Capítulo 25

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A presença de Ella realmente me acalmou, ela me disse que é normal ficar ansiosa e nervosa quando se tem armas por perto. Mas, eu não estava nervosa por isso, estava preocupada com a decisão do juíz, tinha medo que algo desse errado. E tudo indicava que eles também temiam o pior. O caminho parecia ter ficado mais longo do que me lembrava, mas uma hora iríamos ter que chegar, e chegamos. O tribunal estava sem muito movimento, poucos policiais perambulavam pelo local, isso era hábito. O carro fez a volta no grande prédio e estacionou na parte de trás, onde ficavam as viaturas dos policiais que faziam a ronda. Ella, Mixed E Gross conversaram sobre alguma coisa depois de descer do carro e se afastar, algo que eles não queriam que eu soubesse. Era melhor assim, se eu soubesse sobre algum plano ou algo do tipo, com certeza ficaria tão nervosa quanto já estou. Arrumei minha roupa de um jeito exagerado e segurei minha pasta firmemente entre as mãos trêmulas.

— Tudo bem. Mike, você fica na porta. Mixed, Gross e Shadow ficam no carro. Eu vou entrar com a Rory. – todos acenaram para Ella. Juntas entramos no prédio antigo.

As pessoas não nos olharam torto, estávamos vestidas como qualquer um presente, e isso tirava a atenção da nossa presença. Fui diretamente para a sala do juíz que estava vazia, eu e Ella entramos no local e ficamos assim por um bom tempo apenas esperando. Quanto mais demorava, mais tremia. Ella não parecia tensa ou ansiosa, ela tinha sentado em uma das cadeiras, estava com os ombros relaxados e os olhos fechados.

— Como consegue dormir? – perguntei me sentando ao seu lado.

— Depois de dar a luz há dois pequenos espécies, e ter que supervisiona-los o tempo todo. Você aprende a dormir e continuar atenta a tudo que acontece ao redor. – fiquei em silêncio. – Ops. Mas, uma hora você ia ter que saber.

— Então... Eles podem nos engravidar? – ela assentiu. Ótimo, isso tinha sido outro choque para mim. Embora eu não tivesse com o que me preocupar, já que o medicamento estava em dia.— Você podia ter escolhido outra hora para me contar sobre isso...

— É, mas eu queria ter certeza que o Gross não estaria por perto. – ela seu de ombros, permanecendo com os olhos fechados.

— Ele não quer que eu saiba? – questionei, porque ele não queria?

— Ele não sabe como contar, Gross é muito inseguro quanto a você. Ele tem medo que uma palavra errada os afaste... – respirei fundo tentando dispersar o ciúme por ele ter lhe contado tudo isso, enquanto guarda segredo de mim.

— Vocês devem conversar muito... – usei um tom um tanto áspero, ela riu abrindo os olhos e me encarando. Os seus eram mais escuros que os meus.

— Não, eu conheço ele, Mixed e Rage. Sei como pensam, os acompanhei por um tempo enquanto ajudava Rage a se adaptar. Eles se consideram irmãos. E por favor, pare com esse ciúme idiota, eu tenho marido. – ela tinha razão quanto ao ciúme idiota.

Um barulho na porta ao lado da mesa chamou nossa atenção, Ella se colocou em alerta quando a maçaneta girou, o juíz entrou sem nos dar muita atenção. Ele colocou uma pasta sobre a mesa e sentou-se atrás dela. Seu semblante era fechado, típico.

— Eu não posso levar em consideração as suas provas. Este laudo chegou até mim hoje... – ele abriu a pasta onde tinha o meu exame psicológico. Meu corpo ficou tenso. – Você não está apta para advogar.

— Mas esse exame é antigo, eu estou tomando os medicamentos. Tenho total responsabilidade e eficiência para continuar esse caso! – tentei lhe soar convincente, mas ele não parecia ceder.

— Eu discordo totalmente. Sinto muito por isso, mas é o correto a se fazer. A não ser que me mostre um advogado competente e psicologicamente estável para prosseguir, todas as acusações contra Carlos serão retiradas. – fiquei de pé, não acreditando no que estava ouvindo.

— Não pode está falando a verdade! Tem provas, testemunhas. Tudo que é preciso... Você não pode simplesmente fazer de conta que nada aconteceu e fechar os olhos para o assassino que está colocando nas ruas! – ele se ergueu também, seu olhar azul afiado cerrou o meu como se pudesse me atingir dessa forma.

— O sistema é falho, senhorita D'Green. Se eu fosse me importar e me culpar por todos os assassinos que eles colocam nas ruas, já teria me suicidado. A decisão disso não está em minhas mãos... Eu obedeço a lei. Se quiser que eu aceitei isso, me mostre um advogado eficiente. Caso contrário eu não posso fazer nada. – ele estava irritado por eu estar lhe confrontando, mas sabia que falava a verdade e temia que isso acontecesse.  – Agora se ambas as senhoritas me dêem licença, preciso trabalhar em algo concreto.

Ella ficou o tempo todo calada, observando a situação, nem parecia que ela estava ali. Sabia que a ex-militar não poderia fazer nada para me ajudar, mas adoraria ver ele levando uns bons saculejos. Respirei fundo marchando para fora da sala, parecia que o ambiente estava a pressionar meus pulmões. Não consigo acreditar que, não vou levar Carlos a justiça. Isso é inaceitável. Apenas quando estava distante percebi que Ella não caminhava ao meu lado, ela tinha ficado na sala do juíz. O que estava fazendo lá? De repente a ruiva saí de lá tranquilamente, com as mãos nos bolsos da calça e o olhar tão suave quanto antes. De dentro do bolso ela me entregou um pendrive.

— Isso é o que você precisa para tornar o caso problema de Homeland. – como assim?

— Não entendi. – perguntei confusa.

— Ele precisava de um advogado estável, eu conheço um. A liberação foi feita. – não conseguia acreditar no que estava escutando.

— E porque deixou ele fazer todo aquele fogo? – cruzei os braços sobre os seios, ela riu.

— Para eu ter um bom motivo para lhe socar o meio da cara.

Gross - Novas Espécies [L9]Onde histórias criam vida. Descubra agora