Capítulo 23

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"Então seguirei meu coração, até o fim, pra saber se é amor
Magoarei mesmo assim, mesmo sem querer, pra saber se é amor
Mas estarei mais feliz, mesmo morrendo de dor
Pra saber se é amor, se é amor Quero um amor maior, um amor maior que eu".

Isabela Garcia
-Eduardo, não vamos misturar as coisas - afasto minha mão da sua - estamos tão bem, não vamos arrumar motivo para brigas.
-Mas eu só quero conversar Bela... - ele faz uma carinha de cachorro que caiu da mudança que não consigo resistir.
-Tá bom Dú. O que quer conversar?
-Olha só! Você voltou a me chamar pelo meu apelido! Isso é tão bom!
-Você está doido hoje, né?! - dou risada baixinho para não acordar a Manu.
-Estou doido de saudades de você Isabela - ele segura meu rosto com as duas mãos, e o simples contato de seus dedos em minha bochecha faz meu coração bater mais forte - vamos parar de fingir que não nos importamos um com o outro. Vamos parar de querer machucar um ao outro. Vamos viver...
-Nossos sonhos... - completo a frase ao me lembrar da música Como Tudo deve Ser do Charlie Brown jr.
-Temos tão pouco tempo - Eduardo finaliza e me beija.

Sinto o gosto doce dos seus lábios. Seu cheiro amadeirado que tanto senti falta. Sua pegada sem igual. Seus braços fortes ao redor da minha cintura. Nos beijamos intensamente, com tanta saudades e desejo reprimido após anos. Quando perdemos o fôlego, e tivemos que nos separar eu me afoguei no azul de seus olhos, e senti borboletas dando cambalhotas em meu estômago.

-Eu senti tanta a sua falta - sussurro baixinho, um tanto tímida.
-Oh meu amor - ele me abraça forte - você não tem noção do quanto eu sofri por estar sem você. Me perdoa por tudo de errado que eu já fiz, e me aceita de volta. Eu ainda te amo.

Lágrimas escorrem involuntariamente pelo meu rosto. Seco-o rapidamente e praguejo baixinho. Porque esse homem tem que ser tão perfeito?

-Não Eduardo, - ele me olha espantado, e eu dou um sorrisinho - quem tem que te perdir perdão sou eu. Me desculpa por ser tão ignorante e orgulhosa. E eu ainda te amo, e se ainda me quiser, eu te quero de volta.

Sim, eu digo sim para o amor! Chega de ficar adiando minha felicidade por um orgulho besta que carrego, ou melhor, carregava dentro de mim. Eu sei que Eduardo é o único que me fará feliz.

-Oh meu Deus! - ele parece não acreditar no que ouviu.
-Ei, o que está esperando para me beijar? Eu te quero de volta!

Não precisou falar duas vezes. Pulei para poltrona da frente, onde Dú estava, e nos beijamos com todo amor que tínhamos um pelo outro. Sem me importar com os outros passageiros, sem me importar com nada. Sua língua dança dentro da minha boca, e vira e mexe ele morde meus lábios. Uma de suas mãos faz carinho no meu couro cabeludo, e a outra aperta a minha coxa. Em um ritmo alucinante, estávamos quase nos comendo na poltrona do avião sem nenhum pingo de decência, até que uma vozinha inconfundível nos chama atenção.

-Bonito papai e mamãe! - nos separamos para olhar uma Manuela acordadinha da Silva, com os braços cruzado - estão namorando e nem me contaram? - ela faz uma cara de decepcionada.

Olho para Eduardo em buscas de respontas, porque afinal não sei qual relacionamento temos agora.

-Na verdada filha, o papai quer casar com a mamãe. Será que ela me aceita? - Dú pergunta para Manuela como se eu não estivesse presente.
-Claro que ela vai aceitar papai. E ai vocês vão poder me dar uma irmãzinha! - diz toda empolgada.
-Ta bom, já aceitei - digo rindo.

Entrelaço meu braço no do Dú, e deito minha cabeça em seu ombro, sentindo o seu cheiro maravilhoso. Dú beija minha cabeça e começa à fazer carinho em mim.

-Eu também quero carinho - Manu diz toda manhosa.
-Então vem no colo do papai, princesa. Aqui tem amor e carinho para todo mundo - Dú diz todo engraçado.
-Ei! - dou um tapa de brincadeira em seu braço- todo mundo não.
-Só para vocês minhas lindas - ele se explica e eu sorrio.

Manuela deita em nosso colo, e Dú divide o carinho entre eu e ela. Nunca me senti tão feliz e amada em toda a minha vida.

(...)

Pousamos no dia seguinte e eu estava morta do vôo. Eduardo estava todo carinhoso e cuidadoso e eu estava amando isso.
Descemos do avião, eu entrelacei meus dedos nos do Dú, e com a mão livre, segurei a da nossa filha. Fizemos todo o processo de desembarque, e caminhamos para fora do saguão.

-Vocês estão com muita fome? - Dú pergunta - podemos almoçar em um restaurante antes de irmos para casa do meu pai.
-Não querido, almoçamos lá com eles.

Pegamos um táxi, e alguns minutos depois chegamos à mansão. Da última vez que estive aqui não tive lembranças muito agradáveis, e isso me deixa um pouco desconfortável. Quando descemos do táxi um empregado surge do nada, e descarrega o carro. Enquanto caminhamos pelo jardim em direção à entrada principal, Dú passa os braços pelo meu ombro e fala baixinho, somente para eu ouvir.

-Eu sei que você está desconfortável por estar aqui, mas meu pai se divorciou da Flávia. Agora mora somente ele e a minha irmã aqui - ele tenta me tranquilizar e consegue.

Sr. Roberto e Marilu são um amor de pessoa. Sei que vão me respeitar e aceitar a nossa filha muito bem.

(...)

Dito e feito. Roberto, como me obriga à chamá-lo, é um doce de pessoa, assim como sua filha. Quando chegamos tinha um banquete preparado para a gente, mas enquanto Roberto não conheceu bem a neta, ele nem tocou na comida. Ele é um avô tão apaixonado pela neta, que é até engraçado. Depois de comermos, Roberto voltou para o trabalho, Marilu foi para o colégio, e nós ficamos sozinhos. Manu resolveu assistir desenho, e eu e Eduardo acompanhamos ela.

-Acho que vou dar um banho na Manu, ela está com sono - digo notando seus olhinhos quase se fechando.
-Então vem que eu te ajudo - Dú diz levantando do sofá.

Subimos para o quarto de hóspedes que iríamos ficar. Dú disse para eu deixar a Manu em um quarto sozinha, e dormir com ele. Mas tenho quase certeza que ela não vai gostar nada da ideia. Juntos damos banho em nossa filha, e depois a vestimos com um pijama de frio confortável. Aqui na Argentina está doze graus, bem geladinho, uma delicia para dormir coberta. Manu estava tão cansanda, que nem reclamou quando a colocamos no quarto ao lado do nosso. Ela deitou, pegou seu bichinho de pelúcia e apagou. Retornamos para o nosso quarto, e Eduardo me olhou sugestivo.

-Eu estou louco para ficar com você, mas se quiser tirar um cochilo de conchinha primeiro- ele me abraça por trás.
-Não amor. Faz quase cinco anos que estou esperando para tê-lo novamente.
-Seu desejo é uma ordem.

Dú começa à distribuir beijos molhados pelo meu pescoço, depois foi descendo devagarinho, me deixando louca aos poucos. Com todo o seu carinho, e atenção, eu sabia que nosso momento seria, como sempre foram todos os outros, inesquecível.

Sr. DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora