Gross - Novas Espécies [L9]

Capítulo 18

Depois daquela declaração que Gross fez a mim fui obrigada a me sujeitar à exames psicológicos. Jessie estava uma fera comigo por eu ter mentido para ela sobre minha saúde mental. O problema é que eu não queria me prender a isso agora, precisava encerrar o caso do Carlos primeiro, se a justiça sonha que tenho TPAS eles vão me acusar de ser inapta para advogar.

Escolhi ser advogada por que eu queria provar a minha mãe que ela estava errada, que eu não seria uma infrator sem consciência como ela foi. Ela nunca se importou comigo, negava o tratamento e vivia fazendo coisas arriscadas, meu pai a amava tanto que sempre a perdoava, eu praticamente fui criada por ele. O único dia em que tivemos paz foi quando a doença a levou, ela era tão imprudente no trânsito que não se importou em atravessar um sinal vermelho, afinal era apenas mais uma coisa idiota na sua longa lista de regras quebradas, ela só não contava com outro carro vindo na direção oposta. O choque frontal levou ambos a morte imediata.

Tive medo por tanto tempo, medo de ser igual a ela que acabei me tornando. O resultado dos exames tinha chegado antes que eu assumisse o caso de Junni, não quis aceitar o laudo médico, não conseguia acreditar que eu estava caindo no mesmo buraco que ela. Os sintomas eram tão sutis, uma pequena mentira todos os dias, a dependência do álcool e da dança, mudanças súbitas de humor... foi tão silencioso.

- Você sabe que vai precisar tomar os remédios, certo? - falou Trisha me entregando o resultado dos exames que fiz. Assenti. - Quanto antes começar podemos estancar o desenvolvimento, você tem sorte de ter descoberto tão rápido.

De ter descoberto antes de me machucar e machucar alguém. Ela quis dizer.

- Eu sei, mas não posso deixar que o tribunal saiba da minha doença. Trisha, eles poderiam encerrar o caso. - ela mordeu o lábio enquanto pesava minhas palavras e assentiu.

- Tudo bem, não direi nada... - Não sei mais o que ela falou, meu celular tocou mostrando um e-mail na tela, pelo codinome estranho eu já imaginei que era Charlotte. Abri o email e as páginas, fotos, endereços, provas e vídeos do envolvimento de Carlos com a Mercile estava em minhas mãos. - Entendeu?

- Entendi. - menti, levantei da cadeira e segui até a porta sem me despedir. Precisava mostrar isso para Justice e em seguida levar tudo organizado para o juiz, Carlos estaria na mão de Homeland em pouco tempo.

Passei pela sala de espera onde Gross estava e continuei caminhando, ignorei totalmente seu chamado atrás de mim. Agora eu tinha aquele filho da mãe nas minhas mãos. O seu final ia ser a Fuller.

- Rory! Para onde está indo? - Gross segurou em meu braço me fazendo parar, não tivemos muito tempo para conversar sobre o ocorrido no momento não me importava.

- Preciso falar com Justice. - falei de um jeito grosseiro, suas sobrancelhas se uniram enquanto ele me encarava. O que ele está vendo? - O que foi? Eu preciso ir, me solta.

- A Trisha estava falando com você quando foi embora, não pode simplesmente sair. - puxei meu braço do seu agarre e ele me soltou de imediato.

- Não tenho tempo para isso, Gross. - Eu ia voltar e fazer o tratamento depois, agora eu precisava fazer o meu trabalho que é colocar Carlos atrás das grades.

Gross não me seguiu ou contestou, ficou lá parado no meio da rua como se estivesse congelado, depois me resolveria com ele. Ao passar pelo Looby corrompara o elevador que já estava fechando, a espécie que estava dentro segurou as portas para que eu entrasse. Alguns minutos foram necessários para que eu estivesse de frente a sala de Justice, bati quatro vezes e escutei um forte entre. Apenas ele estava na sala, sentado por trás da sua mesa lendo alguma coisa, assim que entrei seus olhos se colocaram sobre mim e ele endireitou a postura.

- Senhorita D'Green, em que posso ajudar? - apontou a cadeira a sua frente e eu sentei sem hesitar.

- Tenho provas. Fotos, vídeos, gravações e documentos que mostram Carlos trabalhando para a Mercile. Posso ir agora mesmo entregar isso ao Juiz. - falei empolgada, aqui ele não teria escapatória.

- Achei que estivesse fazendo exames para sua... - o cortei antes que terminasse.

- Eu estou bem. Posso fazer isso. - dei de ombros, ele não parecia acreditar em mim.

- Vou ligar para Jessie vir conversar com você. - neguei, lhe estendi o celular e mostra o o email repleto de anexos.

- Pré isso levar isso agora antes que seja excluído. - ele me olhou com receio e em seguida suspirou.

- Vou mandar Tim preparar o carro para lhe levar até o tribunal. -