26- Útil ao Agradável

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Emma's

Se, a três meses atrás alguém me falasse o que eu estaria vivendo hoje, com toda certeza meu diagnóstico para essa pessoa seria a mais absoluta insanidade. Pois sim, era abominável para mim que existisse qualquer tipo de aproximação entre mim e o De Jesús.

Mas, como a vida se encarrega de nos surpreender das formas mais inimagináveis possíveis. Cá estou eu, sugada por sua alma sombria, seu mundo ilegal, sua vida incerta... fui tragada.
O que também me faz pensar em, como ele permitiu que tal ato acontecesse. Afinal de contas, não é sempre que um assassino se deixa envolver dessa forma por uma policial.

É, realmente os rumos que a vida toma ultrapassa qualquer entendimento.

- Bom.- Christopher me acorda.- Agora vou indo, é aniversário da minha mãe e vamos almoçar juntos.

- Nossa.- Sorrio.- Entregue minhas felicitações a ela.

- Claro. Obrigado.- Ele põe-se de pé.- Falou bro. Até mais.

- Falou.- Zabdiel responde quando eles fazem um "hi- Five" com as mãos.

Observamos Chris sair e volto minha atenção ao Zabdiel.

- Preciso sair.- Suas mãos estavam entrelaçadas segurando-me sentada em suas pernas.

- Acho melhor eu não querer saber.- Falo usando os polegares para alisar sua nuca.

- Diz respeito à você.- Ele fala e não consegui disfarçar meu rosto.- O pagamento pelo seu sequestro.

Seus olhos estavam nos meus à procura de algum tipo de resposta ou reação, que na verdade eu estava tendo. Afinal de contas, isso de uma certa forma ainda é novo pra mim. Mais se é para estar em seu mundo, que eu comece a pensar da mesma forma.

- Una o útil ao agradável.- Falo e um esboço se forma no canto de seus perfeitamente desenhado lábios.

- Aprendeu rápido.- E ele me puxa para mais perto.

- Meses perseguindo um assassino, e outro mês convivendo com ele.- Sua sobrancelha arqueia-se fazendo o desenho de seu rosto formar uma expressão de curiosidade.- Digamos que eu tive um bom ou melhor... mal professor.- Ele rir.

Sinto seus mão subir até o meio de minhas costas dobrando meu corpo e nossos narizes tocam.

- Esse professor ainda vai te ensinar muita coisa.- O seu ar quente toca meu rosto quando ele pronuncia baixo tais palavras.

E assim nos colamos.
Como não se deixar envolver por esses lábios viciantes?
Cada vez que nos beijávamos eu sentia uma sensação diferente. Agora então era como se ele transferisse para mim um pouco de si. E me assustava saber que cada vez mais eu gostava de me sentir à vontade com isso.

Narrador's

Se só Zabdiel e Christopher conseguiam burlar a polícia e escape tão facilmente de todos aqueles que o perseguiam. Tendo agora Emma como aliada, as coisas mudam quase que completamente. Pois ela conhecia tudo, inclusive o novo responsável pelas investigações.
E com toda certeza essa vantagem será bem utilizada.

Na verdade os ventos estão soprando em total favor do Zabdiel.
Seu envolvimento com a Emma, a eliminação da Raquel que não gerou qualquer consequência, o fato da detetive estar ao seu lado e conhecer tão bem o distrito. Definitivamente as coisas estavam indo bem melhor do que o jovem imaginava.
Mais isso não significa que ele baixe a guarda. Afinal, mesmo estando emocionalmente envolvido, ele continuava ser o tão temido De Jesús.

- Achei que novamente não viria.- A voz do Lorenzo surge por trás do jovem sentado no costumeiro banco do parque em frente o lago.- O que aconteceu semana passada?- O homem da a volta sentando ao lado do Zabdiel que se cobria com o capuz.

- Imprevisto.- Unicamente ele responde.

- Está tudo bem com ela? Não esqueça do que falamos sobre não toca-la.

- Claro.- Zabdiel responde tendo em mente as vezes em que ele e Emma transaram.- Ela continua intacta.- Se o Lorenzo soubesse a ironia que existia nessa frase.- Trouxe? Não tenho o dia todo.

- Está aceitando outros trabalhos?- Enquanto trocavam as mochilas o homem questiona.

- Isso não é da sua conta, não é mesmo?- Pela primeira vez Zabdiel vira o rosto para encarar o homem por trás do óculos escuro.- Até semana que vem.

- Mantenha sua palavra.- Lorenzo pronuncia quando Zabdiel sai.

E ao dar as costas o jovem sorrir.

Não muito longe dali estava o Scott conversando com o legista no necrotério.

- O que já pode me adiantar doutora?- Ele encarava a cabeça da Raquel.

- A causa da morte foram esses três tiros que formam esse triângulo na testa da vítima.- Ela mostrava com detalhes.- A distância em que foi disparado não foi grande. Eu diria que quase a queima roupa.

- Ele realmente a conhecia bem.- Scott pensa alto.- Pode continuar doutora.

- O assassino estava por trás da vítima quando a degolou. E pelos movimentos da lâmina, ele tem muita habilidade nesse tipo de morte.- A mulher pega um pequeno saco plástico de provas.- Aqui é uma cápsula idêntica à usada para os disparos.

- Só pode ser ele.- Scott refletia consigo mesmo.- Obrigado doutora, qualquer novidade me chame imediatamente.- O homem pega o pacote e sai apressado.

- Okay detetive.

E assim Scott segue de volta a sua mesa. Mais uma prova que facilitaria nas investigações. Para ele, estava cada vez mais próxima a captura do Zabdiel.

Será quase impossível descrever o tamanho da surpresa que ele terá ao saber o caminho que esse sequestro tomou.

(8 horas depois)

Emma's

A noite estava com a temperatura mais amena, o clima não estava tão frio como pela manhã, inclusive até a lua resolveu aparecer tímida no céu.
Eu estava sentada em uma das espreguiçadeiras em volta da piscina, usava uma calça de moletom preta, meias azul escuro e uma regata preta. É, combinação bem estranha, mais o que importa é meu conforto.
Bonnie e Clyde estão no meu colo e enquanto acaricio eles meu subconsciente acorda. Era como se algo em mim depois de dois dias resolvesse soltar um alerta sobre minha "nova vida", as circunstâncias como tudo aconteceu, as coisas que eu abri mão tão facilmente por ele, pelo meu sequestrador...
Será isso...?

- Devo me preocupar?- A voz do homem que inundava meu pensamento também é o que me faz despertar.

Giro a cabeça devagar e lá estava ele, encostado no batente da porta, calção marrom de tom escuro, mãos nos bolsos e olhar sobre mim.

- Talvez eu devesse.- Falo deixando sair um singelo sorriso enquanto o fito.

De Jesús sai da posição em que estava e começa andar em minha direção lentamente, seus ombros largos suportavam perfeitamente o cumprimento de seus braços banhados por tatuagens, as cicatrizes, os musculos... e ao se aproximar ele passa com facilidade uma das pernas por sobre a cadeira e assim senta atrás de mim.

- Do que está falando?- Ele também mantinha-se afastado pelo animais estarem em meu colo.

- Será que isso não é síndrome de Estocolmo?- Fui direta.

E houve consideráveis dez segundos de silêncio.

- Se for, você é realmente muito boa.- Sua voz estava baixa e baixei a cabeça escondendo um sorriso, se ele pudesse me ver iria notar meu rosto corado.- Por que nem ao menos precisou me sequestrar, para que...- Ele para a frase e permaneci imóvel. Só que por dentro era como se descargas elétricas estivessem me eletrocutando, eu já sentia a arritmia cardíaca fazer falhar minha respiração.- Para que... fizesse chegar sentimento onde não existia.

Ele termina a frase e meus olhos marejam instantaneamente. Giro a cabeça rápida de tal forma que quase me deixou tonta. Meu cérebro custava acreditar em todas as palavras que meus ouvidos acabaram de captar.

I'm Dirty - Zabdiel & Sabina - (CNCO-NU)Onde histórias criam vida. Descubra agora