15.

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"As vezes é preciso esquecer o passado para que se tenha um futuro."
— A Era do Gelo II

[...]

Continuei abraçada com Sana não sei por quanto tempo mais.

Apesar do seu corpo frio, seu abraço me envolveu de uma forma absurda. Nosso corpo se encaixou como se fôssemos uma parte faltando do quebra-cabeça. O cheiro doce do seu perfume me levou para uma outra dimensão. Eu não sentia mais medo do futuro, mesmo que a cada respiração seguinte já fosse ele. Eu não me sentia esgotada por não saber o que fazer a respeito de tudo. Seu abraço tinha reiniciado meu dia.

Eu estava me sentindo em um lugar que a muito tempo não tinha mais visitado...

Nosso mundo...

Meu mundo e de minatozaki Sana...

Só quebrei o abraço e caí em si quando a escutei fungar, e a vi secar a lágrima que tinha escapado.

— Ei, vamos pra dentro, e aí você me diz o que aconteceu – a abracei de lado e caminhamos para dentro da minha casa, fomos até a sala, onde fiz com que ela sentasse no sofá — Fique aí, eu vou trazer uma água.

Corri até a cozinha, enchi um copo de água e voltei na mesma velocidade. Me agachei em sua frente e ergui o copo.

Sana fez uma careta, e com suas mãos trêmulas pegou o copo e bebeu. Quando olhei atentamente pra suas mãos, percebi que estavam avermelhadas, machucadas, e minimamente sangrando.

— Sana... – minha voz estava quase falhando por meu peito doer ao ver a cena — Me diz o que houve? Por que suas mãos estão machucadas?

— Era isso ou meus braços... – respondeu calma.

— Você voltou a fazer isso ou você nunca parou de fazer? – olhei firme em seus olhos mas ela desviou os seus e ficou em silêncio — Ok, eu posso ver seu braço?

— Estão feios... – ela apenas girou os punhos de maneira que eu não pudesse ver seus braços já que ela estava com apenas uma camiseta.

— Nada em você é feio, nem mesmo suas marcas – segurei levemente seu braço esquerdo e o girei pra frente encontrando apenas cicatrizes, mas bem profundas do que costumava ser, havia até uma em vertical e meu coração doeu — Quer me contar sobre essa? – passei o dedo suavemente na cicatriz.

— Não... – puxou o braço e afagou o mesmo — Está tão frio...

— Sim. Por que está com essa camiseta de calor? Está até chuviscando lá fora – me aproximei dela mesmo estando ajoelhada.

— Eu saí e estava calor... – ela estava mentindo, o dia foi frio.

— Estava querendo ter uma hipotermia? – suspirei.

— Quer a resposta verdadeira? – ela sorriu de canto mas não vi graça nenhuma.

Me levantei e puxei meu casaco pra cima, o retirando. Devagar peguei os braços de Sana e fiz com que ela o vestisse, mas na metade ela reclamou embargada:

— Ele tem cheiro de cigarro... Eu não quero!

— Me desculpa – me odiei naquele momento e a fiz levantar — Vamos pro meu quarto.

Segurei a mão da japonesa, e subimos em passos curtos até o cômodo por conta do seu estado. Ela sentou ainda tonta, olhou pro teto onde tinha um espelho e negou com a cabeça.

Fui até meu guarda-roupa e tirei um moletom recentemente lavado, pedi permissão com o olhar para que eu pudesse vesti-la, ela assentiu com a cabeça, então assim o fiz.

New Chances - SaiDa. 2ª temporada Onde histórias criam vida. Descubra agora