Epílogo

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CINCO ANOS DEPOIS

Eduardo Bergamini
Domingo é o clássico dia de almoço em família, e hoje não foi diferente. Meu pai e minha irmã, que já é um mulherão casada e com um filho, fazem total questão que esse ritual seja repetido todos os finais de semana. Estou sentado no jardim de casa, que não é tão bonito como o da casa do meu pai, atual morador aqui do bairro dos Jardins, eu não levo muito jeito para a jardinagem. Minha filha corre em minha direção sorrindo.

-Papai, papai! - pula no meu colo.
-Oi filha! - disfarço a careta de dor quando senta em meu colo, minha bebê já não é tão bebê assim.
-Preciso pegar uma bolsa no meu guarda roupa, mas está muito alto - choraminga.
-Vamos lá.

Levanto do jardim e caminho para dentro de casa. O cheirinho de bolo de cenoura com chocolate reinava pela casa, anunciando que as sobremesas já tinham sido servidas. Subo no quarto da Manu para pegar sua bolsa, e logo após desço em direção à cozinha.

-Bonito hein, vocês todos se deliciando, e não me chamaram?!
-Estava indo fazer isso agora meu amor - Bela me abraça.

Beijo sua testa e sorrio. Sempre que vejo, nem que seja o mais simples ato de carinho da sua parte, me lembro do quanto sou sortudo. Há cinco anos atrás quase perdi minha mulher. Ela ficou internada na UTI por uma semana, a pior semana da minha vida, mas quando finalmente saiu de lá, eu só consegui amá-la ainda mais, agradá-la ainda mais. O ser humano tem o péssimo ato de dar valor apenas depois de perda, mas já passei por experiências suficientes para aprender a lição. Posso dizer que seu o cara mais sortudo do mundo. Tenho três filhos, uma mulher maravilhosa, um pai, uma irmã, um cunhado, e um sobrinho, que são a alegria do meu lar. Não consigo imaginar minha vida sem eles.

-Vou tirar um pedaço de bolo para você - Bela se desvencilha do meus braços e vai até a mesa.
-Papai! - Pedro corre em minha direção.

Meu garotão! Sonhei tanto com o seu nascimento, e aqui está ele com quase quatro aninhos. Seus cabelinhos louros balançam ao correr, e suas bochechas vermelha se destacam na pele branca.

-Oi filho - pego-o em meus braços.
-A Mari tá chorando.

Bela em um pulo corre em direção aos quartos, onde nossa caçula dormia. Minutos depois, aparece com ela na cozinha.

-Oh meu Deus, a madrinha morre de amor por essa gordinha - Marilu pega ela do colo da Bela.
-Ei madrinha! - Pedro se remexe em meu colo com ciúmes.
-Vem com o padrinho Pepê - Renato, meu cunhado, chama ele.

Vou em direção à minha mulher que pega a Mari para amamentá-la no jardim. Sento-me ao seu lado, faço um carinho na bochecha da minha filha, e sorrio ao seus olhinhos brilharem ao me ver. Encosto minha cabeça no ombro da Bela, e suspiro satisfeito.

-Meus filhotes - Bela brinca.
-Onde que a Manuela vai? Para que ela queria bolsa? - pergunto de lembrando que alguns minutos atrás.
-Vai dormir na Valquíria, a Bia quer ver ela - Bia era a filha da Val.
-Você sabe que eu não gosto que a Manu durma lá! - reclamo. Valquíria criou um urubu chamado Fernando, que vive em cima da minha filha.
-Eduardo, a Manuela tem dez anos, e o Fernando sete. São duas crianças, e a Valquíria estará de olho.
-Não gosto mesmo assim.

Mari termina de mamar e pula em meu colo. Fico brincando com ela e conversando amenidades com a Bela. Não demorou muito para Marilu, Renato, meu pai e meus sobrinhos irem embora. As crianças quiserem jogar Banco Imobiliário, então nos sentamos todos ao redor da mesa na sala de jantar. Sempre gostei de ter esses momentos em família, pois me sinto como se pudesse manter todos sempre em baixo das minhas asas.

-Agora vamos guardar tudo isso, que já está tarde - Bela diz - Manuela e Pedro vão para o banho, que vou olhar a Mariana e pedir uma pizza.
-Eba! - eles comemoram.

Sr. DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora