Capítulo 19

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Eduardo Bergamini
Eu sinto que essa menina é minha filha. Não sei o porquê. Fiz as contas e bateu certinho com o tempo que estávamos noivos, eu só não entendo o motivo da Isabela não ter me procurado. Eu assumiria a paternidade sem dúvida nenhuma, sempre fui um homem responsável, honesto, leal. E imaginar que ela pensou o contrário sobre mim mudou meus conceitos em relação à ela. Isabela sempre ficará marcada em mim, ainda mais agora que eu suspeito que temos uma filha, mas não nos vejo mais juntos. Não combina, não rola, não presta. Não vale a pena investir em algo sem futuro, é tempo perdido. Mas de uma coisa eu tenho certeza, eu quero saber desta menina, e se for a minha filha a Isabela vai ganhar um problemão, pois vou sim entrar com o pedido de guarda na justiça. Nada mais justo, escondeu minha filha por anos, e agora eu tenho que tirar o tempo perdido.

Eduardo: Val, por favor, me diga quem é o pai da Manu!

Imploro pela mensagens do Facebook, para que a Valquíria me forneça qualquer informação à respeito da Manuela.

Valquíria: Edu, me desculpa. Isso é um assunto muito particular para eu ter o direito de comentar.
Eduardo: Só eu que acho que essa filha é minha?

Cinco, dez, quinze, meia hora se passaram. Val continua online, visualizou a minha mensagem mas não respondeu. Ótimo, isso só atiçou ainda mais a minha curiosidade. Manuela só pode ser a minha filha, e se ninguém quer me contar, eu vou descobrir sozinho.

(...)

São oito horas da noite e eu estou dirigindo rumo à casa da Isabela. Depois de pesquisar seu nome na internet, descobrir que ela abriu uma clínica médica especializada en saúde infantil, fui até o local e subornei a secretária para me passar o endereço da sua chefe. Não que eu me orgulhe disso, mas foi o único meio que eu consegui para chegar na Doutora Isabela Garcia.
Estaciono em frente à sua casa, e para a minha total alegria vejo luzes acesas. Desço do carro e toco a campainha, e uma linda menininha de cabelos mel abre a porta para mim.

-Quem é você? - ela pergunta surpresa.
-Manuela! Eu já não disse que você não pode abrir a porta para... - nossos olhares se encontram e ela quase grita de susto - o que você está fazendo aqui?
-Oi Bela - digo fingindo uma falsa simpatia - não apresenta mais os amigos?
-Você não é nada meu! - esbraveja.
-Oi princesa - agacho-me na altura da Manu que nos observa assustada - meu nome é Eduardo, mas pode me chamar de Dú.
-Prefiro Dudu.
-Tudo bem, pode ser Dudu também - sorrio encantado.
-Eu sou a Manu - ela sorri e me dá um beijo na bochecha.
-Manuela! - Isabela puxa seu braço levando-a para trás de si - eu já disse que não podemos falar com estranhos! Vá para o seu quarto agora!

Manu sai choramingando para os fundos da casa e eu morro de dó dela.

-Você é louco de vir aqui me procurar? - ela indaga irritada.
-Você que deve ser louca de tratar a menina assim. Ela é apenas uma criança, de quatro anos não é mesmo?
-Como você sabe? - pergunta espantada. Perfeito, joguei verde e colhi maduro.
-Como não saberia sobre a minha filha? - erqueio a sobrancelha e ela me olha espantada.
-Cala essa sua boca! Eu sou mãe e pai dessa menina desde que ela nasceu! Você nunca deu uma agulha para ela! Você foi apenas o doador de esperma! - grita cada vez mais alto - FIQUE LONGE DE MIM E DA MINHA FILHA!

Ela berra e bate a porta na minha cara. Tá, não foi assim que eu imaginei que aconteceria, mas pelo menos já sei que a Manu é sim a minha filha. Eu nunca perdoarei a Isabela por ter escondido isso de mim, ela não tinha e não tem esse direito. Vou embora para minha casa, pensando em todo tempo perdido. Eu vou ter que dar um jeito de recuperá-lo.

DOIS MESES DEPOIS

Isabela Garcia
Depois daquela aparição repentina do fantasma do Eduardo, ele sumiu das nossas vidas novamente. Felizmente, pois não tem lugar para ele aqui. Até hoje Manuela me pergunta sobre "Aquele homem bonito", como diz ela. Dou uma desculpa qualquer e seguimos com a vida. Mas por uma lado eu fico feliz em saber que não procurei o Eduardo quando soube que estava grávida, provavelmente ele daria a mesmo importância à notícia igual ele deu agora. Eu fiz o melhor, para mim e para a minha filha.

-Mamãe! - Manu aparece no meu quarto enquanto eu assisto à novela das oitos.
-Oi neném, deita aqui com a mamãe - ajudo-a subir em minha cama, e aconchego-a em meus braços.
-Posso de contar um segredo? - pergunta baixinho.
-Pode filha, lembra que entre eu e você não existe segredos.
-Eu conversei com aquele homem bonito. Ele foi lá na minha escolinha - ela diz com os olhos brilhando.
-O quê? - falo tão alto que acabo assustando a Manu.
-Mamãe não briga comigo. Ele é tão legal...
-Eu vou amanhã na sua escolinha conversar. Você não podem falar com estranhos assim!

Manu fica me olhando chateada, o pior é que ela gosta do imprestável do Eduardo. Eu mereço! Ouço o barulho da campainha e levanto irritada.

-Manuela, não saia desse quarto.

Caminho batendo os pés até a porta e abro-a esbravejando:

-É só falar no diabo que ele aparece - digo certa de que o Eduardo estaria na porta.

Mas não é ele. Na verdade é um homem elegante, engravatados, que carrega uma pasta nas mãos.

-Isabela Garcia?
-Eu mesma.
-Eu sou o oficial de justiça Júlio Hopkins. Por favor, assine aqui para confirmar que recebeu essa intimação - ele me entrega uma carta e depois exibe o papel que devo assinar.
-Intimação?
-Exato. Assine aqui por favor - ele me entrega uma caneta e eu rabisco meu nome no tal papel - Obrigado - ele se vira e vai embora.

Abro a carta com as mãos tremendo. Não que eu fosse uma medrosa, tá, talvez eu seja um pouco, mas porque eu seria intimada? Eu ando confirme a lei, sou honesta, leal, responsável. Não entendo.
Leio atentamente o que está impresso no papel e quase caio para trás.

Eduardo Bergamini
Dois meses foram o tempo que levei para arranjar tudo com o meu advogado e com a justiça brasileira. Muitos podem achar que pedir a guarda da Manu é injustiça e maldade com a Isabela, mas na verdade maldade mesmo foi ela me privar do direito de ser pai. Eu quero minha filha perto de mim, acompanhar seu crescimento e tudo mais que nunca pude ver. Quero ver ela me chamando de papai, quero levá-la na escola, quero receber os presentinhos que ela faz na escola nos dias dos pais. Quero educar ela, dar amor e muita atenção. Eu só quero é ser pai. Que me desculpem se for pedir muito, mas eu vou lutar pela guarda da minha filha, e eu só abro mão de ficar com ela caso a mesma não queira ficar comigo. Caso que eu acho muito improvável já que a Manu me ama. Sempre visito ela na sua escolinha, converso, e brinco. Realmente Isabela deu conta do recado pois a Manuzinha é um exemplo de educação. Minha filha é a coisa mais linda que eu já fiz em toda a minha vida.

-Ela vai querer te matar quando receber a intimação - Biel, meu melhor amigo, diz.
-Eu sei, mas era o único jeito de ter contato com a Manu. Tenho certeza que se eu pedisse um acordo por livre e espontânea vontade a Isabela nunca aceitaria - comento realmente chateado - seria tudo tão mais fácil se não precisássemos envolver a justiça.
mermão, essa história ainda vai dar muito 'pano pra manga'.
-Nem me diga! - fico cansado só de pensar.
-Mas você já imaginou como será se você ganhar a guarda da pirralha?
-Que pirralha o quê?! - dou um tapa em sua cabeça - estamos falando da minha filha.
-Tá, desculpa - ele ergue as mãos para alto em rendição - mas então? Já pensou papai do ano?
-Já - sorrio sonhador - vou trabalhar só pela manhã, quando minha filha estiver na escolinha, e depois passarei o resto do dia com ela. Vamos passear bastante, vou ensinar inglês, natação, futebol, jogar xadrez, tudo para a minha princesinha.
-Pelo visto você está animadão mesmo com a ideia - ele dá um tapinha no meu braço incentivando-me - Boa sorte brow, você vai precisar.

Sr. DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora