e a levei para o seu quarto onde eu tinha deixado os remédios sobre a cama. Rory retirou os sapatos e os jogou no canto da parede, ficou encolhida sobre as cobertas enquanto eu descia para buscar comida e água para que iniciasse o tratamento. Lhe entreguei um dos comprimidos e um copo com água, ela logo engoliu e recusou a comida.

— Você precisa se alimentar. – ela negou, estava triste. Sentei em sua frente esperando que a atenção dela voltasse para mim. A pequena fêmea estava perdida. – Eu vou sempre estar aqui para cuidar de você.

— Eu não mereço isso... – ela sussurrou, acariciei seu rosto macio devagar e ela me encarou de volta.

— Merece mais, e eu vou te dar. Agora come um pouco, ou vou ter que te convencer a comer... – o ronronar saiu profundo, eu sabia que ela estava impossibilitada de fazer sexo mas, isso não significava que eu não poderia lhe dar prazer de outras formas.

Ela pareceu perceber o real sentido das minhas palavras porque o cheiro de sua excitação logo preencheu o ar. Ainda com o olhar firmado nos meus, Rory começou a abocanhar as fatias de pizza que eu tinha trazido. Precisava que ela estivesse forte e cuidaria muito bem disso, talvez mais comida nos armários possa ajudar no processo. Cuidaria da minha fêmea.

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Gross - Novas Espécies [L9]Onde histórias criam vida. Descubra agora