Capítulo 16

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Alguns anos depois

Isabela Garcia
Já senti mais falta, mas hoje já não me dói mais. Faz cinco anos, cinco anos que me separei do Eduardo. Faltavam menos de um mês para o nosso casamento, o salão, o buffet, a igreja, tudo já estava alugado e esperando o grande dia que nunca chegou. Ainda me lembro como se fosse ontem tudo que aconteceu.

"Com toda a correria com os preparativos do casamento, mais a rotina de trabalho, eu e Dú só conseguíamos nos ver aos finais de semana. Às vezes nos esbarrávamos no corredor do prédio, trocávamos alguns carinhos e cada um ia para as suas responsabilidades. Eu estava no horário de almoço, esperando o Dú me ligar como sempre fazia, mas isso não aconteceu. Então preferi não incomodar, talvez ele estivesse em alguma reunião importante. Voltei ao trabalho tentando não dar muita atenção a isso, e depois do expediente fui caminhar como estava habituada há algum tempo. Estava querendo perder uns quilinhos para entrar melhor no vestido de noiva. Confesso que estava esperando uma ligação, ou então uma mensagem. Não tínhamos nos falado durante o dia todo. Mas como não recebi nada, resolvi ligar.

-Alô?
-Oi amor, tá tudo bem? - pergunto logo que ele atende
-Oi amor, tá tudo ótimo, mas agora não posso falar. Depois conversamos, beijos - diz sem ao menos ne dar tempo de eu responder e encerra a ligação.

Fiquei ainda mais triste. Me senti idiota indo atrás dele, e ele não estando nem aí. Comprei um picolé de frutas, para não sair da dieta, e enquanto o saboreava, tentei espantar aquela coisa ruim de mim. Não tinha acontecido nada demais, Dú só estava ocupado com o trabalho. Derrepente meu celular vibra e sinto meu coração bater mais forte. Só pode ser ele. Tiro o aparelho do bolso toda sorridente e vejo que é uma mensagem. Abro o Whatsapp que havia acabado de chegar e o meu sorriso se transforma em uma semblante de espanto. Surgi então um nó na minha garganta, e um desespero incontrolável que me dá vontade de gritar.
Que foto era aquela?! Era por isso então que ele estava tão ocupado?! Com a Bruna! Justo ela. Eu não conseguia acreditar. Não podia ser verdade. Fechei meus olhos com força para ver se não era apenas um pesadelo, mas quando os abri novamente notei que não passava da mais dura realidade. Comecei a chorar e a soluçar ao mesmo tempo, e sentia minha cabeça girar em trezentos e sessenta graus.
Voltei para casa caminhando lentamente, e subi diretamente para o meu apartamento sem cumprimentar ninguém. Dane-se que eu estava sendo sem educação, eu só queria um pouquinho de paz. Deitei em minha cama, ainda toda suada e com a roupa de caminhada, não que isso estivesse me importando naquele momento. Sinto meu celular vibrar mais algumas vezes, e penso bem antes de pegá-lo, mas minha curiosidade fala mais alto. O mesmo número que havia me enviado aquela foto me manda um site de uma revista de fofocas super conhecida aqui no Brasil. Clico no link para ver do que se trata, e encontro a seguinte manchete:

"Faltando menos de um mês para o casamento com a jovem pediatra Isabela Garcia, o herdeiro da Bergamini, Eduardo Bergamini, 'pula a cerca'."

E então tem aquela maldita foto dele se agarrando com a Bruna. Puta que pariu, o que eu fiz para merecer isso? Não basta ser chifruda, ainda o país inteiro tem que saber. Bloqueei meu celular e tentei dormir, só assim sairia daquele pesadelo.

(...)

Passaram-se três dias. Foi o tempo que eu consegui me esquivar de todos os telefones e mensagens que não paravam de chegar. Até meus pais já estavam loucos atrás de mim. Antes que eles fossem obrigados a virem aqui na capital epara me obrigar a sair desse apartamento eu resolvi tentar voltar com a minha rotina. Eu pensei muito sobre tudo que aconteceu, e concluí que foi uma pena, uma perca de tempo. Mas estou convicta de quem saiu perdando foi Eduardo. Eu até entendo ele, sou muita areia para o seu caminhãozinho. Só não consigo entender o que porque de me pedir em casamento sendo que não é homem de uma mulher só. Para que nos fazer gastar com os preparativos do casamento sendo que no final me enchia de chifres pelas costas. Eu nunca desempenhei um papel de trouxa tão bem como esse. Sério, acho que até vou guardá-los, pois no carnaval do ano que vem vou fantasia com o meu papel de trouxa. Porque idiota igual a eu, não existe.
A primeira pessoa que eu deixei me vizitar foi a Valquíria. Conversamos muitos, e até rimos um pouco. Eu não estava em uma bad total, eu seguiria com a vida. Quem precisa de homem para viver? Val me aconselhou a ouvir a versão do Eduardo, ela me disse que todo mundo tem o direito de se explicar e tentar se desculpar. Mas eu já tinha essa conversa em mente, iríamos mesmo conversar, senão Eduardo não me deixaria em paz, só que voltar com ele eu não iria. Chega de ser trouxa. Então como havia dito, no dia seguinte recebi Eduardo em meu apartamento. Meu objetivo era ter uma conversa breve, colocando um ponto final em nosso relacionamento.

Sr. DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora