I'm Dirty - Zabdiel & Sabina - (CNCO-NU)

41- Carta Para o Inferno

Emma's

- Lorenzo. Esse nome significa algo para você?- Congelo ao ouvir Zabdiel pronunciar esse nome que a tantos anos eu ouvi quando criança.

Ele estava encostado à frente de sua mesa com os braços segurando seu corpo, enquanto eu me mantinha diante dele com meus braços cruzados.

- Ele... ele... é o assessor do Deputado Bruce.- Eu me recuso chamá-lo de pai.

- Toda a gangue dos latinos...- Ele começa.- Fui contratado por ele.

- Como?

- Sim. E...- Ele para baixando a cabeça.

- Por favor continua.- Peço e de alguma forma meu coração deu uma disparada.

- Seu sequestro...- Ele ergue o olhar a mim. E pela primeira vez vejo Zabdiel hesitar.

- Tam... Também foi ele?- Pergunto tendo nossos olhares ligados.

- Sim.- Zabdiel foi único.

- Com qual intuito você foi contratado para me sequestrar?- Eu tentava mascarar meu coração que estava disparado.

- Que eu te deixasse afastada de tudo até que as eleições terminem.

- Foi ele.- Começo andar de um lado ao outro.- Foi ele.

- Emma...

- Sabe por que?- Parei de andar voltando o encarar.- No dia em que você matou o Pérez, descobri uma lista telefônica e entre os números estava o do Deputado Bruce.- Eu tremia.

Havia uma mistura de sentimentos. Meu coração estava acelerado. Meus olhos queimavam. Meu corpo tremia. Eu sempre soube que eu e aquele homem nunca iríamos ter uma relação de pai e filha ao menos de forma cordial. Mais saber que meu sequestro foi um pedido vindo dele. Do homem que tem seu sangue correndo em minhas veias. Isso é decepcionante de uma forma que chega a doer. Pois prova que eu realmente nunca fui amada como sua filha.

- E...- Era nítida a dificuldade que Zabdiel estava em falar.

- O que? Ele quer que eu fique em cativeiro para sempre?

- Não.- Zabdiel me olha extremamente sério com o olhar assustadoramente carregado.

É quando me dou conta.

Foi como se uma cratera tivesse se materializado sob meus pés. Tombei dois passos para trás até cair sentada no sofá sentindo o impacto.

- Até... Até... Até quando?- Meus cotovelos estavam sobre os joelhos me fazendo jogar a cabeça nas mãos.

- Me pediram confirmação ainda hoje.- A voz do Zabdiel estava fria, carregada como seu olhar.

Segurei o máximo que pude, mais chegou uma hora que não consegui. O nó em minha garganta estava sufocante. Eu não queria, Deus sabe como eu não queria. Mais a lágrima desce contornando meu rosto. Uma gota, uma única gota que carregava tanta coisa dentro de si, tantas palavras não ditas...

Ergo meu olhar de volta ao imóvel Zabdiel.

- Confirme.- Limpo o rosto.- Emma está morta.

Antes que eu pudesse continuar falar ouço o telefone tocar e Zabdiel atende antes que complete o terceiro toque.

Ligação ON

- Sim.... Rita.... Okay.- Ele me olha e logo coloca no viva voz.

- Senhorita Emma?- Ouço a voz da mulher.

- Sim Rita.

- Senhorita... é...- Ela parecia respirar fundo.- Sua mãe.

- Minha mãe?- Corro aproximando-me do telefone.- O que aconteceu?

- Deu entrada aqui no hospital...

- COMO ELA ESTÁ? O QUE ACONTECEU RITA?

- Tem muitos jornalistas aqui senhora. Seu pai também está aqui conversando com o detetive Scott.- Eu e Zabdiel nos entreolhamos.

- Os médicos já falaram alguma coisa?

- Senhorita... ela... ela...- Rita para.

- POR FAVOR FALA RITA.- Meu coração estava apertado.

- Ela cometeu suicídio senhorita.- Rita fala.

O mundo congelou. Tudo ao meu redor perdeu a cor, perdeu o som. Eu sabia que estava gritando enquanto chorava e era segura firme pelo Zabdiel, porém eu não conseguia ouvir. Meu corpo perdeu as forças, meu coração parecia ter se esvaído do peito.

Minha mãe. Minha única é melhor amiga. A mulher que tantas e tantas vezes me defendeu, me impulsionou a perseguir e batalhar por meus sonhos, a primeira a me parabenizar quando me formei na academia de detetives. A que fez um jantar especial quando resolvi meu primeiro caso. A que chorou quando sai de casa. A mulher que por mais que fosse humilhada pelo crápula do meu pai, sempre esteve ao seu lado em seus eventos.

Deus. Ela era uma mulher tão religiosa, tão apegada a fé. Que tipo de sofrimento ela estava passando a ponto de sentir que a morte era um alívio?

- Okay Rita. Volte olhar o Christopher.- Única coisa que escuto o Zabdiel falar.

Ligação OFF

Eu ainda me debatia em seus braços quando ele começa a me chacoalhar.

- Emma... Emma... EMMAAAAA.- Ele grita e assim paro olhando em seus olhos.

O que antes me fazia chorar de tristeza, em questão de segundos deu lugar a um incontrolável ódio.

- Eu só quero te pedir uma coisa.- Minha voz continuava embargada pelo choro.

- O que?

- Dê a notícia de minha morte pessoalmente.- E por alguns segundos nos encaramos em silêncio e sei que ele entendeu.

- Faremos isso juntos.

E pela primeira vez sinto como se em meu corpo corresse os mesmos instintos que o Zabdiel seguia tão cegamente.

E sei que com esse ato irei assinar minha carta para o inferno. Porém não a nada mais que eu queira além disso.