Capítulo 4

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Isabela Garcia

Saio do Ibira quando sinto o oco no meu estomago, caminho até um restaurante na rua do estacionamento que deixei o meu carro. Entro e pego uma mesa na área descoberta, embaixo de um guarda-sol, peço uma porção de lasanha média e um Guaraná. Almoço tranquilamente saboreando a divina lasanha de molho vermelho, é um dos meus pratos favoritos. Termino de comer e pago a conta saindo do restaurante em direção ao estacionamento. Dirijo até em casa e quando vou estacionar o meu carro em minha vaga encontro-a ocupada por uma CRV azul. Deixo meu carro no meio do caminho e saio em direção à portaria para descobrir o intruso.

-Por favor, Seu Aurélio... – digo chamando o porteiro baixinho e barrigudo.

-Pois não D. Melissa? – diz saindo da cabine de segurança.

-Sabe me informar de quem é o carro que está na minha vaga?

-Só um instante – fala entrando novamente na cabine e consultando as câmeras. Alguns minutos depois ele retorna – Foi o Senhor Eduardo, do apartamento 123 - franzo a testa sem entender.

-Ele não tem vaga? – questiono.

-Tem, é ao lado da sua.

-Obrigada Seu Aurélio – digo retornando para o estacionamento.

Vejo que a vaga do Eduardo estava vazia, então por qual motivo ele colocou na minha vaga? Deixo meu carro em sua vaga e subo em direção ao seu apartamento e encontro sua porta entre aberta, dou duas batidinhas na porta e ouço seu grito mandando-me entrar.

-Eduardo? – pergunto colocando apenas a cabeça para dentro da porta.

Observo a sua sala e vejo que o seu apartamento é igualzinho ao meu, do mesmo tamanho. Sua decoração é meio sem graça e em tons pastéis totalmente impessoal.

-Oi – diz aparecendo de repente.

Quando seus lindos olhos azuis encontram os meus ele me dá o seu típico sorriso Colgate.

-Porque o senhor estacionou em minha vaga? – pergunto cruzando os braços embaixo dos meus seios.

-Sua vaga? Pensei que era minha – diz unindo as sobrancelhas de forma sexy.

-A sua é a do lado.

-Foi mal – desculpa-se sorrindo de lado – eu já estou de saída.

-Ok, eu vou deixar meu carro na sua vaga mesmo e depois a gente troca já que eu não vou sair mais hoje – digo saindo do seu apartamento.

-Sério que vai passar o sábado enfurnada no seu apartamento? – questiona sem acreditar.

-É o que me resta – digo dando os ombros – além do mais, eu já me diverti ontem.

-Tenho um ingresso para um show de sertanejo, meu amigo Gabriel acabou de ligar dizendo que não vai poder ir – diz me seguindo pelo corredor – não quer ir comigo?

-É show de quem? – pergunto pensando seriamente na possibilidade de aceitar, sertanejo é o estilo de música que eu mais gosto.

-É a Vila Mix, já ouviu falar? São vários sertanejos do momento.

-Então eu acho que vou aceitar – digo olhando em seus olhos.

-Passo aqui às 18 horas – diz dando-me uma piscadela e retornando ao seu apartamento.

Porque ele tinha que ser tão sexy? Minha nossa Senhora dos homens perfeitos, encubra-me com o seu puritanismo.

Entro em meu apartamento e o encontro brilhando com o cheirinho de lavanda no ar. Limpo bem os pés no capacho da porta e procuro dona Irene.

-Estou aqui Bela – diz entrando na sala depois de eu a chamar – só estava esperando você chegar para eu ir embora, já terminei tudo.

-Muito obrigada – digo pegando minha carteira dentro da bolsa.

Tiro um trocado e dou para Dona Irene e sorri agradecida.

-Obrigada Bela, eu já vou indo – despede-se pegando sua surrada bolsa preta.

Faço uma nota metal para pegar umas das tantas bolsas que eu tenho e não uso e dar para ela. Dona Irene vai embora e eu subo para o meu quarto com o celular em mãos, preciso conversar com minha amiga.

-Val? – digo assim que ela atende o celular.

-Oi Bela, tudo bem?

-Tudo ok, e você?

-Também estou bem – diz meio aérea, como se estivesse fazendo outra coisa.

-Deixa eu te contar, você não sabe quem me convidou para ir à Vila Mix?! – eu falo empolgada.

-Não vai me dizer que é aquele seu vizinho gostoso?!

-Acertou em cheio!

-Não acredito que você vai sair ele! Se ele realmente for tudo o que você disse eu te aconselho investir – diz gargalhando.

-Obrigado pelo conselho, conselheira amorosa – digo rindo e em tom de deboche – mas apesar de ele ser lindo e simpático, não faz o tipo de cara que eu procuro – falo um tanto decepcionada.

-E qual é o tipo que você procura?

-Um cara mais caseiro, família, que troque qualquer noite de farra para ficar em casa namorando. Que não tenha vergonha de expor seus sentimentos, e que seja super amoroso e grudento – digo sonhadora.

-Ai credo! Você é a primeira pessoa que quer um cara grudento, eu hein?!

Val faz o tipo fria, que não curte muito demonstrações de afeto e coisas do tipo. Já eu sou uma romântica incurável, eu amo amar as pessoas, mas é claro que só se sentimento for recíproco.

-Mas se permita ao menos uma única vez. Quem sabe ele é muito mais do que você imagina – aconselha Val.

-Vou lembrar-me disso quando estiver me acabando de dançar arrochando nele – digo gargalhando da minha capacidade de falar asneiras.

-Se eu não te conhecesse eu até acreditaria na sua ousadia, mas sei que você não vai fazer nada disso – fala Val rindo.

-Pior que não vou mesmo – deito a cabeça no colchão pensando no quanto eu sou introvertida.

-Mas pelo menos tenta então, como você comentou comigo parece que ele consegue te deixar bem à vontade.

-É. No dia em que caminhamos foi um bom, ele é espontâneo e faz a gente se sentir a vontade para falar sobre qualquer assunto.

-Então se arrume bem bonita e pela primeira vez na vida se permita a viver algo novo. Esqueça todas essas regras malucas que você impõe a sim mesma e curta esse gostosão!

-Eu vou tentar – digo respirando fundo como se quisesse engolir um pouco de coragem - agora preciso desligar.

-Já está querendo se arrumar, né sua danada? – diz Val com uma voz engraçada.

-Valquíria não deixe sua amiga envergonhada – digo rindo.

-Mas então vai lá, amanhã me liga para contar os detalhes. Beijo!

-Beijo!

Desligo o celular e o deixo cair na cama. É... Talvez valesse a pena deixar meus conceitos de lado e me permitir a aventurar-se um pouco. Afinal, que mal o Eduardo me faria? Ele me parece tão inofensivo!

Sr. DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora