Eu não esperava que a liberdade fosse tão vazia, que me sentiria sozinho e mesmo lutando contra o buraco em meu peito nunca iria conseguir preenche-lo. Tampouco esperava me sentir tão diferente e extremamente protetor por uma fêmea de cabelos cor de rosa com cheiro mais doce e impregnante que já senti. Antes não via um motivo certo para acordar, empurrava meu dever de ajudar meus irmãos e a obrigação na proteção de Homeland como prioridade, mas não era o suficiente.
Meu corpo senria falta de algo que nunca teve, tinha saudades de um toque jamais recebeu. Ansiava estar com algo que nunca foi seu mas, que agora tudo dentro de mim gritava para trancar em minha casa, persuadi-la a ficar, mostrar que posso ser um bom macho. Foi naquela festa barulhenta que Rage me forçou a ir, era o casamento da enfermeira que cuida de sua fêmea e ela não perderia isso. Diferente das outras pessoas eu fiquei de fora assistindo tudo com cautela mas, uma brisa foi capaz de mudar tudo dentro de mim. Uma convidada, pequena, com um sorriso brilhante e cabelos diferente de qualquer um que eu tenha visto.
O cheiro doce daquela fêmea inundou tudo em mim e eu senti que ela me pertencia, eu a queria em minha cama, queria aquele corpo pequeno e delicado debaixo dos meus lençóis, aquele cheiro doce e impregnante em toda a minha casa. Queria tocar cada centímetro do seu corpo minúsculo, saborear sua pele tão igual ao leite, queria o seu sabor em minha boca. Apenas o pensamento da pequena fêmea de joelhos sobre minha cama me deixava duro.
Ao saber que Brass nutria sentimentos por ela senti vontade de mata-lo, o instinto animal que eu demorei tanto a prender estava quase se soltando, eu não permitiria que ele ficasse com aquela fêmea cor de rosa. Mas tudo ruiu quando a informação de que ela ficaria foi falsa, a fêmea se despediu de todos e partiu. Não consegui me aproximar dela, cheguei muito tarde, aliás o que garantiria que ela ficasse comigo? As fêmeas humanas postas em minha frente, todas elas tentaram me matar, me chamavam de monstro. Com aquela fêmea tão delicada seria diferente? A única fêmea que abaixou a arma em minha frente foi Ella e, mesmo assim eu a feri.
O vazio da liverdade voltou, me sentia assim quando estava preso e me sinto assim agora. Não experimentei sexo muitas vezes, não era para isso que eu estava sendo criado, aqui as fêmeas espécies tem receio de se aproximar porque os moradores da zona selvagem são considerados instáveis, mesmo eu mostrando todo o autocontrole que adquiri. Talvez tenha compartilhado sexo uma ou duas vezes com Kit mas, seu cheiro denunciava o quão arisca é, nunca me meteria em tentar mante-la.
[···]
Estou atualmente de volta a Zona Selvagem passando o meu dever de ensina-los a Night, o primata aprendera muito por aqui e Justice agora precisa de mim em Homeland. O repasse foi rápido, sem cerimônias ou coisas mais sentimentais, esses machos não entendem muito bem o que é isso. Night ficaria responsável mas, Vengeance e Rage o ajudariam caso precisasse.
Já com a mala pronta para ir à Homeland escuto baterem em minhs porta, como estou para descer termino de fechar a mala e arrumar a cama bagunçada. Ao abrir a porta me deparo com Rage, parecia inquieto.
- Não me olhe assim, Gross. Cosima me obrigou a vir, então colabore. - ele rosnou revirando os olhos, as fêmeas tem tanto poder assim sobre nós? Deixei minhas questões de lado e sai da casa em sua companhia a caminho do heliporto.
- Ela te obrigou a vestir uma blusa também? - ele assentiu rosnando. Já fazia tanto tempo que eu tentava fazer com que Rage vestisse uma blusa, depois de um tempo simplesmente desisti.
- Ela disse que você é meu amigo, deveria me despedir. - de fato somos amigos, talvez irmãos. Eu, Mixed e Rage viemos do mesmo lugar, fomos construídos para matar qualquer coisa viva que se colocasse em nosso caminho. Ele fez vingança por nós, matou a desgraçada da Kisha, devo muita coisa a ele. Espero que, se existir inferno com os humanos dizem que ela esteja lá.
- Somos, Rage. Mas eu não gosto de despedidas. Vou fazer meu trabalho e logo estarei de volta... - a minha casa, vazia. Quem diria que a liberdade mais pareceria uma prisão? Ele tem sorte, Mixed também, queria ter no mínimo uma chance de tentar mas, seria impossível com a fêmea que me cativou do outro lado dos muros. Provavelmente com algum macho humano infeliz.
- Sei que estará, quando for com Cosima para as consultas no centro médico passarei por lá para conversar-mos. Aqui não tem muita gente social. - assenti, apertamos as mãos e eu subi no helicóptero.
Já fazia alguns dias que estava sendo implantado um novo sistema de segurança criado por Ella, junto a isso, Justice queria que os machos tivessem mais habilidades de luta e controle, por esse motivo pediu para que eu e Mixed os treinasse como poderíamos até que alguém mais qualificado chegue e os ensine técnicas diferentes. Em base somos ótimos lutadores, os espécies são guiados pelo instinto mas, as vezes isso pode dar errado. Aprender a controlar seu animal em uma luta era essencial para não matar os humanos, por exemplo.
[···]
Ao pousar fui diretamente para o dormitório masculino guardar minhas coisas, precisava de um banho e alguns momentos de descanso para a minha cabeça. Ela sempre invadia sorrateiramente meus pensamentos, isso não era bom para o autocontrole.
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Gross - Novas Espécies [L9]
FanficLivro 8 Zona oito. Tempestuoso e bruto, criado para matar ele nem imaginava que a liberdade que tanto almejava seria tão vazia quanto sua antiga "casa". Aos poucos viu seus irmãos sendo resgatados e aceitou ajuda-los a se adaptar na Zona Selvagem...