BÔNUS

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Bruna Muñoz
Tenho uma história longa com a família Bergamini. Conheço o Sr. Roberto e a Sra. Flávia há bastante tempo, pois sou Designer da Bergamini juntamente com a Flavia. Acontece que em uma determinada época, seu filho passou a trabalhar na empresa com a gente, ele é mais novo do que eu, não que isso aparente, afinal eu sou super bem cuidada. Não sei exatamente como, mas nosso envolvimento profissional ganhou um grau um tanto íntimo. Tudo bem, eu confesso que ia com roupas curtas apenas para provocá-lo, mas ele também não conseguiu se controlar. No começo era apenas sexo casual, mas eu percebi que para ter mais coi$as dele, eu precisaria de um envolvimento maior. E então fui eu que o pedi em namoro. A princípio ele ficou meio desconcertado, mas ao fim acabou aceitando. Não achem que sou interesseira, apenas compartilho da seguinte lógica: "Como já nasci pobre, não posso cometer o erro de casar com alguém pobre". Tem maneira melhor de enriquecer? Se eu casasse com o herdeiro da Bergamini, consequentemente, eu seria rica, quer dizer, podre de rica também. Só que então eu fiz tudo errado. Apaixonei-me pelo Homero, um cara que eu conheci na balada. Eu já estava namorando com o Edu há um ano e meio, e eu até estava gostando dele. Ele não era o melhor homem do mundo, já havia ficado com homens melhores, mas ele tinha dinheiro, logo, tinha prioridade. Mas o coração da gente é bicho burro, e eu me entreguei ao Homero. Talvez por sermos tão parecidos nos dávamos tão bem, ele me influenciava a pedir dinheiro para o Edu, e até estávamos planejando um esquema para desviar dinheiro da Bergamini. Mas antes que tudo desse certo, e pudéssemos ter dinheiro para fugir em paz, o Edu descobriu tudo. Uma fatalidade, e eu queria me matar por entregar tudo de bandeja para ele. Tivemos uma briga feia, e ele me expulsou do apartamento em que vivíamos. Saí revoltada, mas por um lado feliz. Agora eu poderia aproveitar o Homero, e gritar para os quatro cantos da terra o quanto eu era apaixonada por esse homem. Mas antes mesmo que eu encontrasse o maldito, ele fugiu com o pouco de dinheiro que conseguimos a juntar, e ainda me disse que nunca me amou. Eu fui burra duas vezes, a primeira por ter me apaixonado por Homero, e segundo por ter facilitado as coisas para o Edu descobrir o que eu fazia por suas costas. Até tentei me redimir, fiz o maior drama para a sra. Flávia, que acreditou em mim, mas em relação ao Eduardo não tinha mais jeito, ele foi embora para o Brasil. Mas eu tenho o apoio da minha sogrinha, que super apóia o nosso relacionamento, sei que é questão de tempo para ficarmos juntos.

-Olha minha querida, a gente já se conhece e te considero demais. E apesar do ocorrido, eu sei que é uma mulher madura, inteligente, e vem de uma boa família. E é isso que quero para o Eduardo. Saiba que pode contar comigo pra reconquistar a cabeça dura do meu filho!

Frase dita pela própria Flávia. Era mais do que um cartão verde para mim. Desde então, sempre que pode, Flávia tenta nos juntar as costas de seu marido, que é rígido e se descobrir isso, eu já posso me considerar demitida, sem dúvidas!

Uns meses atrás, a Bergamini BR precisou de uma designer, já que passaram a fabricar os carros também no Brasil, que anteriormente só tinha concessionárias que vendiam os carros que viam daqui da Argentina. Foi ai que Flávia viu uma oportunidade de eu me aproximar do Edu.
Chegando ao Brasil, percebi o seu espanto, pois só foi avisado que chegaria uma Designer da Bergamini AR. Mesmo parecendo não gostar da minha presença, Edu levou tudo para o lado profissional. Flávia e eu mantínhamos contatos diários, e ela me ajudava no que fazer para conquistar o Edu. Fui me aproximando dele, e ele nem ai para mim. Até que um dia, coincidiu de uma falta repentina de sua secretária e de seu agente pessoal. Já passava das 20 horas quando subi para o último andar, o presidencial, e bati em sua porta. Ele apenas apertou o botão, sem levantar da mesa, para que a porta se abrisse, mas nem fez questão de levantar o olhar, estava repleto de papéis em suas mãos, e os lia concentradamente.

-O que quer? - pergunta seco.
-Nada chefinho, só vim ver se não quer sair - fui para trás de sua cadeira e comecei a alisar os seus ombros e na hora os senti tensos - jantar em um lugar mais tranquilo, para dar uma relaxada, e quem sabe... - Não pude terminar pois ele se levantou e me cortou.
-Olha Flávia, conheço bem o seu tipinho. Coloque-se no seu lugar de funcionária antes que nem mais isso você seja. - dizendo isso abriu a porta - Saia.

Saio batendo os pés, estava louca de ódio! Porque ele tinha que ser tão inteligente?! Mas naquele dia coloquei em minha cabeça que não iria me humilhar por mais nenhum homem. Eu não queria mais o amor de Eduardo, queria apenas a minha vingança. Na manha seguinte ele me transferiu de volta para a Argentina, e só nos encontramos ocasionalmente em mais duas confraternizações na qual ele não me deu espaço, e nem oportunidade para falar com ele.
Flávia continuava a tentar a me ajudar, e disse que ainda teríamos muita oportunidade para que ele se tornasse o meu tão sonhado marido.

Flávia Bergamini
Estava na biblioteca esperando a Bruna chegar. Ela era uma mulher de ouro, e a única que merecia o amor do meu filho. Ela chegou linda como sempre, e nos cumprimentamos com um beijinho.

-Minha querida, o plano ocorrerá como te falei pelas mensagens. O namoro deles é bem recente, é tudo fogo. A gente destrói rápido - dou uma risada.
-Pode deixar sogrinha! - adorava quando ela me chamava assim. Pois logo, logo era seria a minha nora!
-Então é só você fazer seu trabalho bem feito, que ele não passará mais nenhum dia com aquela bastarda! - rimos alegremente
-Mas Flávia fiquei sabendo que ela não é qualquer coisa. Ela é pediatra né? - senti a tensão em sua voz.
-É. Apesar de ter um bom cargo profissional, ela não é a ideal para o Eduardo. Ela é muito mandona, deselegante e caipira. E também não vem de nenhuma família importante - tento acalmá-la.

Repassamos o plano e fomos para a piscina. Encontramos o Edu sozinho no canto com o pai. Momento ideal para o bote. Vi que ele dizia algo muito rápido para o seu pai, e só entendi a parte que estaria indo embora.

-Aonde pensa que vai? - tento impedí-lo de estragar o nosso plano.
-A festa nem começou - diz Bruna entrado em ação.
-Desculpa gente. Mas tenho que ir. - Edu afasta-se, na hora seguro o seu braço ele se vira para mim com uma cara feia.
-Querido fica mais! - insisto.
-Flávia, ele está com problemas. Deixa-lo ir. - ordena meu marido secamente.
-Mas a fes... - Roberto me corta novamente.
-Mas nada. - responde rudemente - pode ir meu filho. Quando chegar me avise.

Dizendo isso vi meu plano ir por água abaixo por causa do Roberto! Eu fiquei 'P' da vida! Quem foi que inventou esse inferno de tradição de que a mulher tem que acatar e respeitar tudo que o marido diz?! Pedi para o garçom trazer umas boas doses de tequila, para eu me acalmar. Não foi dessa vez. Mas como dizia a minha avó, a esperança é a última que morre.

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Bônus do feriadão para vocês! Tadinha da tia Flávia, mal sabe ela que a esperança é a última que morre, e a primeira que mata! Hahaha. Até quarta-feira.
Baci!


Sr. DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora