Capítulo 20

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Isabela Garcia
Não, não, não e não. Isso não pode ser verdade. Minha bebezinha, minha filha! Eu vou matar o Eduardo! Assim minha filha fica órfã e nunca mais vou precisar passar por isso. Choro baixinho, deixo minhas lágrimas lavarem a folha que está em minhas mãos. Vou fazer de tudo para que ele não consiga a guarda, mas o seu envolvimento no crescimento da Manu é inevitável. Ele como 'pai' tem o 'direito' de participar da vida da sua 'filha'. Mas que droga, eu não soube escolher um pai para minha filha.
Engulo o choro e seco meu rosto, eu vou passar por isso de cabeça erguida. Amanhã mesmo contrato o melhor advogado da região e vou lutar pela guarda total da minha filha, mesmo sendo praticamente impossível.

DIAS DEPOIS.

Meu advogado eliminou todas as minhas esperanças de eu conseguir a guarda total da Manu, pois Eduardo é formado, com boa reputação, ficha limpa, e bem de vida. A minha sorte é que também estou bem estabilizada financeiramente, pois senão já estaria em desvantagem. Claro que o juiz acreditaria que o dinheiro seria bom para a criança. Concordo em partes, pois nunca o Eduardo conseguirá criar a Manu tão bem quanto eu crio. Isso é impossível! O que me restou recorrer agora é a guarda unilateral, onde um dos pais tem a guarda da criança, enquanto o outro só tem o direito de visitar. E claro que eu quero ser a parte que fica com a guarda, óbvio. Meu advogado disse que vai fazer o possível, mas que muitos casos como esses acabam na guarda alternada, onde há alternância da guarda e do poder de decisão sobre o filho, e a criança muda de casa em períodos iguais e pré-estabelecidos. Mas eu me recuso a fazer minha filha viver desse jeito! Vai ser uma confusão em sua cabecinha, cada período com uma vida e rotina diferente. Não, isso não.

Eduardo Bergamini
Eu estou tão sonhador. Andei vendo algumas casas aqui em São Paulo, pois eu não saio mais daqui. Quero acompanhar cada passinho da minha filha, ainda mais agora que o meu advogado praticamente me garantiu que conseguirei a guarda alternada. Apesar de eu querer a guarda total da minha filha, mas é maldade com a Manu afastá-la da mãe derrepente. Quero minha filha comigo, mas também não quero vê-la sofrer. Se a Manu me pedir para morar com a mãe, e me ver apenas aos finais de semanas eu entenderei, mesmo ficando triste. Mas tudo pela minha filha.

(...)

Hoje é o dia da audiência, e eu estou super animado. Poderemos ter até três audiências até a decisão final sobre a guarda. Espero que a Isabela já tenha conversado sobre mim com a Manu, pois logo que essa audiência terminar irei ver a minha filha e quero sair pela primeira vez à sós com ela.

A audiência não acabou em nada. Uma chuva de argumentos rebatidos por outra chuva de argumentos, ao fim, o juiz decidiu ter outra audiência em particular com a Manu, pois é de total importância a sua opinião. Saí do tribunal muito irritado, Isabela mais ainda que saiu feito um foguete em direção ao seu carro. Respirei fundo, comprei uma água e só depois fui embora. Preciso me acalmar, não vou estragar o resto do meu dia, que pode ser maravilhoso ao lado da minha filha, por causa dessa audiência. Dirijo até a casa da Isabela e fico aliviada ao ver seu carro estacionando na garagem. Paro atrás dela, e vejo ela saindo com a Manu dormindo em seu colo. Provavelmente ela a deixou na casa da Val, que descobri ser sua madrinha, e quando a buscou ela já estava dormindo. Mas ainda não desisti do meu passeio. Isabela vê eu saindo do carro atrás dela, e tenho certeza de que ela só não grita porque a Manu dorme em seus braços.

-O quê você quer? - ela pergunta sem olhar em meus olhos, tentando abrir a porta da casa.
-Deixa que eu te ajudo - pego a chave da sua mão e destranco a porta. Ela entra em casa e eu a sigo.
-O que você esta fazendo na minha casa?
-Quero passar o resto do dia com a Manu.
-O quê? Quem te deu o direito? - ela fala alto.
-Você quer acordar minha filha? Fala baixo.
-Você quer me deixar louca? Quem você pensa que é? - cada vez mais ela se altera. Coloca a Manu no sofá e se vira para mim pousando a mão na cintura.
-Isabela, eu estou cansado dessa sua imaturidade! - sim, eu estou nervoso.
-Imaturidade? - ela praticamente grita - você é um bosta Eduardo, um bosta. Nunca quis saber da Manu e agora quer pagar de bom pai.
-Como você queria que eu fosse pai sendo que nunca soube que era pai, sua louca?! Você tem que se tratar - falo alto mas logo abaixo o tom de voz para não acordar Manu.
-Você está me deixando louca! - ela passa as mãos pela cabeça.
-Isabela, eu estou querendo resolver tudo isso numa boa. Por mim, eu nem tinha entrado na justiça, mas eu sabia que você não aceitaria um acordo justo apenas conversando civilizamente. Eu sou o pai da Manuela, você até tentou esconder isso de mim, e conseguiu por quatro anos, mas agora já deu. Eu vou ser o melhor pai que a Manu poderia ter.
-Pai? Quem é o meu papai? - Manu levanta do sofá e seus olhinhos confusos olham ao redor e quando me vêem despertam, e ela saí correndo em minha direção vindo me abraçar.

Sr. DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora